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Jaru, 25 de novembro de 2024

Membro da alta cúpula do PCC será transferido para presídio federal de RO

Cláudio Barbará da Silva, conhecido no PCC (Primeiro Comando da Capital) apenas como Barbará, será transferido entre hoje e os próximos 30 dias da penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), onde está a cúpula da facção, para o presídio federal de Porto Velho, segundo seu advogado. Após solicitação do MP (Ministério Público), a Justiça paulistana autorizou a transferência dele e de mais seis integrantes do PCC, em novembro do ano passado.

Barbará, que já foi conhecido como “vice-chefe” da facção, é atualmente considerado principal nome da “sintonia final dos estados e países”, como é chamada a cúpula do PCC. Ele nega à Justiça envolvimento no crime organizado, mas Polícia Civil e MP afirmam que ele tem cargo de relevância dentro do grupo.

Nesta quinta-feira (10), houve movimentação no processo de transferência dos sete presos que já têm determinação da Justiça. São eles: José de Arimatéia Pereira Faria Carvalho, o Pequeno; Cristiano Dias Gangi, o Crisão; Reginaldo do Nascimento, o Jabotá; Almir Rodrigues Ferreira, o Nenê do Simione; Rogério Araújo Taschini, o Rogerinho; e Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden.

Nas movimentações, estariam aprovações de juízes federais para as transferências. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos outros seis. O advogado de Barbará pediu para não ser identificado. “Todas as vezes que me identificam, eu sofro ameaças, apesar de o meu trabalho ser legal. Todos têm direito à defesa”, afirmou ao UOL. Segundo ele, um juiz federal de Rondônia autorizou recentemente a transferência de seu cliente.

“A decisão de transferir já está determinada. É preciso que documentos sejam gerados, é preciso uma escolta especial, mas já foi determinado. O juiz daqui [São Paulo] já mandou. O juiz de Porto Velho já autorizou. Agora é só materializar essa transferência”, afirmou o advogado de Cláudio Barbará da Silva.

Ainda de acordo com o advogado, a defesa segue tentando reverter a decisão. “Eu falo pelo meu cliente. Não sei e nem me interesso pela decisão dos demais, que são dadas em processos diferentes. Não me preocupei em ver para onde os outros irão e nem se já foi autorizada a transferência dos demais. O meu cliente eu sei que vai para Porto Velho”, complementou. O advogado de Barbará afirma que ele só será transferido “por sua fama no crime”.

Procurada, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que “não confirma nem informa previamente sobre transferências por questão de segurança.” O Depen (Departamento Penitenciário Nacional) afirmou que apura as informações.

Operações Ethos e Echelon contra o crime

Barbará e os demais foram acusados pelo MP através de duas grandes operações recentes, batizadas de Ethos (que investigou a ação ilegal de advogados junto ao crime) e de Echelon (que investigou a expansão do PCC para todo o Brasil e outros países). Barbará foi denunciado por esta segunda.

Em fevereiro do ano passado, o chefe máximo da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Cleber Marcelino Dias dos Santos, o Clebinho foram condenados a 30 anos de prisão por causa da investigação Ethos.

Além dos sete presos denunciados pela operação Ethos, a Promotoria de São Paulo solicitou, no fim do ano passado, a transferência para presídios federais de outros 15 integrantes do PCC, investigados pela operação Echelon. Entre eles, Marcola. No entanto, esse novo pedido não foi apreciado pela Justiça, o que isolou como “inimigo do PCC” o promotor de Justiça Lincoln Gakyia, responsável pelas denúncias. O pedido deve ser analisado pela Justiça paulista no retorno do recesso forense, em 21 de janeiro.

A reportagem apurou que a ideia inicial do governo federal era agrupar todos os chefes do PCC no presídio federal de Brasília. Mas a medida não teve a batida de martelo. Além da prisão da capital do Brasil e de Porto Velho, há outros três para onde eles podem ser levados: Mossoró (RN), Campo Grande e Catanduvas (PR).

Política para tentar enfrentar o crime Na última terça-feira (8), o secretário da Segurança Pública de São Paulo, general do Exército João Camilo Pires de Campos, e os diretores da PM (Polícia Militar), coronel Alvaro Batista Camilo, e da Polícia Civil, delegado Youssef Abou Chahin, se reuniram com o ministro da Justiça, o ex-juiz federal Sergio Moro. Dois dias depois, o presidente Jair Bolsonaro recebeu o governador João Doria (PSDB), em Brasília.

O secretário da Segurança de São Paulo afirmou ao UOL que o foco da reunião foi a integração do estado no SUSP (Sistema Único de Segurança Pública), mas que foi falado sobre a violência que atinge o Ceará. São Paulo já conviveu, em 2006, com ataques do PCC –o que gerou mais de 500 mortes violentas em menos de um mês.

Em nota, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública informou à reportagem que o encontro –que não havia sido divulgado oficialmente– abordou, além do SUSP, a reforma da Lei de Execução Penal. Essa reforma tem apoio de João Doria, que prometeu, durante a campanha, apoiar, em Brasília, ações que visem a endurecer medidas contra a criminalidade.

Membros da cúpula da Segurança Pública paulista afirmaram à reportagem, porém, que é analisado, via governos federal e estadual, se há risco de represálias e ataques, nos moldes do que ocorre atualmente no Ceará, caso haja a transferência dos membros do PCC, de São Paulo para presídios federais. Por isso, a ideia é de que Marcola, caso seja transferido, seja um dos últimos.


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