Há mais de três anos, Maria Albina Oliveira da Cruz dirige diariamente como motorista de aplicativo por hobby em Santos, no litoral de São Paulo.

A filha da ‘Vovó do Uber’, Claudia da Cruz Marche, de 48 anos, disse ao g1, nesta quinta-feira (25), que a decisão da mãe de ser motorista de aplicativo surgiu após os filhos se cadastrarem na plataforma de transporte. “Foi uma decisão da família, um fez, gostou e aí todos foram fazendo e ela falou que ia ser motorista também”.
A ‘Vovó do Uber’, Maria Albina Oliveira da Cruz, de 73 anos, dirige diariamente como motorista de aplicativo por hobby em Santos, no litoral de São Paulo, e contou que está ficando famosa na cidade. “Os motoqueiros passam e ficam gritando, estou achando muito legal. Querem até tirar foto comigo. A gerente do banco perguntou se eu era a ‘Vovó do Uber’. Eu já gostava, agora gosto ainda mais”.
Claudia, que trabalha como corretora de seguros, disse que está emocionada com toda a repercussão. “Para mim é muito gratificante saber que ela está sendo útil, alegre, feliz e que não está em casa reclamando ou doente”.
Ao ser questionada sobre a mãe ser uma boa motorista, Claudia brincou que não. “Ela é um barato. A gente brinca porque ela dirige bem, mas a gente enche muito o saco dela, ela fala que quem está atrás que espere, pois ela dirige na dela. Ela é uma boa motorista sim”.
Segundo a corretora de seguros, mesmo tendo três filhos, a mãe mora sozinha, pois cada um formou a própria família. “Eu fico muito feliz porque ela está arejando a mente, se renovando porque eu não tenho tempo para dar essa atenção que ela precisa e a energia que ela tem para gastar. Não é que eu não tenha tempo porque não quero, mas estou trabalhando e tenho minha rotina”.

Dificuldade com a tecnologia
Com mais de 14 mil corridas na plataforma de transporte, a ‘Vovó do Uber’ disse que já domina o aplicativo e o GPS, mas Claudia disse que a mãe não sabe mexer muito bem no celular. “Ela não manja nada, não gosta. A vontade dela é tanta [de dirigir] que o aplicativo [de aceitar corridas] ela sabe mexer, mas quando ela sai sem o carro e precisa pedir um motorista, ela não sabe chamar.”
Além de dirigir, a filha conta que a mãe também ama cozinhar. “Ela faz uma bacalhoada portuguesa que só ela faz e cozinha maravilhosamente bem, mas ela fala que em casa sente dor e dirigindo não. É a diversão dela. Ela fala que o segredo é trabalhar contente”.
Segundo a filha, a mãe tem opinião forte. “É até difícil a minha opinião prevalecer. A opinião dela é a que basta, ela não é autoritária, é muito humana. Ela é merecedora, a vida da gente não foi fácil. Hoje a gente tem uma estabilidade, mas foi porque ela conseguiu sobreviver a tudo. A gente já teve muito pouco, quase nada e mesmo assim ela criou nós três sozinhos”.
O motoboy e neto da ‘Vovó do Uber’, Gabriel Luís Marche, de 23 anos, afirmou que apoia a decisão da avó, mas que acha meio perigoso por causa do trânsito e de pessoas má intencionadas. “Mas ela gosta do que está fazendo e graças a Deus que, do tempo que ela está trabalhando, não aconteceu nada com ela.”
“Eu acho muito legal. Falo que ela é a que mais trabalha em casa, acorda às 6h e se deixar fica até 20h. Acho legal, pois é uma maneira dela se distrair, ela fala que não está trabalhando e sim passeando com os passageiros dela”, finalizou o neto.

Relembre o caso
Com 73 anos, Maria Albina Oliveira da Cruz dirige diariamente como motorista de aplicativo em Santos, no litoral de São Paulo. Ao g1, a ‘Vovó do Uber’ contou que dirige desde os 20 anos, mas que só atua na profissão há três anos e meio. Ela não considera dirigir um trabalho, mas sim, um passeio.
Com mais de 14 mil viagens registradas na plataforma do aplicativo, Maria brinca dizendo que só três passageiros a estressaram nesse período. Ela trabalha de sete a oito horas por dia, atendendo entre 22 e 25 corridas. “Não é o dinheiro que me prende. Quando começa a escurecer, eu paro, pois se eu ficar muito tempo dirigindo à noite, começa a me dar ansiedade. Gosto de dirigir durante o dia”.
Com três filhos, sete netos e um bisneto a caminho, Maria Albina já trabalhou como corretora de imóveis e costureira. “Quando pintou o aplicativo na minha vida, foi a profissão certa para mim. Adoro ir para lá e para cá, ir e voltar com passageiro. Quando eles perguntam por que estou trabalhando com essa idade, falo que estou passeando. A primeira coisa que perguntam é a idade, mas, para mim, fazer corrida é uma terapia”.
Fonte: g1