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Jaru, 21 de novembro de 2024

Baixo n° de transplantes de órgãos em RO preocupa profissionais e especialista explica desafios

Dez transplantes de córnea em três meses. Esse foi o número de transplantações que Rondônia teve de janeiro a março deste ano, de acordo com o novo balanço do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), veículo oficial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

De acordo com o relatório, a fila de espera para um transplante de órgãos no estado possui 373 pacientes. Deste total:

  • 41 pessoas estão na fila de espera por uma doação de rim
  • os outros 332 pacientes estão aguardando por uma córnea.

 

A fila de espera, que já era longa, aumentou muito depois da pandemia de Covid. Somente de janeiro a março deste ano, 54 novos pacientes entraram na fila de espera por um transplante de córnea, sendo um deles com risco de mortalidade.

No primeiro trimestre do ano, três rondonienses que precisam de rim também ingressaram na lista de espera e mortalidade

O estado tem atualmente uma unidade transplantadora, o Hospital Base em Porto Velho, porém o hospital só pode realizar cirurgias de rim, fígado e córneas.

Adolpho Baamonde, médico oncológico e especialista em transplantes abdominais explica os motivos dos baixos números e como é complicado captar doadores para diminuir essa fila de espera.

“É importante começar explicando que existem hoje dois tipos de doadores. O primeiro é o doador vivo, uma pessoa que concorda com a doação com exames que garantem que a doação é segura. O doador vivo pode doar rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Já o segundo tipo é o doador falecido, a maior parte dos órgãos transplantados chegam aos pacientes deste modo. O doador precisa ter tido algum tipo de morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais como traumatismo craniano e Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, explica o especialista.

Existem também pacientes que aguardam outros órgãos como coração, pulmão e fígado, mas os procedimentos não acontecem no estado, necessitando que sejam transferidos para outros estados para realização da cirurgia.

“É muito importante conscientizar a população da atitude nobre que é a doação de órgãos. Burocraticamente, a doação de órgãos só pode ser realizada após autorização familiar e é distribuído se baseando em uma lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria da Saúde de cada estado, sob supervisão e controle do Sistema Nacional de Transplantes”.

“Sendo assim, as pessoas ainda em vida devem conversar com a família e indicar a intenção. Caso você registre sua vontade oficialmente, ainda assim só haverá validação sem a autorização de algum familiar em caso de decisão judicial, o que pode gerar atrasos e perda do órgão que poderia salvar alguma outra pessoa”, finaliza Baamonde.

Potencial doador x doações

 

O balanço nacional também aponta que o número de notificações de potenciais doadores também é menor do que a lista de espera.

De janeiro a março, quando 58 novos pacientes passaram a fazer parte da lista de espera no estado, 39 pessoas entraram no registro de potencial doadores e apenas 25 foram considerados ‘doadores elegíveis’.

Ao final de três meses, segundo o relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, apenas 11 doadores tiveram os órgãos transplantados em Rondônia.

Transplantes de órgãos, Rondônia — Foto: Arquivo

Transplantes de órgãos, Rondônia — Foto: Arquivo

Como ser doador de órgãos?

 

A doação de órgãos só pode ser feita com autorização da família. Por isso, o primeiro passo é deixar claro esse desejo para os parentes, que darão a palavra final.

Está apta a doar qualquer pessoa a partir de sete dias de vida e que tenha passado pela triagem de doenças transmissíveis pelo sangue, como a hepatite, por exemplo.

Se for comprovada morte encefálica, todos os órgãos e tecidos do corpo podem ser doados. Nos casos de morte por parada cardiorrespiratória, só é possível doar tecidos para transplante de córnea, vasos, pele, ossos e tendões.

Alguns fatores podem impedir a doação, como morte por doença infecciosa, por exemplo. Também não pode haver a doação sem a identificação do corpo.

O doador pode até fazer uma certidão, que pode ou não ser reconhecida pela Justiça.

G1

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