O drama teve início em 22 de maio de 2014, quando Marceli Natz deu a luz ao pequeno Nicolas Natz. Ela, que mora em Cujubim (Município de Rondônia distante cerca de 224 km de Porto Velho), vinha para a capital ter seu bebê. Foi obrigada a parar em Candeias do Jamari, onde entrou em trabalho de parto no hospital Santa Izabel. Na guia de sepultamento consta que “o parto foi na ambulância”, quando na verdade a criança nasceu no hospital de Candeias. Segundo a polícia, “teria tido seu corpo incinerado acidentalmente”. Mas os problemas da família começaram após o nascimento. Marcieli foi encaminhada para internação no Hospital de Base e Nicolas no Hospital Infantil Cosme Damião. Porém, alegaram que havia a necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e a criança foi transferida para a Maternidade Regina Pacis, onde teria falecido.
O corpo do bebê teria desaparecido durante a transferência para o necrotério do Hospital de Base.
Para a polícia, o corpo do bebê teria sido levado por funcionários de uma empresa terceirizada, que presta serviços ao governo no transporte de material hospitalar descartado. A empresa é responsável por levar para incinerar pedaços humanos que foram extraídos ou amputados. O cadáver, segundo as investigações, estava enrolado em um pano de cor branca, um lençol e foi levado por engano no lixo hospitalar. De acordo com o diretor geral da Polícia Civil, Pedro Mancebo, o cadáver do bebê foi incinerado por uma empresa – que presta serviços ao hospital – de forma errônea. Ainda de acordo com o diretor, houve uma grande confusão e falta de fiscalização no recolhimento do corpo, sendo que os materiais hospitalares e cadáver são recolhidos em sacos de cores diferentes, um na cor vermelhe e outro branco. Vermelho para corpos e brancos para lixo hospitalar. No dia do recolhimento do corpo, não havia o saco vermelho, porém o corpo da criança foi colocado no saco branco e levado direto para ao incinerador da empresa. Um funcionário avistou que tinha algo de errado e avisou o responsável pelo incinerador, que falou que não tinha mais o que fazer, pois o corpo já havia sido incinerado.
A família não acredita nessa hipótese e quer que a investigação prossiga.
Em agosto de 2014, um vídeo feito com as câmeras de segurança da maternidade Regina Pacis, mostra um motoboy e uma suposta médica entrando no hospital e saindo com uma mochila, onde poderia estar a criança. A suposta médica entra e sai junto com o motoboy. As imagens são do dia do desaparecimento do corpo do bebê.
Cerca de um ano atrás, a mãe do bebê que desapareceu durante uma transferência entre hospitais de Rondônia contestava o laudo da polícia, que concluia que o corpo do filho dela havia sido incinerado por engano após o falecimento. Marciele Naitz nunca confiou nos resultados e pedia pelo DNA da criança incinerada. A mãe foi chamada para colher material genético para um teste de DNA após a denúncia de que uma criança no interior do estado poderia ser Nicolas. “É uma felicidade extrema”, comemora Marciele.
A denúncia não veio por acaso. Há um mês e meio, a família de Marciele começou a espalhar cartazes por várias cidades. O anúncio oferecia a quantia de R$ 5 mil reais para quem tivesse informações sobre o bebê. Até que o telefone tocou.
recém-nascido foi incinerado por engano
(Foto: Gaia Quiquiô/G1)
“A pessoa descreveu certinho o endereço, as informações. Ligamos para o Ministério Público que protocolou a denúncia e pediu para a polícia averiguar a situação e pedir às pessoas que estavam com a criança para vir a Porto Velho e fazer o exame”, explicou Marciele.
Ela conta que ainda não viu a criança ou teve contato com a família. Segundo a mãe, existem procedimentos a serem respeitados para proteger a integridade da criança. Ela só poderá ver o menino se for confirmado que ele é Nicolas. Ainda não há prazo para o resultado do exame e alega que vai tentar obter o resultado do exame por meios particulares.
Não há nada confirmado, mas ela, que nunca acreditou que Nicolas estivesse morto, tem esperança que a denúncia se confirme. Além disso, a própria Marciele acredita que a luta pessoal pode inspirar outras famílias a lutar por justiça. “Existem mais inquéritos na DEPCA sobre crianças desaparecidas que acabam no esquecimento. Depois que a gente realmente descobrir o que aconteceu com o Nicolas, outras famílias terão forças para descobrir o que houve com os próprios filhos”, pondera.
Informações do G1