A 1ª Vara Cível de Porto Velho decidiu manter a liminar que determina a reintegração de posse das propriedades invadas pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) no município de Seringueiras (RO), distante a 560 quilômetros da capital. A decisão veio durante audiência de conciliação realizada nesta sexta-feira (19). Também foi autorizada a entrada de alimentos para os acampados, que será entregue por um veículo oficial do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A decisão do juiz agrário Jorge Luiz dos Santos Leal, manteve a decisão de reintegração nas Fazendas Bom Futuro, Fazendas Terra Boa e Fazenda Recanto da Paz, ocupada por membros da LCP desde o dia 17 de julho. Porém, a ação será executada somente após uma negociação que tentará a desocupação pacífica.
Os acampados deverão ser levados para uma instalação provisória e posteriormente a um local em definitivo, que deve estar distante a no mínimo 100 quilômetros da região invadida. O Incra deverá realizar o assentamento dessas famílias. O prazo para negociação de acordo é até a próxima quarta-feira (24).
A entrada de alimentos, que estava proibida desde o começo deste mês de agosto, foi autorizada, desde que a entrega dos produtos seja realizada por um veículo oficial do Incra e seja submetidos a vistoria, para que drogas e armas não entrem nas propriedades invadidas.
A Justiça acredita que na próxima segunda-feira (22) a desocupação voluntária aconteça e que os integrantes da LCP deixem a fazenda. As negociações serão intermediadas pelo Incra, para garantir a segurança das pessoas e o compromisso da Liga em não voltar a invadir propriedades na região.
Uma nova reunião para discutir a situação está marcada para este sábado (20), com os órgãos envolvidos e representantes da LCP, no município de Seringueiras.
Invasão
Conforme informações da polícia, dois ônibus lotados estacionaram na entrada da fazenda Bom Futuro no dia 17 de julho. Seis homens armados desceram e caminharam em direção à propriedade, onde fizeram o dono da fazenda e um funcionário refém. Outro funcionário percebeu a movimentação e conseguiu se esconder na pastagem e ligar para a Polícia Militar (PM).
Os reféns foram mantidos amarrados e encapuzados. Horas depois foram obrigados a deixar a fazenda. Além dos ônibus, diversos veículos de passeio foram vistos adentrando a fazenda após a invasão.
1° reintegração
Uma ação de reintegração foi realizada no último dia 21 de julho, mas os invasores atiraram contra o helicóptero do NOA, o que motivou a PM a abortar a missão.
O desembargador do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), Rovilson Teixeira, suspendeu no dia 28 de julho a liminar que concedia a reintegração de posse da fazenda, definindo a situação como conflito agrário.
No último dia 13 de agosto, os acampados da LCP atiraram novamente contra o helicóptero do NOA, segundo a PM.
Interdição BR-429
Por causa da invasão da fazenda Bom Futuro, produtores e fazendeiros já fecharam a BR-429 duas vezes em menos de um mês. O primeiro bloqueio foi no final de julho e teve a participação de 200 pessoas. No dia 15 de agosto, os manifestantes fecharam novamente a rodovia federal para pedir providência aos governo do estado.
Na ocasião, o grupo pedia a reintegração de posse da fazenda e também o reforço policial na área próxima da fazenda.O governo atendeu ao pedido de reforço e, no dia 17 de agosto, os produtores decidiram liberar a rodovia.