Em 2018 Rondônia registrou 691 novos casos de hanseníase, no ano anterior foram 517. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) esses números estão acima da média por habitantes.
De acordo com o enfermeiro Cleomar Nascimento, especialista na área, uma doença sob controle tem em média até 10 casos a cada 100 mil habitantes. Pelos dados de 2018, Rondônia teve mais de 38 casos a cada 100 mil habitantes, quase três vezes mais do que a OMS preconiza.
Rondônia ocupa a 6° posição em casos de hanseníase no Brasil. Na frente estão Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Piauí e Pará.
O autônomo João Batista percebeu os primeiros indícios da doença em 1998. Além de manchas pelo corpo ele começou a ter coceira nas pernas, braços e costas.
João foi diagnosticado com hanseníase nos anos 90 — Foto: Reprodução/ Rede Amazônica
“Eu fiquei todo empoladão, eu coçava com faca, eu coçava com tudo quanto é coisa. Uma vez eu coloquei até cigarro em mim e era a mesma coisa que nada”, lembra João.
Após ser diagnosticado com hanseníase ele passou por oito cirurgias e afirma que ficou com sequelas e sofreu preconceitos. Para João a maior dor foi ser excluído pelos que deveriam dar apoio no momento difícil.
Raniele Correia, moradora de Ouro Preto do Oeste (RO) foi diagnosticada com a doença aos 16 anos, com a descoberta a autoestima da adolescente foi abalada, por isso ela se isolou em casa.
“Achei que eu não ia conversar com mais ninguém”, diz.
Raniele foi diagnosticada com a doença aos 16 anos. — Foto: Reprodução/ Rede Amazônica
No início o diagnóstico de Raniele era de uma simples alergia, até que a hanseníase se espalhou e seus problemas de saúde se agravaram. Apareceram nódulos nos seus braços e pernas. Por conta da demora as sequelas foram inevitáveis, ela enfrentou duas cirurgias e perdeu a audição.
“As vezes eu não conseguia nem andar direito”, comenta Raniele.
A hanseníase é uma doença crônica transmissível. O recomendado é que ao notar qualquer mancha pelo corpo uma unidade de saúde deve ser procurada. Quanto antes for diagnosticada maiores são as chances de uma recuperação sem sequelas. Janeiro é considerado o mês internacional de combate a hanseníase, o objetivo é promover informações sobre prevenção, tratamento e reabilitação para desfazer preconceitos.
“Antes eu tinha vergonha, o preconceito vinha de mim mesma e hoje eu conto [da doença] para todo mundo. Não tenho mais vergonha de falar que eu tive hanseníase e hoje estou curada”, afirma Raniele.