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Jaru, 31 de outubro de 2024

Carretas arrastadas em deslizamento de terra continuam no local

As 15 carretas de piche que foram arrastadas para dentro do Rio Madeira, após um deslizamento de terra, continuam no local. O acidente aconteceu no último sábado (13), em Porto Velho. Conforme a prefeitura da capital, a empresa Emam Asfaltos, responsável pelos veículos, tem até a sexta-feira (19) para apresentar um plano de contingência e fazer a retirada dos veículos do local.

O responsável pela empresa em Rondônia informou à Rede Amazônica, por telefone, que uma equipe técnica já está elaborando o projeto de retirada dos caminhões e que o plano será entregue dentro do prazo.

De acordo com a prefeitura de Porto Velho, a Emam não tinha “autorização de funcionamento, nem mesmo licença de obra”. Conforme o executivo, a lei de ocupação do solo impede a instalação de portos na área em que aconteceu a erosão fluvial, por isso nenhuma autorização de funcionamento foi concedida.

Técnicos do Ministério Público Federal fizeram vistoria no local onde houve o desbarrancamento (Foto: Rede Amazônica/Reprodução)Técnicos do MPF  fizeram vistoria no local onde houve deslizamento (Foto: Rede Amazônica/Reprodução)

Alguns dos caminhões que foram arrastados no deslizamento de terra continham substância tóxica utilizada para a produção de massa asfáltica, o que poderia comprometer a água do Rio Madeira. Para evitar que o material se espalhasse pelo rio, a empresa montou uma barreira de contenção com boias e pedras. Na quarta-feira (17), a barreira foi reforçada.

Na manhã desta quinta-feira (18), uma equipe técnica do Ministério Público Federal (MPF) de Brasília, composta por um engenheiro e um geólogo, vistoriou o local do desabamento.

A visita técnica, segundo o órgão, resultará em um laudo para subsidiar o trabalho de investigação que vem sendo desenvolvido sob orientação do MPF em Rondônia. “Toda margem nessa região está instável”, afirmou o engenheiro do MPF, Murilo Lustosa Lopes.

Novo deslizamento no Rio Madeira (Foto: Hosana Morais/G1)Novo deslizamento no Rio Madeira (Foto: Hosana Morais/G1)

Devido aos riscos de novos desmoronamentos, o local segue interditado pela Defesa Civil desde o último sábado (13). As causas do desmoronamento são investigadas pelo MPF.

O professor Eliomar Pereira, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), que é doutor em geologia, diz que vários fatores podem estar relacionados a ocorrência. “Um dos fatores é que essa é uma área que foi compactada com solo que veio de fora. Não se pode confirmar ainda, mas o que se percebe é que houve um colapso que fez esse aterro ceder todo para dentro do rio”, explicou.

Entenda o caso
Mais de dez carretas foram arrastadas para dentro do Rio Madeira, no final da tarde de sábado (13), após o barranco ceder, em Porto Velho.

De acordo com informações de um morador que passou pelo local no momento do desastre, o desbarrancamento aconteceu no momento que funcionários de uma distribuidora trabalhavam na região. O Corpo de Bombeiros informou que não houve feridos ou mortos no acidente.
No local onde houve o barranco cedeu funciona uma empresa de piche que, segundo o Ministério Público de Rondôniax (MP-RO), já havia sido interditada, mas atualmente estava em funcionamento.

Na segunda-feira (15), as autoridades registraram novo deslizamento de terra, onde funcionava a empresa, mas ninguém se feriu.  A Sempedec diz que o aumento do número de carretas no local e a seca do Rio Madeira, que já registrou o menor índice registrados dos últimos 42 anos, foram as principais causas do desbarrancamento.

A Caerd, companhia de abastecimento de água, interrompeu o fornecimento em seis bairros da região por causa de uma adutora que se rompeu no desastre.

casas interditadas Rio Madeira (Foto: Hosana Morais/ G1)Casas foram interditadas após vistoria no Rio Madeira (Foto: Hosana Morais/ G1)

Casas interditadas
Na última terça-feira (16), a Defesa Civil interditou cinco casas que ficam perto do local onde aconteceu o deslizamento de terra, em Porto Velho. Conforme o órgão, a interdição precisou ser feita devido ao risco do solo ceder novamente. Nenhum das família notificadas deixou as residências até a quarta-feira (17).

Conforme Issac Rodrigues, ele e o filho não sabem para onde ir. Esta é a segunda vez que a Defesa Civil pede para ele deixar o local. “Quando o rio subiu, a Defesa Civil veio aqui, mas não saímos, pois eles oferecem um aluguel, mas uma hora eles vão deixar de pagar e como ficaremos? Só há possibilidade de sairmos se formos indenizados pela prefeitura e tivermos como comprar outra casa”, disse Issac.


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