Local surgiu com a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) e abrigava presidiários sanguinários e perigosos de vários estados e países. Entenda a relação do presídio com a lenda do tesouro perdido.
Atualmente, o principal presídio de Porto Velho é a Penitenciária Ênio Pinheiro, localizado na zona urbana da capital de Rondônia. No entanto, cerca de 100 anos atrás o cenário era completamente diferente: os presos eram encaminhados para uma colônia penal localizada na Ilha de Santo Antônio, isolada e cercada por cachoeiras.
Por ser uma ilha cercada com cachoeiras, os prisioneiros dificilmente escapavam com vida se tentassem uma fuga pelo rio, devido à força da correnteza da água, conforme relatado pelo Centro de Documentação Histórica do Tribunal de Justiça de Rondônia.
O local que abrigava presidiários sanguinários e perigosos, é repleto de mistérios e histórias, como a lenda do “Curicão”. (entenda abaixo)
Um dos trabalhos que relata histórias do presídio é o “Uma engrenagem morta na memória dos vivos: uma perspectiva arqueológica da prisão da Ilha de Santo Antônio”, escrito por José Júnior de Souza Pinho como Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Federal de Rondônia.
Segundo relatos e documentos históricos, a história da prisão tem início com a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), há mais de 100 anos.
A pesquisa aponta que a prisão foi erguida sem muros, pois não era possível fugir devido à forte correnteza. As fugas registradas, em sua maioria, aconteceram no verão, quando o rio Madeira secava o suficiente para que os presos pudessem andar pela pedras.
De acordo com o historiador e professor Luís Henrique, o local era considerado o principal presídio desde a criação da cidade de Porto Velho em 1915.
“Durante seu funcionamento, o local abrigava os criminosos mais perigosos da cidade de Porto Velho e presos de várias cidades, estados e países”, explica o professor.
A Ilha do Santo Antônio fica localizada há 7 quilômetros do centro de Porto Velho e era cercada pela antiga cachoeira de Santo Antônio. O único acesso ao local era de barco ou por uma trilha a pé nos períodos de seca do rio.
O que aconteceu com o presídio?
Na década de 80, o presídio da ilha de Santo Antônio foi desativado e substituído pelo presídio Ênio Pinheiro, conhecido como ‘Urso Branco’. A nova penitenciária é localizada próxima à cidade e possui grandes muros e outras barreiras de proteção para evitar fugas.
Já a cachoeira de Santo Antônio “desapareceu” após construção da hidrelétrica de Santo Antônio, no leito do rio Madeira.
Lenda do curicão
O historiador e professor Luís também conta uma lenda sobre a ilha, que se tornou conhecida no imaginário popular dos moradores da capital, sobre um prisioneiro que também era garimpeiro, chamado “Curicão”.
Segundo a lenda popular, os presos de bom comportamento do presídio podiam ficar andando pela ilha e aproveitavam para garimpar ouro próximo no rio.
Curicão, no final de sua pena, ficava garimpando o ouro e guardava em um pote de vidro. Ele teria deixado o ouro enterrado na ilha e o chamado “Tesouro do Curicão” tem sido procurado há décadas, mas nunca foi encontrado.