Kupi Inu bake, dos Kaxinawá, pode ser apontado como um dos primeiros indígenas, 521 anos depois do descobrimento do Brasil se auto declarar gay. Tabu dentro das aldeias, a decisão de Kupi de contar a sua verdadeira orientação sexual tornou-se um ato revolucionário, mas a decisão não foi bem aceita pelos indígenas mais conservadores da tribo. O jovem de 19 anos chegou a ser ameaçado até de morte.
Em 2014, após fazer a revelação para aos familiares, o Kupi, da Aldeia Nova Extrema foi obrigado a ir embora da terra indígena. Atualmente ele vive no município de Jordão no Acre. Sem uma renda fixa para se manter, Kupi que se declara trans vem tentando a vida como influenciador digital. “Na aldeia ainda tem muito preconceito. Eles não sabiam que eu era homossexual, mas em toda aldeia tem. E lá começaram a ficar com raiva de mim e da minha família”, relata.
Ficar longe da família, segundo Kupi foi uma das decisões mais complicadas de se tomar, porém, assertiva após ter a integridade ameaçada. “O Cacique, pajé, as nossas lideranças todas começaram a ficar com raiva de mim e tentaram me matar. Tentaram matar minha mãe, mas eu não queria isso [morte] só por causa de um homossexual indígena”, lamenta.
A decisão teve seus custos. O rapaz conta que passou a viver de favor na casa de outros conhecidos. Não tem emprego fixo e espera conseguir algo para custear suas despesas. O Instagram: @kupi_poderosa, como 8 mil seguidores vem sendo o ponto de partida para conseguir dinheiro para se manter. “Morar na casa dos outros sem a família é muito triste. Eu vivia feliz com a minha família e tudo isso foi destruído”, revela.