Há um motivo neurológico para a apatia e a preguiça, de acordo com um estudo. Conexões ineficientes entre certas áreas do cérebro podem tornar difícil para algumas pessoas decidirem agir.
Para compreender a base neurológica da apatia, neurologistas da Universidade de Oxford observaram a diferença entre os cérebros de jovens que pareciam estar motivados (com base em um questionário) e os que aparentavam estar mais apáticos. Os participantes jogaram um jogo de decisões enquanto pesquisadores assistiam ao que acontecia em seus cérebros.
Em cada rodada do jogo, o pesquisador oferecia ao participante uma recompensa em troca de algum esforço. Os participantes precisavam então decidir se aceitavam ou não a oferta com base no fato de a recompensa valer a pena ou não.
Como era previsto, os participantes que já haviam sido identificados como apáticos eram menos propensos a aceitar as ofertas que exigiam esforço, mesmo que fosse a recompensa fosse grande. Mas quando essas cobaias apáticas decidiam aceitar uma oferta, a ressonância magnética mostrava muito mais atividade no córtex pré-motor, uma área do cérebro envolvida na tomada de decisões, do que nos participantes motivados.
Isso foi o oposto do que os pesquisadores esperavam observar. Eles acreditavam que os córtices pré-motores das pessoas preguiçosas mostrariam menos atividade quando estivessem tomando uma decisão para agir.
“Acreditamos que isso seja devido à estrutura cerebral menos eficiente deles, então uma pessoa apática tem mais esforço em transformar uma decisão em ação,” disse o pesquisador Masud Husain, professor de neurologia e neurociência cognitiva na Universidade de Oxford.
E eis a descoberta mais importante: após novas investigações, eles perceberam que as pessoas identificadas como apáticas tinham conexões menos eficientes entre o córtex cingulado anterior – uma parte do cérebro envolvida em tomar decisões e em antecipar recompensas – e a área motora suplementar, uma parte do cérebro que ajuda a controlar os movimentos.
“O cérebro usa mais de um quinto da energia que você queima diariamente. Se você precisa de mais energia para planejar uma ação, então é mais custoso para as pessoas apáticas tomarem ações”, explicou Husain. “O cérebro delas precisa se esforçar mais.”
Apesar de as conexões neurais ineficientes não conseguirem explicar a preguiça em todo mundo, o estudo pode ajudar a compreender um tipo de apatia extrema e patológica que de vez em quando atinge pessoas com Alzheimer ou que se recuperam de certos tipos de AVCs. Husain e sua equipe publicaram o estudo no Cerebral Cortex.