Ao votar a favor da liberação emergencial da CoronaVac e da vacina da Astazenca/Oxford, o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Alex Campos fez uma defesa da ciência e elogiou o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que foi o padrinho de sua indicação para o órgão.
Mandetta era o ministro no começo da pandemia, mas ele se desentendeu com o presidente Jair Bolsonaro sobre as melhores maneiras de enfrentar a Covid-19. Campos também criticou a ineficiência do Estado como um todo, ou seja, em todas os níveis de poder: federal, estadual e municipal. As duas vacinas contra a Covid-19 foram aprovadas por unanimidade.
— A Anvisa se pauta por evidências. No nosso vocabulário, que adoto como eu também, não há espaço para negação da ciência, tampouco para politicização. Não há. Verdadeiramente não há — disse Campos.
A enfermeira Mônica Calazansis foi a primeira brasileira a receber a vacina contra Covid-19, na tarde deste domingo, no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Campanha nacional começa, segundo Ministério da Saúde, na próxima quarta-feira. Governo de São Paulo deu pontapé inicial neste domingo, com imunização de profissionais de saúde que trabalham na linha de frente de enfrentamento à doença Foto: NELSON ALMEIDA / AFPMônica Calazans, 54 anos, comemora ao lado do governador do estado de São Paulo, João Doria, após receber a vacina contra coronavírus. Mônica é diabética, obesa e hipertensa e trabalha há oito meses no hospital no Hospital Emílio Ribas Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERSEnfermeiro Crustiano Francisco é inoculado com a vacina CoronaVac Sinovac Biotech, em São Paulo. Início da imunização de brasileiros acontece no mesmo dia em que a Anvisa autorizou o uso emergencial das vacinas CoronaVac, produzida em parceria entre o Butantan e farmacêutica chinesa Sinovac, e a do laboratório anglo-sueco AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford Foto: NELSON ALMEIDA / AFPTrabalhadores de saúde fazem fila para receber uma dose da vacina da Sinovac Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERSVanusa Kaimbe, uma mulher indígena, recebe a vacina contra o coronavírus produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS
O médico Almir Ferreira de Andrade, 79 anos, recebe dose da vacina CoronaVac contra o coronavírus. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou neste domingo que determinou ao Butantan a entrega das doses de CoronaVac ao Ministério da Saúde para que sejam distribuídas a outros estados brasileiros Foto: NELSON ALMEIDA / AFPUma mulher é inoculada com vacina contra o coronavírus da Sinovac, depois que a Anvisa aprovou seu uso de emergêncial, no Hospital das Clínicas de São Paulo Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERSEnfermeiora prepara uma dose da vacina CoronaVac contra a COVID-19 no Hospital de Clínicas, em São Paulo, no primeiro dia de vacinação contra a doença no Brasil Foto: NELSON ALMEIDA / AFPProfissionais de saúde fazem fila para receber a primeira dose da vacina CoronaVac no Hospital das Clínicas, em São Paulo Foto: NELSON ALMEIDA / AFP
Ele comentou as mortes em Manaus, onde houve problema de abastecimento de oxigênio. Segundo Campos, os mortos foram vítimas não apenas da Covid-19, mas também da “incúria do Estado’.
— É a expressão mais triste revoltante da falha objetiva do Estado em todos os níveis. A décima economia do mundo e também uma da sociedades desiguais do planeta é uma nação civilizada ou vive a distopia da barbárie? A tragédia da morte pela falta da terapia mais simples do oxigênio é um atestado da nossa ineficiência, infelizmente — disse o diretor da Anvisa.
E destacou que chegou à Anvisa pelas mãos de um médico:
— Esse médico é Luiz Henrique Mandetta, de quem fui o chefe de gabinete quando ele foi ministro da Saúde. De lá, do Ministério da Saúde, sofremos os primeiros golpes, a falta de insumos, de colaboração internacional. Essa confiança que esse ministro da Saúde me depositou, que depois foi referendada e confirmada pelo presidente da República e também pelo Senado Federal.