“A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), com apoio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e das Polícias Civis dos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Minas Gerais, deflagra, nesta quarta-feira, 16 de março, operação para prender criminosos apontados como autores dos ataques dirigidos à atriz Taís Araújo em sua página na rede de relacionamentos. A operação, coordenada pelo Delegado de Polícia Dr. Alessandro Thiers, titular da DRCI, tem como objetivo desarticular o grupo e cumprir quatro mandados de prisão e onze mandados de busca e apreensão em cidades brasileiras”, informou o comunicado.
Taís Araújo (Foto: Raphael Castello/ Ag. News)
Ainda de acordo com a assessoria, a polícia constatou que os ataques foram premeditados: “Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que as ofensas dirigidas à atriz foram premeditadas pelo grupo criado com uma única finalidade: praticar ataques de cunho racista em perfis de redes de relacionamento, páginas e contatos do aplicativo WhatsApp. O grupo atuava incitando seus membros para o cometimento das atividades ilícitas de discriminação racial. Os incitadores criavam grupos secretos e temporários para potencializá-los, e ainda, chegavam a informar maneiras de mascarar a conexão no intuito de tentar dificultar o rastreamento, objetivando a impunidade por tais crimes”.
Relembre o caso
A página de Taís Araújo no Facebook foi alvo de diversos comentários racistas em novembro do ano passado indignando a atriz. O alvo dos posts foi uma foto publicada por Taís um mês antes e ela garantiu que não apagará as mensagens. Na ocasião, a mulher de Lázaro Ramos também afirmou, em mensagem publicada na mesma rede social, que levaria o caso à polícia. “Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça”, escreveu ela.
Entre os posts abusivos havia comentários como: “Já voltou da senzala?”, “Cabelo de bombril”, “Cabelo de esfregão” e “Quem postou a foto desse gorila”. No Twitter, a hashtag #SomosTodosTaísAraújo, em defesa da artista, virou trending topic – assim como aconteceu em julho com a jornalista Maria Júlia Coutinho, que também foi vítima de ofensas racistas. “Agradeço aos milhares que vieram dar apoio, denunciaram comigo esses perfis e mostraram ao mundo que qualquer forma de preconceito é cafona e criminosa. E quero que esse episódio sirva de exemplo: sempre que você encontrar qualquer forma de discriminação, denuncie”, escreveu Taís. O caso ganhou notoriedade nacional e até mesmo internacional.
Grupo que fez ataque seria o mesmo do caso Maju
O EGO teve acesso às postagens do grupo ‘QLC The Return’, que seria responsável por orquestrar o ataque contra Taís na web. Lá, vários usuários comentaram a repercussão do caso e comemoraram o fato de não serem pegos pela Polícia Federal. Alguns perfis – que já são falsos – criaram outros fakes denunciando pessoas que não tinham a ver com o caso, para que a polícia se confundisse.
O grupo teria começado a organizar o ataque na noite de 3 de outubro. Um dos perfis escreveu: “Prepara os fakes que vamos zoar uma criola (sic) famosa”. Logo depois, um outro usuário incita os participantes do grupo a ofender Taís Araújo e curtir os comentários polêmicos. “Comenta xingando essa macaca, quem não laikar (curtir) os comentários lá vai tomar ban (ser banido)”, escreveu após compartilhar a foto que recebeu os comentários racistas. De acordo com uma fonte do EGO, a maioria dos perfis é criado por adolescentes entre 15 e 20 anos, de classe média. Em uma das postagens, um usuário disse estar com medo de ser pego pela Polícia Federal por conta da repercussão.
Polícia já suspeitava de quadrilha
A polícia não confirmou nenhum suspeito, mas em entrevista ao site, o delegado Alessandro Thiers disse que já desconfiava de um grupo orquestrado: “Estamos suspeitando também de uma possível formação de quadrilha. Há possibilidade de haver uma quadrilha organizada para a prática desses crimes de preconceito. Ou seja, difundindo ódio pela internet. E a Polícia Civil não vai admitir isso”.