As 15 carretas de piche que foram arrastadas para dentro do Rio Madeira, após um deslizamento de terra, continuam no local. O acidente aconteceu no último sábado (13), em Porto Velho. Conforme a prefeitura da capital, a empresa Emam Asfaltos, responsável pelos veículos, tem até a sexta-feira (19) para apresentar um plano de contingência e fazer a retirada dos veículos do local.
O responsável pela empresa em Rondônia informou à Rede Amazônica, por telefone, que uma equipe técnica já está elaborando o projeto de retirada dos caminhões e que o plano será entregue dentro do prazo.
De acordo com a prefeitura de Porto Velho, a Emam não tinha “autorização de funcionamento, nem mesmo licença de obra”. Conforme o executivo, a lei de ocupação do solo impede a instalação de portos na área em que aconteceu a erosão fluvial, por isso nenhuma autorização de funcionamento foi concedida.
Alguns dos caminhões que foram arrastados no deslizamento de terra continham substância tóxica utilizada para a produção de massa asfáltica, o que poderia comprometer a água do Rio Madeira. Para evitar que o material se espalhasse pelo rio, a empresa montou uma barreira de contenção com boias e pedras. Na quarta-feira (17), a barreira foi reforçada.
Na manhã desta quinta-feira (18), uma equipe técnica do Ministério Público Federal (MPF) de Brasília, composta por um engenheiro e um geólogo, vistoriou o local do desabamento.
A visita técnica, segundo o órgão, resultará em um laudo para subsidiar o trabalho de investigação que vem sendo desenvolvido sob orientação do MPF em Rondônia. “Toda margem nessa região está instável”, afirmou o engenheiro do MPF, Murilo Lustosa Lopes.
Devido aos riscos de novos desmoronamentos, o local segue interditado pela Defesa Civil desde o último sábado (13). As causas do desmoronamento são investigadas pelo MPF.
O professor Eliomar Pereira, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), que é doutor em geologia, diz que vários fatores podem estar relacionados a ocorrência. “Um dos fatores é que essa é uma área que foi compactada com solo que veio de fora. Não se pode confirmar ainda, mas o que se percebe é que houve um colapso que fez esse aterro ceder todo para dentro do rio”, explicou.
Entenda o caso
Mais de dez carretas foram arrastadas para dentro do Rio Madeira, no final da tarde de sábado (13), após o barranco ceder, em Porto Velho.
De acordo com informações de um morador que passou pelo local no momento do desastre, o desbarrancamento aconteceu no momento que funcionários de uma distribuidora trabalhavam na região. O Corpo de Bombeiros informou que não houve feridos ou mortos no acidente.
No local onde houve o barranco cedeu funciona uma empresa de piche que, segundo o Ministério Público de Rondôniax (MP-RO), já havia sido interditada, mas atualmente estava em funcionamento.
Na segunda-feira (15), as autoridades registraram novo deslizamento de terra, onde funcionava a empresa, mas ninguém se feriu. A Sempedec diz que o aumento do número de carretas no local e a seca do Rio Madeira, que já registrou o menor índice registrados dos últimos 42 anos, foram as principais causas do desbarrancamento.
A Caerd, companhia de abastecimento de água, interrompeu o fornecimento em seis bairros da região por causa de uma adutora que se rompeu no desastre.
Casas interditadas
Na última terça-feira (16), a Defesa Civil interditou cinco casas que ficam perto do local onde aconteceu o deslizamento de terra, em Porto Velho. Conforme o órgão, a interdição precisou ser feita devido ao risco do solo ceder novamente. Nenhum das família notificadas deixou as residências até a quarta-feira (17).
Conforme Issac Rodrigues, ele e o filho não sabem para onde ir. Esta é a segunda vez que a Defesa Civil pede para ele deixar o local. “Quando o rio subiu, a Defesa Civil veio aqui, mas não saímos, pois eles oferecem um aluguel, mas uma hora eles vão deixar de pagar e como ficaremos? Só há possibilidade de sairmos se formos indenizados pela prefeitura e tivermos como comprar outra casa”, disse Issac.