A Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) vem apoiando com monitoramento o câncer em mulheres no Estado de Rondônia, resultando no avanço do diagnóstico da Doença Trofoblástica (gravidez molar). Ações frequentes do órgão já possibilitam políticas públicas que colaboram no planejamento e nas decisões de gestores técnicos e orçamentários.
A Agevisa promove treinamentos, capacitações, supervisões, reuniões técnicas e alimenta o banco de dados com o apoio de equipes municipais e gestores de saúde no interior do Estado.
“Dados de ocorrência de câncer são transformados em ações”, explica a psicóloga Rose Britto, que desde 2014 é voluntária no Centro de Referência da Doença Trofoblástica (CRDTG), o Centrogesta. Ela elogia o atual ritmo de trabalho nesse campo: “Graças à Agevisa, o atendimento às mulheres já é bem conhecido no interior de Rondônia”.
Segundo dados da Agevisa e do Centrogesta, 80% das pacientes, incluindo gestantes, vêm de cidades interioranas, em busca de apoio na Capital. Grande parte sofre com a mola hidatiforme* [do grego-latino molar, massa e hydatisiaforme, aquosa] não são cancerosas, porém, podem se tornar doença trofoblástica gestacional cancerígena.
O avanço da Agevisa no diagnóstico da mola precoce acena para que a rede de atenção primária se capacite a identificá-la corretamente para iniciar o tratamento imediato, a fim de assegurar maior chance de vida da mulher.
ACOMPANHAMENTO RIGOROSO
A Agevisa apoia atualmente a busca ativa de pacientes para retorno ao tratamento e a formação de grupos terapêuticos que previnem o câncer trofoblástico. A doença gestacional também é uma neoplasia.
O Centrogesta atende mulheres com mola hidatiforme, um distúrbio da gravidez em que a placenta e o feto não se desenvolvem adequadamente.
Diversas mulheres de Porto Velho acometidas por mola hidatiforme trofoblástica tiveram licença para engravidar e geraram bebês saudáveis de cinco anos para cá. Mulheres em idade fértil também adoecem, alerta a médica ginecologista e diretora do Centrogesta, Rita de Cássia Alves Ferreira.
As mulheres com mola hidatiforme, a doença trofoblástica, são consultadas e atendidas na Unidade de Oncologia (Unacon), no prédio do antigo Hospital Barretinho, próxima ao Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho.
O acompanhamento psicológico e de suporte à família, sobretudo o vínculo ao programa de atendimento, evita que a paciente não abandone o tratamento. Dessa maneira, conforme explica a psicóloga Rose Britto, grupos de WathsApp localizam as mulheres, incentivando-as a retornar ao tratamento, caso o tenham interrompido por algum motivo.
PRESTAÇÃO DE CONTAS E DIVULGAÇÃO
Um mês atrás, o Cengrogesta mostrou sua atuação durante o 20º Congresso Brasileiro e 6º Congresso Sul Americano de Doença Trofoblástica.
Os primeiros levantamentos revelaram carência de informações tanto entre a população quanto entre profissionais. No período 2018-2019 a situação melhorou, e a pandemia do novo coronavírus evidenciou a realidade: pacientes de mola não sabiam como procurar apoio. A divulgação tornou a doença conhecida.
“Formada a rede de apoio, hoje os dados servem para o Estado cuidar da saúde da mulher, e ao mesmo tempo ter certeza de caminhar para boas políticas públicas”, assinala a psicóloga.
“Além da divulgação feita em visitas de trabalho, passamos a treinar e capacitar equipes, sempre enfatizando a mola hidatiforme e a possibilidade de cura”, diz a psicóloga.
Todas as vezes que equipes da Agevisa visitam as regionais de Saúde do interior rondoniense, desenvolvem o seu trabalho e também dão atenção à doença trofoblástica gestacional. Eis a razão do êxito esperado no sentido de que médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares possam identificar quando a mulher a tem.
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* Existem dois tipos de gravidez molar: a mola hidatiforme completa, que na maioria das vezes se desenvolve quando um ou dois espermatozoides fertilizam um óvulo que não tem núcleo e DNA. E, a mola hidatiforme parcial ou incompleta, onde é possível observar um feto, entretanto ele normalmente apresenta grande quantidade de malformações.
UMA VEZ POR SEMANA
O atendimento à mulher com diagnóstico de câncer acontece na quinta-feira, das 13h às 18h, na Unacon, onde funciona o Centrogesta. Grupos de WayhsApp permitem que elas estejam próximas e recebam orientações e informações.
SAIBA MAIS
► Atualmente, 75% das mulheres com gravidez molar em tratamento no Centrogesta têm idades entre 18 e 30 anos.
► Em 2019, o tratamento ambulatorial somou 323 atendimentos, com 26 novas pacientes. Destas, 12 engravidaram dando à luz bebês saudáveis.
► Desde o início da pandemia do novo coronavírus [Sars-CoV-2] até setembro deste ano, 76 pacientes passaram pelo Centrogesta, 16 delas, novas na estatística.