Após movimentar centenas de pessoas para doar sangue em Porto Velho ao ser diagnosticada com leucemia congênita, a pequena Alice morreu na noite de sexta-feira (7), no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro. A recém-nascida foi diagnosticada com a doença com apenas 16 dias de vida, após ter febre baixa e as enfermeiras não conseguirem retirar sangue por ele não coagular.
A criança então foi levada à Maternidade Regina Passis e em seguida ao HB, onde os pais receberam o diagnóstico considerado grave e raro. No primeiro exame de sangue ela apresentou 600 mil leucócitos, quando o normal é 5 a 6 mil.
Após receber a notícia, o pai da bebê, Renato Pereira, teve dificuldades para finalizar o processo de traslado do corpo ao chegar na Central de Óbitos do município. A família gostaria de contratar os serviços de uma funerária em que um parente trabalha, porém, foram obrigados a escolher uma das funerárias do rodízio.
“É revoltante você passar por um estresse desse. Como se já não bastasse a dor de perder nossa filhinha, somos obrigados a comprar um serviço pré-determinado. Estamos a mais de uma hora aqui tentando ajustar tudo para a liberação do corpo. É revoltante”, declarou.
O funcionário que estava de plantão e não quis se identificar informou à família que uma lei complementar foi aprovada em agosto deste ano sobre o novo sistema. Segundo o funcionário, a funerária escolhida pela família não estava na vez do rodízio e eles teriam que escolher obrigatoriamente uma das que estavam no sistema.
“Este será mais um legado da Alice, porque as pessoas sofrem aqui por não terem a liberdade de escolher um serviço privado. Hoje só estavam as funerárias mais caras, e se nós não pudéssemos pagar?”, indagou o pai da criança.
A família ainda não definiu o horário e local do velório da bebê.
Doação de sangue
Até as 12h de quinta-feira (6), 410 pessoas doaram sangue na Fundação de Hematologia de Rondônia (Fhemeron) de Porto Velho desde a notícia da luta pela vida da pequena Alice.
Os voluntários, além de doarem sangue, aumentaram o número de registros do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Lauriene Alencar foi uma das voluntárias. “Fui durante três dias e consegui doar ontem. Uma pena a bebê ter falecido, mas ela deixou a lição de que doar sangue é um ato nobre. Eu vou voltar sempre que puder para ajudar alguém”, declarou a cabelereira.