Pela primeira vez, nesta terça-feira (20), Rondônia exporta 18 containeres de carne bovina e 14 de teca (madeira de reflorestamento de origem asiática) para a Europa, via porto de Belém (PA), economizando tanto em distância quanto em valor de frete com relação aos portos de Manaus (AM) e Paranaguá (PR), rotas usadas até o momento. Os destinos finais são os Portos de Rotterdam e Tiel na Holanda.
Numa parceria do governo de Rondônia com os Frigoríficos Friboi, Minerva, Tangará e JBS de Rondônia e as empresas de transporte Atlântica Matapi de Belém e CMA CGM da França (terceiro maior armador do mundo), está sendo experimentada pela primeira vez a rota porto fluvial de Porto Velho, porto fluvial e marítimo de Belém, até os portos marítimos da Holanda.
O trecho fluvial, entre Porto Velho e Belém, fica a cargo da empresa Atlântica Matapi que fará o transbordo no dia 28 de outubro para o maior navio de carga do mundo, CMA CGM Jules Verne, de 400 metros, (com capacidade para 18 mil containeres), que fará o trecho marítimo, via Oceano Atlântico, até os portos de Rotterdam e Tiel, conforme o diretor comercial da empresa francesa no Brasil, Márcio Assis.
“Inicialmente estamos levando uma pequena carga de carne bovina, em 18 containeres refrigerados (510 toneladas), a fim de verificar a viabilidade da rota via Belém. Sabemos que o transit time (tempo de trânsito) será menor e o valor do frete fluvial muito mais competitivo”, disse Carlos Pinto Júnior, diretor comercial da Atlântica Matapi.
Em comparação com a rota via Porto de Paranaguá, quando o exportador somente pode faturar a mercadoria 70 dias depois de enviada, via Porto de Belém, agora o faturamento pode ser feito em 30 dias, segundo Carlos Pinto.
Dário Lopes, da empresa BDX Florestas, especializada em comercialização de teca explicou que a adaptação da teca em Rondônia é surpreendente, com rendimento superior a 25% a qualquer outro lugar do planeta, e com menos de 15 anos já atinge a maturidade e pode ser comercializada. “Nossos principais mercados consumidores são Índia, Vietnam, Singapura e vários países da Europa”, assinalou.
A BDX Florestas já comercializa a teca desde 2013, ano em que exportou 35 containeres, contendo 600 m³ (metros cúbicos). Em 2014 a exportação aumentou para mais de 1.090 containeres, contendo 19.100 m³, gerando uma renda líquida de U$ 9.2 milhões (R$ 27,6 milhões em câmbio da época) para o estado. “Desde o início tivemos a ajuda da Seagri [Secretaria de Estado da Agricultura] nos trâmites legais. Este ano a previsão de envio para o exterior é de ao menos 2.600 containeres, contendo 45.000 m³, mais do que dobrando o volume exportado e a arrecadação para Rondônia”, afirmou Dário Lopes.
Outros produtos que já possuem certificação para exportação (Sistema de Inspeção Estadual – SIE – e Sistema de Inspeção Federal – SIF), como os peixes tambaqui e pirarucu, o café clonal e o cacau, já estão nos planos das parceiras Atlântica Matapi e CME CGM. “Isso porque somos especialistas em logística fluvial e marítima, dispomos de containeres dry (para cargas secas) e refrigerated (cargas que necessitem de refrigeração) e também os maiores e melhores navios que garantem rapidez e segurança”, afiança Márcio Assis.
O secretário da Agricultura de Rondônia, Evandro Padovani, disse que os projetos que visam exportação dos produtos de Rondônia são prioridade no governo Confúcio Moura, e a abertura de novas rotas que reduzam o custo e o tempo entre os mercados consumidores da Europa, Estados Unidos e Ásia, aumentam a rentabilidade das empresas e antecipam a arrecadação de impostos são vitais para a economia do estado.