rta o tempo de tratamento, o que contribui para uma melhor adesão ao medicamento.
Ao contrário do que vem ocorrendo com o uso de primaquina, medicamento utilizado há mais de 60 anos, administrado, diariamente, por um período de até 14 dias, a “tafenoquina poderá ser aplicada em uma única dose, já que tem ação que alcança mais de 20 dias, apresentando chances de cura radical, porque atua diretamente na forma hepática da malária vívax (os hipnozoítos), evitando as chamadas recaídas, que são o retorno da doença, ocasionando um novo ciclo de malária no paciente, com infecção da corrente sanguínea”, esclarece o especialista em medicina tropical.
Com a aprovação pela Anvisa, o Brasil se tornou o primeiro país com malária endêmica a regular a tafenoquina como medicação a ser disponibilizada à população em geral pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O uso da tafenoquina foi liberado pela primeira vez em julho de 2018, pela Agência Regulatória Norte-americana Food and Drug Administration, e em setembro do mesmo ano pela Agência Australiana Australian Therapeutic Goods Administration.
Essas aprovações regulatórias foram baseadas em dados de eficácia e segurança de um programa de desenvolvimento clínico global abrangente para a cura radical de malária provocada pelo Plasmodium vívax, realizado em nove países com casos endêmicos da doença, incluindo o Brasil.
Os estudos com tafenoquina iniciaram com o Exército Americano há pelo menos 30 anos. Mas nos últimos dez anos, uma parceria entre a organização não-governamental Medicines for Malaria Venture (MMV) e a farmacêutica britânica GlaxoSmithKline, com apoio da Fundação Bill and Melinda Gates possibilitou a fase clínica dos estudos realizados no Peru, Índia, Vietnã, Etiópia e no Brasil, nas cidades de Porto Velho (RO) e Manaus (AM).
ESTUDOS DE VIABILIDADE
O próximo passo será a realização de um estudo, pelo Ministério da Saúde, em parceria com outras instituições, para avaliar a implementação do uso do novo medicamento em pacientes com malária no Brasil.
Dhélio Pereira explica que, “o principal objetivo é avaliar a inclusão do teste da atividade da enzima G6PD no organismo e a escolha do tratamento, uma vez que cerca de 5% da população, no país, tem deficiência da atividade desta enzima em algum grau. Assim, se o teste apontar para a normalidade, o paciente poderá tomar tafenoquina, se a atividade da enzima for moderada ou leve, poderá ser medicado com primaquina, mas se a deficiência da enzima for em grau elevado, o paciente poderá ser medicado com primaquina, de forma monitorada e semanal”, pontua o pesquisador, afirmando que o déficit desta enzima pode provocar efeitos colaterais graves ao paciente, se não ela não for identificada.
A ideia é oferecer um atendimento diferenciado após o diagnóstico de malária, e orientar profissionais que atuam na rede pública de saúde quanto ao novo modelo de tratamento. O levantamento final poderá orientar estados e municípios em ações eficazes para o diagnóstico e tratamento da malária.