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Jaru, 29 de março de 2024

Autoridades encontram nuvem de gafanhotos em propriedade rural na Argentina

Autoridades argentinas informaram ter encontrado a nuvem de gafanhotos que avança perto da fronteira com o Brasil. Ela foi achada nesta terça-feira (30/6), em uma propriedade rural na localidade de Amará Picada, ao norte de Esquina e de Sauce, na província de Corrientes.

“Graças ao aviso recebido ontem à noite, a área de monitoramento pode ser reduzida e a localização de parte da nuvem pôde ser encontrada. Com o apoio dos guias, o ajuntamento foi feito a cavalo, devido à pouca acessibilidade das estradas”, informou o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa).

“Continuamos com o trabalho de campo e estamos avaliando as condições climáticas que podem determinar o movimento da nuvem”, complementaram as autoridades argentinas em post nas redes sociais.

Localização da nuvem de gafanhotos (Foto: Reprodução)
Localização da nuvem de gafanhotos, segundo o Senasa (Foto: Reprodução)

Na segunda-feira (29/6), o Senasa declarou que não esperava o deslocamento da nuvem por grandes distâncias por conta das condições climáticas, podendo ser localizada entre as cidades de Sauce e Esquina, na província de Corrientes.

Plano brasileiro

Nesta terça-feira (30/6), o Ministério da Agricultura publicou uma portaria que estabelece as diretrizes para a elaboração do plano de contenção e as medidas emergenciais em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul caso a nuvem cruze a fronteira.

O governo já havia decretado estado de emergência fitossanitária por um ano. A nova portaria autoriza, em caráter provisório e emergencial, o uso de inseticidas biológicos à base de Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae para o combate dos gafanhotos.

Entre as culturas com autorização para a aplicação dos biológicos, estão as produções de inverno, como o sorgo, a cevada e o trigo – que podem ser amplamente afetadas pelo momento atual da safra -, assim como citros, soja, milho, arroz, batata e feijão, entre outras.

No entanto, o uso dos produtos estão liberados à ocorrência comprovada do surto da praga na fase gregária. Além disso, só pode ser feito emergencialmente por meio da aplicação terrestre tratorizada e aérea.

Alerta na fronteira

Enquanto a nuvem se desloca pelo oeste da Argentina, as autoridades fitossanitárias brasileiras estão atentas, inclusive com empresas aeroagrícolas de prontidão caso uma mudança nos ventos favoreça o deslocamento da praga em direção ao Brasil e ao Uruguai.

Segundo o Sindicato das Empresas de Aviação Agrícola do Brasil (Sindag), as companhias estão mobilizadas na região de Uruguaiana (RS) e na faixa entre Alegrete (RS) e Pelotas (RS), que provavelmente seriam escaladas para uma eventual ação em campo no Brasil.

Conforme o fiscal agropecuário Juliano Ritter, da Secretaria de Agricultura do RS, o vento nesta terça-feira (30/6) mudou para sentido sudoeste, com rajadas de 20 km/h, em direção ao Estado. Segundo ele, a sorte está na temperatura mais baixa, que diminui a mobilidade dos gafanhotos. “É o que está nos ajudando”, completa.

Segundo o professor Mauricio Paulo Batistella Pasini, doutor em Entomologia e pesquisador da Universidade de Cruz Alta (Unicruz), o mau tempo não elimina os gafanhotos. “A chuva apenas impede a migração. Os gafanhotos ficam onde estão e voltam a migrar depois que a chuva passa. O que elimina os insetos é o frio. A partir de 5ºC, já eliminaria alguns. Mas, para o clima acabar com a nuvem, seria preciso frio abaixo de zero”, afirmou.


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