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Jaru, 28 de março de 2024

Agência Idaron alerta contra ataques de morcegos hematófagos; Rondônia teve três casos de raiva em 2017

Morcegos hematófagos fotografados à noite por fiscal da Idaron alimentam-se com o sangue de um bovino

A ligação telefônica do pecuarista de Chupinguaia, a 530 quilômetros de Porto Velho, denuncia o ataque do morcego hematófogo (Desmodus rotundus) ao gado bovino. Prontamente, a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron) envia um veterinário para constatar a real dimensão do problema.

Assim funciona o Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros, voltado especificamente para capturar e estudar esse mamífero com asas, principal transmissor da raiva a esses animais.

Hematófagos são encontrados desde o norte do México até o norte argentino, algumas ilhas do Caribe e em regiões com altitude média abaixo de 2 mil metros.

Em 2017, as mais de trezentas lojas de produtos veterinários em Rondônia venderam 4,54 milhões de doses de vacina antirrábica. A dose (2 ml) custa apenas R$ 1, a vacinação é opcional, mas a notificação da raiva é compulsória.

Vale, portanto, a orientação. “Vacinar todo o rebanho garante a sanidade. Um animal morto em consequência da raiva, digamos, é R$ 2 mil a menos no ganho do criador”, comenta o médico veterinário Dalmo Bastos Sant’Anna coordenador do programa.

Depois da primeira vacinação, aplica-se a segunda dose um mês depois e essa prática depois pode se tornar anual. Dalmo Sant’Anna recomenda aos pecuaristas que apliquem a vacina antirrábica na mesma ocasião em que cumprirem a vacinação contra a febre aftosa.

Controlando-se o transmissor, diminuem os ataques, alerta o médico. Mas ele explica que nem todo morcego está contaminado e pequena proporção tem o vírus.

PORTO VELHO, NOVO HORIZONTE  E ARIQUEMES

Equipes da Idaron coletam regularmente material para exames em casos de suspeita de raiva.

“Nosso pessoal está em campo nas 84 unidades no estado, fazendo o cadastramento de abrigos e capturando morcegos que se alimentam de sangue”, informa o médico.

Em 31 visitas no ano passado, as equipes fiscalizadoras capturaram com redes 101 morcegos hematófagos.

No País, em 2017, de dois mil exames constataram-se 807 casos de raiva. Em Rondônia, de 57 exames em animais bovinos atacados, a Idaron constatou três casos positivos – em Porto Velho, Novo Horizonte do Oeste e Ariquemes.

Exames de restos de animais são feitos no laboratório da Idaron em Porto Velho, outros no Laboratório de Análise e Diagnóstico Veterinário na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia, relata Dalmo Sant’Anna. “Aí é possível identificar se realmente a causa mortis do animal foi raiva”, assinala.

DOIS MODOS DE CAPTURA

Morcego capturado para estudo do vírus

Cada morcego solto, após receber a aplicação da pasta vampiricida, contamina 10 a 20 outros morcegos da mesma espécie, no intervalo de quatro a dez dias, informa o médico.

No mundo, apenas três espécies de morcegos possuem hábito alimentar hematófago (Desmodus rotundusDiphylla ecaudata e Diaemus youngi), todos encontrados também no Brasil.

O método seletivo pode ser direto ou indireto, ensina o manual técnico do Ministério da Agricultura adotado pela Idaron: no direto, há necessidade da captura e aplicação tópica do vampiricida no dorso no morcego.

Ao ser ingerido pelo morcego que entrar em contato, o princípio ativo provocará hemorragias internas, matando-o. Para execução desse método o hematófago deverá ser capturado preferencialmente perto de sua fonte de alimentação (geralmente currais).

Os morcegos Desmodus rotundus poderão ser capturados diretamente no seu abrigo, quando for artificial, e nas proximidades dos abrigos naturais (cavernas e furnas). Excepcionalmente e mediante autorização do Ibama, a captura pode ocorrer no interior de abrigos naturais.

No método indireto não há necessidade da captura. Basta que se aplique a pasta vampiricida ao redor das mordeduras recentes de hematófagos. Outros produtos vampiricidas também poderão ser empregados, e são de especial utilidade na bovinocultura de corte.

Nesses sistemas de controle, são eliminados apenas os morcegos hematófagos agressores. É que, para se alimentar, eles tendem a retornar em dias consecutivos ao mesmo ferimento.

O uso tópico da pasta na agressão deve ser repetido, enquanto o animal estiver sendo espoliado. Essa prática deverá ser realizada pelo proprietário do animal espoliado, sob orientação de médico veterinário. Preferencialmente, no final da tarde, permanecendo o animal no mesmo local onde se encontrava na noite anterior.

MORDIDAS, SINAIS E SINTOMAS

Esses morcegos transmitem a doença ao morderem bovinos, cães, gatos, búfalos, burros, cabritos, mulas, ovelhas, porcos, entre outros animais silvestres raivosos), aos quais contaminam com o vírus presente em sua saliva.

O ser humano contrai a raiva pela saliva de num animal doente. A mordedura é a forma mais comum de contaminação, mas a doença também chega por arranhões e lambidas em ferimentos na pele ou nas mucosas da boca, nariz e olhos.

Há mais de 160 morcegos conhecidos no Brasil e aproximadamente novecentas espécies no mundo.

Quando bovinos ou equídeos (burro, cavalo, égua, jumento e mula) estão doentes, estes são os principais sintomas:
● Isolamento do restante do rebanho
● O animal parecer sonolento
● O animal parecer engasgado
● Quando apresentar salivação e agressividade
● Dificuldade em urinar e defecar
● Andar cambaleante
● Apresentar paralisia dos membros posteriores
● Cair e ter dificuldade para levantar

Na maioria das vezes, a morte ocorre entre o terceiro e o sexto dia após o início dos sintomas. Pode haver restos de sangue no pelo do animal, ou até um pequeno ferimento indicando o local onde o morcego mordeu.

VIU MORCEGO, COMUNIQUE

Se o sitiante ou fazendeiro notou a existência de morcegos em sua propriedade, certifique à Agência Idaron mais próxima.  E vacine uma vez por ano seus animais acima de três meses.
Fale com:
0800 643 4337
0800 704 9944


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