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Jaru, 26 de novembro de 2024

Terrorista apontado como mentor de ataques em Paris morreu em operação

O belga Abdelhamid Abaaoud, apontado como mentor dos ataques terroristas de Paris, está morto, informou nesta quinta-feira (19) a Procuradoria de Paris. No total, 129 pessoas morreram e mais de 350 ficaram feridas nos atentados. O Estado Islâmico reivindicou sua autoria.

Abaaoud morreu durante operações da polícia francesa em Saint-Denis nesta quarta-feira (18) – seu corpo foi encontrado dentro do apartamento onde ocorreu a ação policial.

ATAQUES EM PARIS
Ações simultâneas matam 129

Comunicado da procuradoria de Paris informou nesta manhã que ele foi identificado por meio de amostras de DNA retiradas de sua boca.

A polícia francesa também confirmou que a mulher que morreu na mesma operação era prima. Ela se explodiu após a ação policial. Os dois foram os únicos mortos na ação- outras oito pessoas foram presas.

Segundo a emissora CNN, Abaaoud seria próximo do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, e provavelmente era a ligação entre a liderança do grupo jihadista e seus integrantes na Europa.

O Exército francês havia tentado matar Abaaoud antes dos atentados, em outubro, durante bombardeios contra um campo de treinamento do Estado Islâmico para combatentes estrangeiros em Raqqa, na Síria, segundo fontes francesas.

Operação
Além de Abaaoud, uma mulher-bomba morreu na ação em Saint-Denis nesta quarta, e oito pessoas foram presas. A operação foi feita para buscar o suspeito.

As forças de segurança chegaram até o apartamento em Saint Denis após interceptações telefônicas. De acordo com a procuradoria de Paris, o grupo estaria pronto para a agir novamente. Eles programavam um ataque à La Defense, centro econômico de Paris, segundo a Reuters.

Perfil
Abdelhamid Abaaoud nasceu em 1987 no bairro de Molenbeeck, subúrbio de Bruxelas. Ele é conhecido como Abu Omar Susi, nome da região do sudoeste de Marrocos de onde sua família é originária, ou Abu Omar al Baljiki (Abu Omar ‘o belga’).

“Era um menino estúpido”, que assediava colegas e professores e era detido por roubar carteiras, relatou, sob condição do anonimato, um ex-colega de turma ao tabloide belga La Dernière Heure.

Suspeito-chave destes ataques, Salah Abdeslam, ativamente procurado pela polícia, que também residiu em Molenbeeck, e seu irmão Brahim, que detonou os explosivos que levava junto ao corpo na sexta-feira, em Paris, conheciam Abaaoud.

Todos os três têm antecedentes criminais, segundo a polícia belga.

Não é a primeira vez que o nome de Abu Omar ‘o belga’ aparece em uma investigação. No início de 2014, ele estampou as capas dos jornais belgas por ter levado para a Síria o seu irmão Yunis, de 13 anos, apelidado de “o jihadista mais jovem do mundo”.

Pouco depois, apareceu em um vídeo de propaganda do EI, com uma barba pré-púbere e um turbante do tipo afegão. Diante da câmera, na direção de uma caminhonete que arrasta corpos mutilados, Abaaoud se diz orgulhoso de cometer atrocidades. (veja abaixo)

 

Com o perfil de um jovem “de classe média”, o jornal flamengo De Morgen assegura que o pai de Abaaoud enviou seu filho a um excelente colégio de Uccle, no sul de Bruxelas.

“Tínhamos uma vida muito boa, uma vida fantástica, eu diria. Abdelhamid não era uma criança difícil e havia se tornado um bom comerciante. Mas, de repente, ele foi para a Síria. Nunca recebi qualquer resposta”, havia declarado em janeiro o seu pai, Omar Abaaoud, ao jornal Dernière Heure.

“Abdelhamid envergonhou a nossa família. Nossas vidas foram destruídas”, reagiu seu pai: “Por que, em nome de Deus, ele mataria belgas inocentes? Nossa família deve tudo a esse país”, havia explicado Omar Abaaoud, cuja família chegou à Bélgica há 40 anos.

Ele disse que “nunca perdoaria” Abdelhamid por ter “arrastado” seu irmão mais novo Yunis.
Abaaoud, o mais conhecido dos quase 500 jovens belgas que deixaram o país para combater no Iraque e na Síria, também está ligado à “célula de Verviers”.

Em Verviers, uma cidade do leste da Bélgica, a polícia lançou em 15 de janeiro, uma semana depois dos ataques de Paris, uma operação destinada a desmantelar um ataque “iminente”. Dois dos suspeitos morreram.

Foto sem data mostra Abdelhamid Abaaoud, apontado como mentor dos ataques de Paris (Foto: Social Media Website via Reuters)Foto sem data mostra Abdelhamid Abaaoud, apontado como mentor dos ataques de Paris (Foto: Social Media Website via Reuters)

Abaaoud não estava no local. Mas no início de fevereiro, ele reivindicou em uma entrevista à revista do Estado Islâmico, que “planejou” estes ataques frustrados.

“Finalmente conseguimos chegar na Bélgica. Conseguimos armas e um esconderijo, enquanto planejamos operações contra os ‘cruzados”, havia dito.

Segundo a imprensa belga, Abaaoud chegou a ser localizado na Grécia de onde se comunicava com os dois jihadistas mortos em Verviers.

A polícia grega não conseguiu prendê-lo durante uma operação em Atenas.

“Consegui sair e retornar a El Sham (que em árabe significa Grande Síria, ou a sua capital Damasco), apesar da vigilância de muitos serviços secretos”, comemorou na revista.

A justiça suspeita que ele tenha instigado um jihadista francês preso em 11 de agosto em seu retorno da Síria a atacar “um alvo fácil”, como uma casa de shows.

Em julho, ele foi condenado, em Bruxelas, à revelia, a 20 anos de prisão por recrutamento de jihadistas belgas para a Síria.


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