O canal de televisão sul-coreano MBN recentemente apresentou a seus telespectadores a primeira âncora de um telejornal criada por Inteligência Artificial. A nova âncora é uma versão realista – e assustadora – da jornalista Kim Ju-ha.

Desenvolvida pela MBN em parceria com a Money Brain, uma produtora de inteligência artificial, a primeira âncora de notícias criada por Inteligência Artificial da Coréia do Sul foi apresentada a população local durante a exibição do jornal.

Surpreendentemente idêntica a jornalista Kim Ju-ha, a versão tecnológica da profissional de comunicação não só possui a mesma voz como também é capaz de imitar os pequenos gestos da famosa âncora do telejornal.

Para demonstrar o resultado da parceria entre a MBN e a Money Brain, a jornalista e sua versão apresentaram juntas algumas edições do jornal, de cunho nacional. Em todas as ocasiões, ambas se interagiram da mesma maneira que os jornalistas de TV costumam fazer em meio as exibições de notícias.

Por conta do sucesso, a versão tecnológica da jornalista Kim concedeu entrevistas a outros meios de comunicação. “Fui inspirada na figura da jornalista Kim Ju-ha. Em 10 horas, fui capaz de aprender a imitar os detalhes de sua voz, a maneira como ela fala, suas expressões faciais e a forma como seus lábios e seu corpo se movem”, disse a âncora criada por Inteligência Artificial aos Coreia JoongAng Daily. “Eu sou capaz de noticiar os fatos da mesma maneira que a âncora Kim”, completou.

De acordo com a produtora MBN, criar âncoras de jornais com a ajuda de Inteligência Artificial pode trazer algumas mudanças para o setor da comunicação. Para a empresa, as novas versões de comunicadores seriam essenciais para informar notícias de última hora, uma vez que estão disponíveis a qualquer hora do dia ou da noite. Além disso, a MBN acredita também que a nova tecnologia ajude a cortar custos, como, por exemplo a mão de obra.

 

Mudanças

Sim, obviamente, caso as empresas de comunicação decidam optar em utilizar a Inteligência Artificial, inúmeras mudanças podem ocorrer. Em contrapartida, alguns especialistas estão convencidos de que avatares digitais movidos a AI nunca substituirão totalmente os âncoras dos telejornais.

Yoo Seung-chul, professor da Escola de Comunicação e Mídia da Ewha Womans University, em Seul, acredita que o conceito conhecido como “vale misterioso” – a ideia de que um robô / avatar digital com aparência humana desperte um sentimento excessivamente “estranho” nos telespectadores – ajudará os profissionais da comunicação a manterem seus empregos.

“É uma linha muito tênue. Não podemos viver em harmonia com o que é muito diferente e muito semelhante ao mesmo tempo”, disse Yoo. “E mesmo que se torne muito natural, os avatares criados com a ajuda da Inteligência Artificial acabaram sendo rejeitados em algum momento”.

As reações dos telespectadores quando o avatar da jornalista foi apresentado ao público pela primeira vez foram adversas. Muitos ficaram surpresos pela semelhança, outros, porém, se declararam apavorados.

Vale lembrar que a China foi o primeiro país a criar uma âncora de um telejornal com a ajuda de Inteligência Artificial. A criação foi revelada no ano passado, pela Xinhua, agência de notícias estatal da China.