Um dos cerca de 500 presos que estão fazendo uma rebelião Casa de Detenção Dr. José Mario Alves da Silva, o Urso Branco, em Porto Velho, disse nesta segunda-feira (19) que “o que tiver que acontecer, vai acontecer”. O motim teve início no domingo (18) e 38 familiares dos detentos estão sendo mantidos como reféns. Os presidiários estão soltos dentro da unidade, mas a Secretaria Estadual de Justiça (Sejus) garante que a situação está controlada. Por telefone, um dos detentos rebelados falou com a equipe de reportagem da Rede Amazônica, afiliada da TV Globo em Rondônia (assista ao vídeo). “Não dão atenção ‘pra nós’, nós não vamos liberar ninguém. O que tiver que acontecer, vai acontecer”, disse o presidiário, que não se identificou. Nesta manhã, alguns detentos subiram na caixa d’água do Urso Branco e penduraram faixas com inscrições de facções criminosas. Eles reivindicam mudanças na direção da unidade.
Do lado de fora, amigos e familiares dos presos aguardam uma solução e bloqueiam a via de acesso à penitenciária. Eles exigem a presença do corregedor-geral de Justiça do estado e de representantes de Direitos Humanos. As esposas de detentos que passaram a noite no local dizem ter ouvido barulhos de tiros e bombas. “Eles começaram a atirar por volta de 23h. Era bomba de efeito moral, tiro um atrás do outro, bala, bala, bala… E a gente ficou sabendo que tinha muito preso ferido lá dentro”, relatou uma delas. A Sejus não confirma a informação de que há presidiários feridos. Até as 14h desta segunda-feira (horário local), os 38 familiares continuavam dentro da penitenciária. Todos os detentos saíram das celas e estão soltos no presídio, mas, segundo a secretaria, não há risco de que os presidiários saiam do Urso Branco. No início da manhã, um grupo tentou fugir, mas foi contido pela força tática com balas de borracha. A Sejus informou ainda que o Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar foi enviado ao Urso Branco e deve entrar no presídio para conter os detentos. Também foi solicitado o envio de um negociador da PM para tratar com o presidiários. A rebelião De acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários e Socioeducadores do Estado de Rondônia (Singeperon), por volta das 17h de domingo, os detentos estavam com os visitantes na capela do pavilhão A. Quando os agentes anunciaram o encerramento do horário de visita, os presidiários se recusaram a liberar os familiares, fazendo os visitantes de “escudo humano”. Às 19h, a direção do Urso Branco teria tentado negociar com os presos. Ainda conforme o Singeperon, por volta de 1h, os presos quebraram uma parte da parede da igreja e invadiram outros pavilhões da penitenciária, libertando os demais detentos. Houve queima de colchões e depredação de celas.