Ocaso do estudante Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, mordido por sua cobra de estimação, trouxe a tona um problema significativo em algumas regiões do Brasil, as mortes por picada de serpente. Foram pelo menos 1.007 entre 2010 e maio deste ano.
As informações são do Ministério da Saúde e foram compilados pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles. Os números para 2019 e 2020 ainda são preliminares e isso significa que a quantidade pode ser ainda maior. A notificação engloba morte por contato com serpente e com lagartas venenosas, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde.
Pedro Henrique foi picado em casa por uma cobra Naja de estimação. O animal não existe na natureza no Brasil. O seu caso, portanto, não configura um exemplo do que acontece no país. Na maioria dos casos, são animais silvestres os responsáveis pelo óbito.
Desde 2010, o ano com mais óbitos foi 2019, com 122 ocorrências. O ano anterior, 2018, foi o com menos notificações na série histórica, apenas 75. O gráfico a seguir mostra a quantidade de falecimentos por mordida de serpente desde 2010.
Os estados do Norte e Nordeste são os que mais notificam mortes por picada de serpentes. O primeiro lugar é do Pará, com 133 casos desde 2010. Em seguida vem o Amazonas, com 109, e o Maranhão, com 103. O Distrito Federal não costuma ter acidentes do tipo que terminam em morte. Desde 2010, foram apenas três óbitos. Ele só não fica atrás do Alagoas, com um falecimento. Veja o ranking total no gráfico a seguir:
Um ponto que pode contar a favor do estudante em sua luta pela vida é a idade (ele tem 22 anos). A maioria dos falecimentos por picada de cobra no Brasil acontecem com pessoas com 50 anos ou mais. Dos 844 casos ocorridos entre 2010 e 2018, 493 são desse grupo. Isso representa 58,4% do total. Pessoas entre 20 e 29 anos aparecem 59 vezes nas estatísticas de mortalidade.