A família de uma idosa de São Vicente, no litoral de São Paulo, recebeu uma notícia desagradável pouco mais de cinco meses após a morte dela. De acordo com familiares, funcionários de uma unidade de saúde do município entraram em contato para agendar uma consulta médica para a mulher, que faleceu em maio deste ano.
De acordo com a cuidadora Maria Luiza Belarmino, de 26 anos e neta da idosa Ozias Carneiro do Espirito Santos, a avó sofria com problemas cardiovasculares e recebia atendimento por meio da Unidade Básica de Saúde (UBS) Vila Margarida, em São Vicente. Maria Luiza conta que a avó não resistiu enquanto aguardava um retorno ao médico.
A neta conta que Ozias morreu no dia 12 de maio e, somente no dia 15 de outubro, pouco mais de cinco meses após o falecimento, a família recebeu um alerta de que havia um agendamento marcado para que a idosa comparecesse ao cardiologista. “Fiquei em choque quando vi a mensagem de que haviam marcado esse retorno para ela”.
O contato dos funcionários foi realizado através de um aplicativo de mensagem, por meio do qual estava cadastrado o contato de Maria Luiza. “Depois de tanto tempo eles avisaram. Sempre houve demora para marcar as consultas dela. Ela passou por uma cirurgia de cateterismo, e também teve muita demora, uma espera imensa.”
“A família ficou bem revoltada com a situação, porque isso mostra como está a nossa saúde pública. Ela estava bem debilitada, já nem andava mais, e não resistiu à demora. As pessoas precisam ficar atentas, já que para as autoridades é só uma pessoa a menos na fila”, conta.
Em nota, a Prefeitura de São Vicente explica, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), que a paciente vinha sendo acompanhada pela cardiologista da rede desde outubro do ano passado. Como a região onde a paciente residia era coberta por agentes de saúde, ela recebeu visitas destes profissionais em sua casa, para acompanhamento clínico.
A administração reforça, no entanto, que em dado momento, a paciente não foi mais encontrada em sua residência, o que impediu que os agentes seguissem com o atendimento até que ocorresse seu retorno ao cardiologista. A Sesau ressalta que a família não informou, em nenhum momento, para onde a levou, bem como não houve nenhum comunicado sobre a necessidade de medidas emergenciais em relação à paciente.