O traficante Lenon Oliveira do Carmo, que fez ao menos cinco procedimentos estéticos para fugir das autoridades, possui um patrimônio estimado de R$ 5 milhões em nome de laranjas, segundo investigação preliminar da Polícia Civil. Foragido desde 2018, o criminoso que lidera uma facção no Amazonas foi preso no sábado (17) em um bairro de classe média na Região Metropolitana de Fortaleza, no Ceará.
Até o momento, os investigadores identificaram duas casas de luxo no Ceará, uma delas em reforma. Lenon também estava construindo um complexo de lazer para traficantes em uma propriedade invadida em Manaus. O local funcionaria como uma espécie de bunker para os criminosos.
De acordo com o secretário de segurança pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, o traficante era discreto e quase não falava por telefone com familiares, mas levava uma vida “nababesca”, que chamou atenção das autoridades.
“Ele levava uma vida discreta, porém luxuosa. Estava construindo uma mansão no município de Icaraí, sendo que já morava muito bem. E tinha construído um complexo de lazer para os traficantes a ponto de aterrar um braço de um rio, para desviar e ter um balneário particular”, disse.
Segundo a polícia, Lenon estava morando com sua namorada, sogra e sobrinhos, além de receber alguns amigos. Ele foi localizado após três meses de investigação. No momento da detenção, ele visitava uma residência de luxo que estava construindo próximo à praia de Icaraí, na região litorânea.
O traficante foi recapturado em operação coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) com apoio do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc) e da Polícia Civil do Amazonas e do Ceará. Ele segue detido na capital cearense, mas será transferido para Manaus em breve.
Para despistar as autoridades, Lenon fez plásticas no nariz e na orelha, preenchimento labial e harmonização facial, além de apagar uma tatuagem. Ele também usava identidade falsa, com nome de Aylon Soares Cardoso.
Lenon havia sido preso pela última vez em fevereiro de 2018. Em julho do mesmo ano, foi transferido do sistema prisional de Amazonas junto com outros oito líderes de facções, após o estado bater recordes de homicídio, com mais de 100 naquele mês referentes a disputas de tráfico.
Depois de quatro meses no presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte, ele retornou ao Amazonas, onde obteve o direito a prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. O traficante, no entanto, destruiu o equipamento e fugiu do estado.
Apontado como o 02 de uma facção criminosa no estado, Lenon tem envolvimento em uma série de homicídios relacionados ao tráfico de drogas. Ele teve participação na chacina ocorrida em 2017 no Complexo Penitenciário Antônio Jobim (Compaj), quando 56 detentos foram brutalmente assassinados.
Há cerca de dois anos, o traficante trocou uma facção local por outra oriunda do Rio de Janeiro, na qual assumiu posto de comando. Segundo as investigações, ele era uma espécie de executivo do presidiário Gelson Carnaúba, conhecido como “Mano G”, quem chefiava a organização criminosa.
“Ele era de uma facção local e migrou para uma de fora. Só tinha subordinação a uma pessoa no estado, era o 02 da facção. Uma pessoa extremamente violenta, que mandava esquartejar, responsável por uma série de homicídios e que atuava com bastante rigor no controle de suas equipes e adversários”, afirmou Bonates.
Além de dominar o tráfico doméstico em vários bairros de Manaus, Lenon também articulava invasões de terra na capital com ajuda de uma milícia armada.
Fonte: Epoca