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Jaru, 2 de novembro de 2024

Jaru: Grupo suspeito de extermínio queria fazer ‘limpeza social’, diz PF

Em coletiva na manhã desta quinta-feira (7), a Polícia Federal (PF) de Rondônia disse que os crimes cometidos pelo grupo de extermínio comandado por policiais militares na região do Vale do Jamari eram por motivos fúteis e muitas vezes de cunho ‘da ideologia da limpeza social’ ou de ‘higienização social’. Os policiais envolvidos executavam como forma de justiça privada, assassinando pequenos infratores locais, usuários de droga e atuando contra aqueles que de alguma forma pudessem incriminá-los.

A declaração foi feita após a deflagração da Operação Mors que investiga cerca de 100 assassinatos ocorridos desde 2009 e atentados à casas de juízes e promotores de Jaru e Pimenta Bueno. Em levantamento preliminar são mais de 30 homicídios já atribuídos ao grupo. Foram presas 13 pessoas, sendo 11 PMs. Um outro suspeito de envolvimento está foragido. Atuaram na operação 250 policiais, que cumpriram 14 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão.

De acordo com o delegado Eduardo Gomes, chefe da investigação da PF, não haviam critérios específicos para as execuções. “Continuavam ocorrendo as mortes com a ideologia da limpeza social. O crime evoluiu, as motivações são as mais variadas, interesses pessoais, interesses financeiros, motivos fúteis e inclusive o interesse do grupo em manter o anonimato, executando testemunhas”, diz Gomes.

Em 2014, os homicídios se intensificaram. Segundo a polícia, o grupo perdeu o controle de suas ações. “Foram intimidados funcionários da Justiça, Ministério Público, presidente da OAB, sendo suas residências alvejadas como forma de retaliação. Houve outros homicídios de advogados e empresários”, afirma Gomes. Para a PF, existe a suspeita da participação de políticos, porém, não há indícios e provas para citar nomes ou prender suspeitos.

O coronel da Polícia Militar e coordenador regional de policiamento, Plínio Sérgio Cavalcanti, ressaltou que as devidas providências serão tomadas sobre o caso. “Agora a PM vai adotar os procedimentos cabíveis à instituição, que são os processos administrativos para apurar a conduta dos policiais. Para nós da PM é triste essas prisões porque são integrantes da coorporação, mas por outro lado é importante pois afastamos da atividade esses indivíduos”, disse.

Calvacanti também comenta sobre as motivações do crime. “A sociedade não pode tolerar esse tipo de conduta de se tirar a vida, fazer a higienização social. E segundo as investigações esse grupo vinha praticando esses homicídios por esses motivos”, ressaltou.

O procurador de justiça do Ministério Público do Estado de Rondônia, Cláudio Wolff Hager, falou sobre a atuação do MP na Operação. “A atuação do MP junto com a PF se deu a partir dos atentados às residências de promotores e juízes. Serão realizadas ainda a apuração das provas que foram coletadas e mais as instruções judiciais que vão acontecer a partir das denúncias”, relata.


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