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Jaru, 27 de novembro de 2024

Além do ridículo, a carta tiro no pé de Temer dividiu ainda mais o PMDB. Por Kiko Nogueira

A carta que Michel Temer assinou e que se incumbiu de vazar para a imprensa foi recebida com gravidade por aproximadamente 23,5 minutos.
Logo em seguida, diante da enormidade do ridículo, começou a ser demolida por gente do próprio PMDB. O líder da bancada na Câmara, Leonardo Picciani, falou o óbvio: “Se ele se julgava um vice decorativo nos quatro primeiros anos, por que ele depois conduziu o partido, mesmo rachado, a permanecer na aliança?”

Continuou: “Fica claro que o Michel Temer não queria o fortalecimento da bancada. Ele ficou incomodado. Ele fala contra a presidente ter conversado comigo e ter indicado os dois deputados ministros. E em todo momento não defende a posição da bancada, mas dos seus aliados pessoais. Ele mesmo frisa que o Moreira Franco, o Eliseu Padilha e Edinho Araújo eram pessoas dele”.

No Senado, Renan Calheiros e José Sarney disseram que o vice “se apequenou” e fez “mimimi” — e estamos falando dos gigantes Renan e Sarney. “Alguém que tiver um mínimo de maturidade, depois de uma carta daquela vai acreditar que o Michel pode presidir o Brasil?”, afirmou um peemedebista ao Estadão.

“Vice é para ter atribuições para ajudar na governabilidade, não para conspirar”, declarou o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão. Até o senador do PSDB Cássio Cunha Lima, golpista de primeira hora, achou que o conteúdo era uma “demonstração de fisiologismo puro”: “Ela trata apenas de uma questão menor, da relação pessoal do vice com a presidente, na briga por cargos no governo”.

O ex-ministro Padilha tentou passar um pano na burrada do amigo ao qualificar a coisa toda como uma “‘DR’, uma discussão da relação”. “Depois disso, volta-se a uma relação mais próxima ou a uma mais distante”, falou.

No dia seguinte ao mau passo de MT, soube-se que ele assinou sete decretos que resultaram num crédito suplementar de 10 bilhões de reais — o mesmo “crime” de que Dilma está sendo acusada e que serve como principal motivo do pedido de impeachment.

Se Eduardo Cunha já havia enlameado o golpe, Michel Temer terminou o serviço com uma demonstração inesquecível de vaidade, nanismo moral, farisaísmo e patetice. Depois de meses conspirando às claras, conseguiu dividir ainda mais seu próprio partido na tentativa de unifica-lo, de maneira porca, em torno de seu nome.

Temer se autopromoveu na história do Brasil, aos 75 anos de idade, de mordomo de filme de terror a zumbi de pastelão vagabundo.


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