Jaru Online
Jaru, 22 de novembro de 2024

Desmatamento pode causar extinção de uma das principais abelhas polinizadoras em RO, aponta pesquisador

Queimadas e desmatamento podem levar à extinção das abelhas-das-orquídeas, um grupo de espécies considerado como um dos mais importantes polinizadores. É o que aponta o pesquisador da área de ciências Biológicas, Cristiano Feitosa Ribeiro.

🔎Durante um estudo conduzido por Cristiano Feitosa Ribeiro e outros pesquisadores, mais de 2 mil abelhas-das-orquídeas de 48 espécies foram coletadas em Rondônia. A pesquisa foi publicada em maio deste ano na revista Conservação Biológica.

Ao g1, o pesquisador revelou que as mudanças no uso e na cobertura do solo afetam esse grupo de abelhas de duas maneiras, são elas:

  • Espécies mais sensíveis às condições ambientais podem desaparecer, ou seja, serem extintas em ambientes degradados (desmatado), pois necessitam de locais mais conservados para buscar alimento, construir seus ninhos e reproduzir.
  • Espécies mais tolerantes a ambientes degradados podem ter um aumento populacional, levando a um desequilíbrio ambiental.

 

Em meio a um período de seca extrema, o estado de Rondônia registrou 2.082 focos de queimadas nos sete primeiros meses do ano, o que corresponde a um aumento de 183% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 736 focos foram detectados.

De acordo com a plataforma MapBiomas, Rondônia teve mais de 9 mil hectares de floresta desmatados este ano: uma média de 291,4 hectares por dia.

Descoberta

🔎Durante um estudo conduzido por Cristiano Feitosa Ribeiro e outros pesquisadores, mais de 2 mil abelhas-das-orquídeas de 48 espécies foram coletadas em Rondônia. Entre elas, havia espécies inéditas e outras quatro que ainda não tinham sido registradas no estado. A pesquisa foi publicada em maio deste ano na revista Conservação Biológica.

🐝No Brasil, existem cerca de 141 espécies de abelhas das orquídeas catalogadas. Em Rondônia, mais de 50 espécies já foram identificadas: um dos estados com a maior diversidade desse grupo.

Essas abelhas, conhecidas como “Euglossini”, pertencem aos gêneros Eulaema, Euglossa, Eufriesea, Exaerete e Aglae.

Cristiano explica que uma das espécies da abelha-das-orquídeas, a ‘Euglossa Analis’, é indicadora de ambientes conservados. Elas geralmente encontradas em locais preservados e com cobertura vegetal.

” A Euglossa Analis’ é uma espécie que com o tempo pode ser difícil de ser encontrada aqui no estado pelo alto índice de desmatamento”, explica Cristiano Feitosa.

 

Já a ‘Eulaema nigrita’, por exemplo, é uma espécie de ambientes degradados e geralmente vivem em tais condições. Por isso, o desmatamento pode levar a um aumento excessivo de sua população, provocando um desequilíbrio ambiental, segundo o pesquisador.

Ao comparar áreas conservadas com assentamentos, os pesquisadores constataram que as regiões preservadas abrigavam uma maior quantidade das abelhas-das-orquídeas em Rondônia.

Principais polonizadoras

 

As abelhas-das-orquídeas são polinizadoras especializadas em florestas tropicais, do México ao Brasil. Além disso, esse grupo ajuda a polinizar espécies de pelo menos 30 famílias de plantas, incluindo a castanha-do-pará.

Um espécime do gênero Euglossa coletado durante o estudo em Rondônia, Brasil — Foto: Ismael Hinojosa, KU Biodiversity Institute.

Um espécime do gênero Euglossa coletado durante o estudo em Rondônia, Brasil — Foto: Ismael Hinojosa, KU Biodiversity Institute.

🌸A polinização nada mais é do que a transferência de pólen da estrutura masculina da flor para a estrutura feminina de outra flor ou da mesma. Esse processo é essencial para a reprodução das plantas e é geralmente realizado por agentes polinizadores, como insetos (abelhas, borboletas, etc..).

🌾Portanto, as abelhas-das-orquídeas, consideradas como importantes agentes polinizadores, influenciam diretamente a quantidade e a qualidade dos frutos e sementes da produção agrícola.

Além disso, essas espécies ajudam a entender como o desmatamento e as mudanças no uso da terra afetam os ecossistemas e a biodiversidade, segundo O estudo realizado pelo grupo de pesquisa que Cristiano Feitosa Ribeiro faz parte.

G1


COMPARTILHAR