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Jaru, 23 de novembro de 2024

Bilionário doou sua fortuna para não ‘morrer rico’

Charles “Chuck” Feeney é um bilionário que sempre sonhou não em acumular mais e mais riqueza — e sim em doar todo o seu dinheiro para fins beneficentes.

Ele conseguiu.

O empresário americano, de 89 anos, chegou há poucos dias ao seu objetivo de doar quase US$ 8 bilhões (cerca de R$ 45 bilhões) em ações de caridade pelo mundo.

Dinheiro que ele nunca usou para viver um estilo de vida compatível com sua renda. Ele não tem casa ou carro e é famoso por usar um relógio que custou apenas US$ 15 (R$ 84).

“Tive uma ideia que nunca me saiu da minha cabeça: a de que você deve usar sua riqueza para ajudar as pessoas”, já afirmou o filantropo.

E, por muito tempo, ele doou dinheiro anonimamente.

Quando o jornalista Gerardo Lissardy, da BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, perguntou ao bilionário em 2017 por que fazia isso em segredo, ele respondeu: “Para não ter que explicar às pessoas o motivo”.

De acordo com Conor O’Clery, que escreveu uma biografia de Feeney, a inspiração veio do ensaio Riqueza, também conhecido como O Evangelho da Riqueza, do famoso filantropo americano Andrew Carnegie.

Frases como “morrer rico é morrer em desgraça” deixaram uma marca em Feeney.

Ele viajou o mundo em segredo, buscando projetos em que acreditasse, e por isso foi apelidado de “James Bond” da filantropia.

O’Clery diz que o bilionário está hoje “muito feliz” por ter concluído sua missão após quase 40 anos, o que virou motivo de celebração para o empresário e a esposa Helga, com quem mora em um apartamento de dois quartos na cidade de San Francisco.

Breve biografia

Charles F. Feeney nasceu em 1931 em Elizabeth, Nova Jersey, justamente na época da Grande Depressão dos Estados Unidos.

Sua mãe trabalhava como enfermeira em um hospital e seu pai era corretor de seguros.

Desde muito novo ele mostrou habilidade para empreender — aos 10 anos, vendia cartões de Natal de porta em porta.

Quando adolescente, Feeney se alistou no Exército e lutou na Guerra da Coreia.

Ele aproveitou um programa do governo americano para veteranos e se tornou o primeiro membro de sua família a ir para a faculdade.

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Depois de se formar na Universidade Cornell, em Nova York, ele abriu seu próprio negócio vendendo produtos para soldados americanos em missão na Europa.

Esse modelo de negócios evoluiu para a Duty Free Shoppers (DFS), a empresa de vendas isentas de impostos para viajantes, com lojas em aeroportos e portos, que ele cofundou com Robert Miller em 1960.

A DFS agora emprega mais de 9 mil pessoas e se descreve como “a varejista de luxo líder mundial no ramo do turismo”, com bilhões em vendas.

“Com a riqueza, vem a responsabilidade”, disse em algumas ocasiões.

“As pessoas devem se definir ou sentir a responsabilidade de usar parte de seus recursos para melhorar a vida de seus pares, ou então criarão problemas insolúveis ​​para as gerações futuras.”

‘James Bond’ da filantropia

Em 1982, Chuck criou a Fundação Atlantic Philanthropies, uma organização internacional com a finalidade de distribuir sua fortuna para boas causas e projetos em todo o mundo.

Nos primeiros 15 anos, Feeney secretamente doou dinheiro, até que sua filantropia saiu do anonimato em 1997.

Desde a criação da Atlantic Philanthropies, já foram quase US$ 8 bilhões em doações.

Na América Latina, a fundação doou US$ 66 milhões (R$ 370 milhões) para organizações com projetos de saúde em Cuba.

“Alguns investimentos também financiaram trabalhos para ajudar a normalizar as relações entre Cuba e os Estados Unidos”, diz a fundação.

As verbas também financiaram projetos na Irlanda do Norte, Estados Unidos, Austrália, África do Sul e Vietnã.

A Atlantic Philanthropies anunciou que deixará de operar depois do último dia de 2020, já que a meta de Feeney foi alcançada.

A filosofia do empresário de “dar enquanto se vive” inspirou outros bilionários, incluindo o cofundador da Microsoft Bill Gates e o investidor Warren Buffett — ele no entanto não é tão conhecido quanto alguns de seus fãs bilionários, possivelmente por ter doado secretamente durante os primeiros 15 anos de sua missão.


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