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Jaru, 23 de outubro de 2024

Defesa alega divergência em laudo apresentado em júri do caso Naiara

Julgamento Naiara Karine 2016, em Porto Velho, RO (Foto: TJRO/Divulgação)
Julgamento Naiara Karine acontece em Porto Velho, nesta quinta-feira, 31 (Foto: TJ-RO/Divulgação)

Durante o julgamento dos três acusados de estuprar e matar a estudante Naiara Karine em 2013, que está acontecendo nesta quinta-feira (31), em Porto Velho, a defesa do réu Richardison Bruno Mamede das Chagas alegou há divergência no laudo apresentado pelo perito responsável pelo resultado do exame papiloscópico, ou seja, que confronta as digitais recolhidas com as impressões registradas em documentos oficiais.

Segundo o advogado José Maria de Souza Rodrigues, o processo possui três laudos papilocópicos e um deles comprova que a digital vista durante uma filmagem, feita no dia do crime, não é a do seu cliente.

“Um perito do Instituto de Criminalística da Poícia Civil de Rondônia afirmou de forma segura que os vestígios encontrados naquela filmagem, onde eles dizem que há uma marca digital, não são suficientes para a elaboração de um laudo. Depois, ele faz uma confrontação entre a digital direta com a que aparece no vídeo, concluindo que as digitais colhidas na imagem não são de Richardson”, alegou.

José Maria afirmou ainda que os indícios contra seu cliente são mal elaborados.”São indícios que, ao meu ver, não se sustentam em um julgamento em que o juiz precisa analisar todas as provas com o maior valor probante possível”, diz.

O promotor Elias Chakian Filho afirma que a acusação irá pedir todas as qualificadoras e o crime de estupro a todos os acusados, por causa das provas existentes, das falas e depoimentos e diversas outras acariações.

Defesas
As defesas alegam que  Marcos Antônio Chaves da Silva, condenado a 24 anos pelo crime, é o real e único assassino. Desse modo, a defesa de Richardison nega a autoria do crime e tentará provar que houve um equívoco e falha nas investigações.

“Hoje iremos provar e demonstrar aos jurados que houve um equívoco e que uma pessoa inocente está presa há quase três anos. Houve uma profusão de erros, uns intencionais e outros por displicência da investigação, que o levaram a ficar inserido no contexto”, argumenta.

A defesa de Francisco Plácido diz que Marco Antônio é o responsável pelo crime, mas acabou citando pessoas inocentes para tentar se eximir da responsabilidade. “É humanamente impossível uma pessoa estar presente em dois lugares ao mesmo tempo. Mas, pela acusação leviana do Marco Antônio, que deu o nome de várias pessoas inocentes para a Justiça, ele [Plácido] veio parar aqui. Mas no processo não existe uma vírgula e nem uma linha contra ele”, alega.

Diferente dos outros dois réus, o advogado de Wagner Strogulski de Souza afirma que não existe uma estratégia específica além do compromisso com a verdade. Jackson Chediak também afirma que não há nada contra o réu. “Não é ele que tem que provar a sua inocência, e sim o MP [Ministério Público], como titular da ação penal, é que tem que provar a culpa dele”, afirma.

Julgamento Naiara Karine 2016, em Porto Velho, RO (Foto: TJ-RO/Divulgação)
Acusação irá pedir as qualificadoras e o crime de estupro a todos os acusados (Foto: TJ-RO/Divulgação)

Álibis
Os réus apresentam álibis no intuito de mostrar que não estavam presentes na cena do crime, no dia 24 de janeiro de 2013. Conforme o advogado de Richardison, o réu se encontrava trabalhando no presídio Vale do Guaporé. “Isso não é porque ele está alegando, mas existe uma escala registrada em um livro e o nome dele está nesta escala. Seus colegas de trabalho confirmaram que ele estava trabalhando naquele dia”, afirma.

Já o advogado Marcos Vilela afirma que Plácido estava 12 quilômetros distante da cena do crime, e que isto está comprovado científicamente através da quebra do sinal das torres. “Vamos mostrar apenas a verdade, e acreditamos piamente na absorvição dele, porque conseguimos provar científicamente  que pode ser qualquer outra pessoa, menos ele”, diz.

Naiara Karine foi assassinada no dia 24 de janeiro, em Porto Velho (Foto: Reprodução/TV Rondônia)
Naiara Karine foi assassinada no dia 24 de janeiro,
em Porto Velho (Foto: Reprodução/TV Rondônia)

Crime
Naiara Karine foi morta no dia 24 de janeiro de 2013, após sofrer um estupro coletivo praticado por, pelo menos, quatro homens. O corpo da jovem de 18 anos, que cursava jornalismo, foi encontrado em uma estrada conhecida como Linha 15 de Novembro, na Zona Rural da capital rondoniense.

Ela foi assassinada com vários golpes de faca e, segundo as investigações, sofreu violência sexual. O localizador do celular de Naiara ajudou a polícia a chegar ao local do crime horas depois de ter sido dada como desaparecida. Após um mês de investigações, a Polícia Civil caracterizou o crime como sequestro, estupro e homicídio.


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