A Polícia Militar (PM) do Estado de Rondônia suspendeu o apoio às fiscalizações ambientais realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Em um ofício do dia 9 de junho, a decisão foi justificada pela “exposição das guarnições policiais militares a riscos desnecessários decorrentes da revolta da população circunvizinha às inutilizações e daqueles que veem seus bens destruídos pelo fogo”.
A apreensão e a inutilização de qualquer equipamento usado em crime ambiental é um procedimento previsto em decreto federal. O apoio militar dá mais segurança aos funcionários do Ibama e ICMBio durante as ações contra o desmatamento na Amazônia.
O Comandante Geral da polícia no estado, coronel Alexandre Luis de Freitas Almeida, que assinou o ofício, informou que os trabalhos de proteção devem ser retomados na próxima semana. “A gente retirou o apoio temporariamente, mas já foi resolvido. Houve uma reunião e os apoios voltam na quinta-feira”, disse.
No entanto, ainda não há revogação da suspensão do apoio no sistema eletrônico do Governo do Estado.
Período de queimadas em Rondônia
O período de inverno no hemisfério sul do planeta é conhecido na região pelo tempo seco. Nesse período, a quantidade de focos de calor costuma crescer na Amazônia. Em Rondônia, o número de queimadas aumentou em 2020, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De janeiro até 8 de junho foram registrados pelo instituto 235 focos de queimadas, o dobro se comparado com o mesmo período de 2019, que teve 117 casos.
“Quando você tem a PM de Rondônia negando esse combate, a fazer a proteção à natureza, sinaliza aos criminosos que eles podem fazer o que quiserem nessas áreas que não serão fiscalizados”, afirma o professor doutor em geografia humana da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Ricardo Gilson.
O Jornal Nacional tentou contato com o Ibama e o ICMBio, mas não teve resposta. O vice-presidente da República Hamilton Mourão, que é presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, disse que não tem conhecimento da situação.