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Jaru, 10 de fevereiro de 2025

Artista plástico de Rondônia vai expor obras no Carrousel do Louvre, em Paris

O artista plástico Binho Pinheiro, de Nova Mamoré (RO), vai levar a arte que representam a Amazônia e os traços da floresta até Paris. O morador de Rondônia foi selecionado para expor pinturas inéditas no Salão Internacional de Arte Contemporânea Carrousel du Louvre, em outubro de 2025.

Natural da Bahia, Binho é autor de obras espalhadas por diversos pontos da cidade de Nova Mamoré, como a pintura no muro da Câmara Municipal, que representa o município de forma abrangente, repleta de formas e cores, utilizando a técnica de aerografia.

Em entrevista ao g1, o artista falou sobre a grande oportunidade de estar em um dos principais palcos da arte mundial e compartilhou sua origem, trajetória de vida e trabalhos realizados em Rondônia.

Da escola para a vida

 

Binho nasceu na Bahia e, desde criança, percebeu que tinha uma sensibilidade maior para a arte. Os primeiros rabiscos e desenhos dividiam espaço com as letras de forma e os números primários durante a alfabetização.

“Na creche eu esboçava meus primeiros traços e isso continuou na escola. Lembro que o amor pela arte só foi surgir quando eu tinha entre 9, 10 anos”, conta Binho.

 

O nome “Binho Pinheiro” é artístico e surgiu ainda na infância, por influência de sua mãe, que cuidava de uma criança que tinha esse mesmo nome. Ela então passou a chamá-lo da mesma forma como apelido. Após anos, o artista acabou o adotando em sua carreira.

Obras realizadas por Binho no começo da carreira — Foto: acervo pessoal/Binho Pinheiro

Obras realizadas por Binho no começo da carreira — Foto: acervo pessoal/Binho Pinheiro

Ao longo do tempo, os amigos foram essenciais para que Binho não parasse de desenhar. Os colegas começaram a incentivar cada vez mais, promovendo competições de desenhos na escola, O que instigava o artista a sempre se manter aprimorando as habilidades.

“Era só uma brincadeira, algo que eu nunca imaginei que iria se tornar uma coisa concreta. Ao decorrer do tempo isso ficou sério e hoje virou meu trabalho”, relembra Binho.

 

Trabalhando com arte

 

Binho iniciou sua trajetória profissional em 2004, ainda na Bahia, pintando em diversos locais na cidade de Camacã. Um dia, enquanto pintava em uma escola de música, chamou a atenção de um artista experiente, que o convidou para trabalhar com ele. Foi nesse período que adquiriu experiência e passou a atuar por conta própria, transformando a arte em sua principal fonte de renda.

Em 2008, já consolidado como pintor, decidiu aprimorar suas técnicas de pintura a óleo e buscou aulas especializadas. Após apenas 10 aulas, recebeu a oportunidade de ensinar pintura para um grupo de cerca de 20 alunos, o que abriu novas portas.

Depois de temporadas morando em Espírito Santo e no Amazonas, Binho desembarcou em Porto Velho (RO), onde continuou vivendo de suas pinturas e ministrando cursos.

Obras da diversidade do bioma amazônica(à esquerda) e pintura surrealista com aspectos amazônicos (à direita) — Foto: acervo pessoal/Binho Pinheiro

Obras da diversidade do bioma amazônica(à esquerda) e pintura surrealista com aspectos amazônicos (à direita) — Foto: acervo pessoal/Binho Pinheiro

Desafios de uma nova vida

 

Após dois anos na capital rondoniense, o pintor e sua esposa decidiram se mudar para Nova Mamoré (RO), cidade localizada a cerca de 281 km de Porto Velho. A mudança ocorreu devido a uma oportunidade de emprego para sua esposa na região.

Com o tempo, passou a ser reconhecido na nova cidade e passou a receber encomendas. Seu estilo preferido é o surrealismo, movimento artístico surgido em Paris, na década de 1920, que valoriza a fantasia e a liberdade criativa.

Pinturas surrealistas autorais de Binho Pinheiro — Foto: Acervo pessoal/Binho Pinheiro

Pinturas surrealistas autorais de Binho Pinheiro — Foto: Acervo pessoal/Binho Pinheiro

No entanto, o alto custo dos materiais e a baixa demanda por esse tipo de obra fizeram com que ele reduzisse a produção de telas.

“Eu parei de produzir telas já faz um tempo por conta do preço abusivo dos materiais e das encomendas, que são bem poucas. Então, eu parei de produzir porque ficava muito material empilhado”, desabafa.

 

Oportunidade surreal

 

Este ano, Binho recebeu a chance de expor suas obras justamente em Paris, berço do surrealismo, movimento que tanto o inspira. Ele soube da oportunidade pela internet e enviou seu portfólio para os curadores responsáveis. Sua arte foi selecionada entre diversos candidatos, mas as obras que estarão na exposição ainda estão em fase de produção.

“E eu tive essa honra de ser selecionado. Quanto às obras que foram serão expostas, ainda não podem ser divulgadas, até porque eu não finalizei ainda. Serão obras exclusivas”, diz Binho com ar de mistério.

 

Embora suas pinturas tenham sido escolhidas, os custos da viagem são de responsabilidade do artista. Ele precisa arcar com passagem e hospedagem durante os dias de exposição.

“Acredito que só o fato das minhas obras serem selecionadas para ir até Paris já é uma grande bênção e acredito que essa chance vai abrir muitas portas […] Penso que a ajuda dos meus amigos no início de tudo foi o que ajudou para que meu trabalho ter chegado nesse nível”, finaliza Binho.

G1


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