O mês de outubro é internacionalmente conhecido como o ‘Mês de Luta Contra o Câncer de Mama’ e estimula a participação da população, empresas e entidades na promoção de ações voltadas para a prevenção da doença. No Brasil, o câncer de mama é o tumor que mais mata as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para este ano são esperados 50 mil novos casos e aproximadamente 10 mil mortes. Em conversa com o G1, a médica ginecologista Ketty Berno, fala sobre alguns cuidados que a doença requer. E de acordo com ela, os exames e o diagnostico precoces são os principais passos para a detecção e tratamento da doença. “Tradicionalmente a mulher é a pessoa que se preocupa com todos da família, como marido e filhos, e acaba esquecendo de cuidar de si mesma e, quando percebe, muitas vezes já é tarde demais. Na verdade, o importante é que ela esteja bem para que a família dela também esteja bem”, disse. De acordo com a médica, o melhor diagnóstico para a detecção do câncer de mama é a mamografia, que é um exame de radiografia da mama, realizado por um aparelho chamado mamógrafo. Ele permite a detecção de lesões em fase inicial, muito pequena, fator primordial para o tratamento da doença, com até 95% de chances de cura. “A mamografia é capaz de detectar tumores bem pequenos, de milímetros, pois estão em fase inicial, e deve ser realizada anualmente, por mulheres com idades de 40 a 70 anos”, explicou. Medo do exame Ketty afirmou ser comum muitas mulheres deixarem de fazer o exame por medo de o procedimento ser doloroso, ou descobrir que estão com a doença. “Eu compreendo elas, mas como profissional da saúde tenho que reprovar esse comportamento. Pois é através desse exame que são detectados a maior parte do câncer de mama. E quanto mais cedo se descobre a doença, mais chances de ser tratada ela terá. A dor e desconforto provocados são suportáveis, bem inferiores a outras dores que as mulheres enfrentam no dia a dia”, observou. Autoexame das mamas Conforme a médica, o autoexame das mamas pode ser realizado pela própria mulher, e ajuda na identificação de nódulos (caroços) maiores. O autoexame, feito através da inspeção e toque nos seios pela própria mulher, preferencialmente após o período menstrual, também é recomendado em todas as idades. No entanto, o exame realizado pela própria mulher não substitui o exame físico realizado por um profissional de saúde (médico ou enfermeiro). “Esse exame ajuda na identificação de nódulos maiores, mas não significa que todos os caroços são cancerígenos. Por isso um profissional deve ser consultado para análise da situação”, alertou. Prevenção Conforme a ginecologista existe uma série de fatores que contribuem para o desenvolvimento do câncer de mama. Um deles é o histórico da doença na família, especialmente se um ou mais parentes de primeiro grau, como mãe ou irmã, foram acometidas pela doença antes dos 50 anos de idade. Como prevenção, ela recomenda a adoção de um estilo de vida saudável. “É recomendado que a mulher tenha uma alimentação saudável, evitando o máximo o sedentarismo e stress”, enfatizou. Contradição O mês de outubro é todo dedicado aos cuidados com a saúde das mulheres, principalmente na prevenção do câncer. As ações fazem parte da campanha nacional Outubro Rosa, que estimula a prevenção do tipo de câncer que tem tirado a vida de muitas mulheres. Apesar de a mamografia ser indicada como a melhor maneira para a detecção do câncer de mama, as unidades básicas de saúde não possuem mamógrafos, por esse motivo muitas mulheres acabam deixando de fazer o exame, ou são obrigadas a procurar a rede privada. Um exemplo é a dona de casa Margaret Gobi Leonardeli, que já teve casos da doença na família. “Foram dois casos de câncer de mama. Primeiro foi uma tia minha e depois foi minha mãe. E isso me preocupa bastante. Todo mês faço o autoexame em casa. Mas a mamografia, por não ser oferecida pela rede pública, já faziam dois anos que não realizava o exame”, declarou.
