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Jaru, 22 de novembro de 2024

Saída de Moro tem ligação com avanço nas investigações que apontam que Flavio Bolsonaro utilizava dinheiro das rachadinhas para financiar milícias

Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, teria financiado a construção de prédios ilegais da milícia do Rio de Janeiro com dinheiro público, do esquema de “rachadinha”, coletado no antigo gabinete dele na Assembleia Legislativa do estado. Essa denúncia é do site de The Intercept Brasil, que teve acesso a documentos sigilosos do Ministério Público do Rio.

O avanço nas investigações do caso teria sido um dos motivos para a pressão de Bolsonaro para que Sergio Moro trocasse o comando da Polícia Federal do estado e em Brasília. No entanto, o ex-juiz não aceitou e acabou deixando o Ministério da Justiça e da Segurança Pública.

Na entrevista coletiva em que anunciou a sua demissão, Moro declarou que o presidente queria alguém para quem ele pudesse ligar no comando da PF e que tinha existido interferência política nas investigações.

De acordo com o Intercept, as investigações cruzaram informações bancárias de 86 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema ilegal para descobrir como funciona o esquema. Flávio Bolsonaro receberia o lucro do investimentos da edificações por meio de repasses  do ex-capitão do Bope Adriano de Nóbrega, morto em fevereiro, e do ex-assessor Fábrício Queiroz.

Segundo o site, o esquema funcionava da seguinte maneira: Flávio pagava os seus funcionários com a verba do seu gabinete na Alerj. Na sequência, Queiroz, que é apontado como o articulador do esquema de rachadinhas e que o presidente afirmou no pronunciamento de sexta-feira conhecer desde a década de 1980, confiscava em média 40% dos vencimentos dos servidores e repassava esse valor para Adriano de Nóbrega, que é apontado pelas investigações como o chefe do Escritório do Crime, milícia especializada em assassinatos por encomendo.

A organização atua em Rio das Pedras e Muzema também na cobrança de “taxas de segurança”, ágio na venda de botijões de gás, garrafões de água, exploração de sinal clandestino de TV, grilagem de terra e construção civil.

As duas favelas tiveram um grande boom de construções irregulares nos últimos anos. O lucro desses prédios, segundo as investigações, também era dividido por Flávio, considerado o financiador do esquema com dinheiro público.

O Ministério Público apurou que os repasses da rachadinha para o capitão Adriano acontecia por meio des contas da sua mãe, Raimunda Vera Magaçhães, e sua mulher, Dabielle da Costa Nóbrega. Ambas tinham cargos comissionados no gabinete do deputado na Alerj entre 2016 e 2017 e foram nomeadas por Queiroz.

As investigações apontam que a mãe e a mulher de Adriano movimentaram ao menos R$ 1,1 milhão durante o período analisado.  Elas teriam feito repasse de dinheiro para algumas empresas, entre elas dois restaurantes, uma loja de material de construção e três pequenas construtoras, que teriam sido registrados em nomes de “laranjas” do Escritório do Crime

 

 

Terra


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