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Jaru, 28 de abril de 2025

Brasil aprova remédio que freia Alzheimer em estágio inicial

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso do primeiro medicamento voltado ao tratamento de sintomas iniciais do Alzheimer no Brasil. O fármaco, chamado Kisunla (donanemabe), anunciado na terça-feira (22) é indicado para pacientes com comprometimento cognitivo leve ou demência leve em fase sintomática inicial da doença.
Produzido pela farmacêutica Eli Lilly, o Kisunla é um anticorpo monoclonal que atua diretamente nas placas de proteína beta-amiloide acumuladas no cérebro — característica marcante do Alzheimer. Ao se ligar a esses aglomerados, o medicamento contribui para a sua redução, o que pode desacelerar a progressão da condição.
A eficácia do remédio foi testada em um estudo internacional que envolveu 1.736 pacientes em estágio inicial da doença. Os participantes que receberam doses mensais de donanemabe demonstraram uma progressão clínica da doença significativamente mais lenta em comparação ao grupo que tomou placebo.
O medicamento será administrado por via intravenosa, em ampolas de 20 ml, mediante prescrição médica. No entanto, não é recomendado para pessoas com o gene ApoE ε4, comum em alguns pacientes com Alzheimer, nem para quem utiliza anticoagulantes ou possui diagnóstico de angiopatia amiloide cerebral.
Entre os efeitos adversos mais frequentes estão sintomas gripais após a infusão, como febre, dores de cabeça e mal-estar. A Anvisa informou que acompanhará de perto os resultados clínicos e a segurança do tratamento.
Apesar da aprovação, o donanemabe enfrenta resistência em parte da comunidade científica. Enquanto os Estados Unidos já autorizaram seu uso desde julho de 2024, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou, em março deste ano, a rejeição do medicamento. A União Europeia, por outro lado, aprovou recentemente outro fármaco da mesma classe, o lecanemabe.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Alzheimer apresenta evolução lenta e irreversível, com uma sobrevida média entre oito e dez anos. O novo tratamento chega como uma esperança para pacientes nos estágios iniciais da enfermidade, nos quais as alterações de memória, personalidade e percepção espacial começam a se manifestar.

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