Máscaras são trocadas por alimentos e doações são feitas para população vulnerável
Um belo exemplo de solidariedade em Rondônia surgiu há 15 dias, através da estudante de 12 anos, Maria Luiza Larios. Junto com a família, ela já produziu aproximadamente 2 mil máscaras que têm sido distribuídas de forma gratuita ou em troca de doações. Usando máquina emprestada, os voluntários nesta ação chegam a produzir cem unidades em duas horas. Só na última quarta-feira, 22, foram distribuídas 500 máscaras na cidade de Presidente Médici, na região central de Rondônia. Detalhe: a família tem negócios nesta cidade, mas mora em outra.
Em entrevista por vídeo chamada, a menina sorridente, com brilho nos olhos, conta como tudo começou. Ela, que é bailarina, atleta e medalhista de karatê, classificada para competições internacionais que aconteceriam este ano, também é conhecida como “Malu”, mora do bairro Boa Esperança na cidade de Rolim de Moura, Zona da Mata do Estado. E explicou que foi para suprir a necessidade de máscaras em casa, para avós e familiares, que ajudou a mãe a confeccionar as primeiras unidades, usando a máquina de costura emprestada pela avó.
Mas, foi na companhia do irmão, varrendo a calçada, na frente de sua casa, que observou várias pessoas e “senhores voltando bravos” por não conseguirem entrar nos comércios sem máscaras. Assim, ela correu até a mãe e pediu as primeiras unidades para fazer a doação. E foi também auxiliando a mãe, ao estender a roupa, que pensou em deixar as unidades para doação em um varal. Para seguir ajudando sem se expor.
“Lembro que colocamos cinco unidades no primeiro dia no varal. Eu e meu irmão ficamos disfarçados, varrendo a calçada pra olhar a reação das pessoas. Aí, assim, alguns começaram a pegar, mas também queriam doar algo em troca”, conta Malu, que disse ter colocado, nesse momento uma bacia para receber doações de alimentos e tecidos. E também quem precisa pode passar e já levar os alimentos que estejam no local.
“Teve um senhor que deixou cinquenta reais, eu e meu irmão pegamos aquele dinheiro e ficamos surpresos com o quanto de tecido conseguimos comprar. Fizemos máscaras até outro dia com aquele material. Foi bem legal!”, revelou, e seguiu contando entusiasmada sobre a iniciativa que agora já ganhou nome nas divulgações: “Varal Solidário”. Segundo Malu o projeto inclusive obrigou pessoas que estavam praticando preços abusivos na venda de máscaras a diminuírem o valor, já após as primeiras doações na comunidade local.
SOLIDARIEDADE EM FAMÍLIA
Pai, irmão, vizinha e a mãe dizem já ter mudado a rotina, dedicando algumas horas para a produção. Mas a mãe, Cristiane Larios, 38, que é professora, ainda resiste em falar sobre a iniciativa de modo que haja exposição.
“O bem pode ser feito sem que a gente apareça, afinal, são várias pessoas que já têm contribuído. Seguimos com uma única máquina, mas contamos com muitas pessoas solidárias à iniciativa. Aqui em casa todos ajudam. E para as crianças é muito impactante. Sei que este é um jeito simples de transformar. Afinal, uma rede grande começa com um fio, e quando a gente vê, a rede já tá feita”, afirma.
A DIVULGAÇÃO E O PROJETO EMBAIXADORES DA EDUCAÇÃO
A divulgação surgiu quando foram deixadas 500 unidades, em varais, distribuídos em dois pontos comerciais e rádio comunitária na cidade de Presidente Médici, em viagem esta semana. Lá surgiram voluntários que ficaram responsáveis em distribuir o que fosse arrecadado, tendo a ação movimentado os grupos nas redes sociais da cidade. Além disso, a pequena Malu inscreveu sua iniciativa no Projeto Embaixadores da Educação.
Após ver a divulgação de projeto que desafia alunos de escolas públicas de todo Brasil compartilhando campanha de educação sobre o Coronavírus em suas redes sociais, ela insistiu com a mãe para divulgar também a ação dela nas redes sociais. Malu, que é aluna do sétimo ano da escola estadual Nilson Silva, em Rolim de Moura, viu a oportunidade de divulgação da ação e pediu para mãe autorizar postagens sobre o tema.
Ao ser questionada sobre como convenceu a mãe em divulgar a iniciativa, a resposta veio com um belo sorriso e, sem titubear, a pequena Malu explicou: “Eu posso Incentivar mais crianças a fazer mais pelos outros. O mundo está em um momento difícil e numa fase de vícios. Esquecemos as brincadeiras do cotidiano. Nossa rotina não pode ser só com tecnologia, há brincadeiras legais e iniciativas através das quais podemos nos cuidar e também ser solidários. Nos divertimos até mesmo ajudando em casa, podendo surgir uma ideia como a que eu tive”, concluiu.
Matéria:Folha do Sul online