🐊Naldo de Souza é manejador de jacarés há mais de 10 anos em uma Reserva Extrativista. Sua jornada começa após às 19h, em um barco raso. Ele tem apenas uma missão: capturar o réptil vivo.
🤿Márcio Bueno sempre gostou de adrenalinas. Atualmente ele é mergulhador no Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia e segundo a Organização Internacional do Trabalho, essa é a segunda profissão mais perigosa do mundo.
Barco raso e escuridão: capturador de jacaré
Naldo de Souza vive na Reserva Extrativista (Resex) Lago do Cuniã, situada no Baixo Madeira, em Porto Velho. Há mais de 10 anos, ele é membro da equipe de ‘jacarezeiros’ do único frigorífico com liberação para manejo de jacarés do Brasil.
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Naldo em pé com uma fita na mão enquanto seu parceiro de trabalho segura com um cabo o jacaré durante uma simulação de captura — Foto: Emily Costa/g1 RO
🔎 O frigorífico foi desenvolvido dentro da reserva para manter o controle da espécies de forma sustentável, além de ajudar na segurança da comunidade, que convive com mais de 36 mil jacarés. O abate acontece no período de liberação, que é estipulado pelos órgãos de fiscalização.
Naldo explica que durante o período de liberação de manejo dos répteis, as equipes são compostas por quatro embarcações com quatro trabalhadores em cada, onde realizam a captura, medições e sexagem da espécie: a missão é trazer, em média, quatro animais em cada barco.
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Captura de jacarés é feita á noite após as 19h em um barco ‘raso’ — Foto: Emily Costa/g1 RO
Os dias de captura são longos, isso porque Naldo e os outros ‘jacarezeiros’ (como são chamados os trabalhadores envolvidos no manejo dos jacarés) começam a trabalhar após às 19h. É nesse horário que os jacarés sobem à superfície e fica mais fácil visualizá-los.
Eles saem em um barco “raso” para que seja possível colocar o animal dentro de forma mais ágil. E na escuridão, Naldo utiliza apenas uma lanterna para focar a luz nos olhos do jacaré e temporariamente cegá-lo, o que permite a aproximação para a captura .
Em seguida é lançado um cabo de aço com uma presilha de modulação para ajustar ao tamanho do pescoço do jacaré.
Após vedar os olhos e a boca do animal com fita e amarrar os pés, os profissionais realizam a identificação sexual. Isso porque somente os machos podem ser abatidos. Se for capturada uma fêmea, ela é devolvida à natureza.
“Tudo é feito no escuro mesmo, mas a gente recebe treinamento, o que evita acidentes no abate e nos ajuda a conhecer melhor os animais”, explica o manejador.
Adrenalina no Madeira: o trabalho do mergulhador militar
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Mergulhador militar no rio Madeira — Foto: Arquivo pessoal
Márcio Bueno entrou na equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia (CBM) em 2006, quando concluiu o curso de formação de soldados. Sempre fascinado pela adrenalina, decidiu investir na carreira de mergulhador.
No início, enfrentou dificuldades nos treinamentos aquáticos, mas buscou superá-los. Em 2011, ele foi aprovado no processo seletivo interno para o Curso de Mergulhador Autônomo (CMAUT) do CBM.
Após 45 dias de desafios, recebeu o certificado. Para se ter uma ideia das exigências do curso, uma das provas é realizar a travessia do Rio Madeira.
“Atravessar o rio nem é a parte mais difícil. Precisamos ter muito controle emocional para gerenciar a fadiga e controlar o pânico quando estamos submersos”, explica Márcio.
As escalas de mergulho ocorrem em regime de sobreaviso, ou seja, cada mergulhador permanece uma semana de plantão: de terça-feira até segunda-feira seguinte. Durante esse período, Márcio precisa permanecer sempre disponível por telefone e não pode se afastar do local de trabalho.
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Corpo de Bombeiros de Rondônia tem equipe de mergulhadores do rio Madeira — Foto: Arquivo Pessoal
A equipe de mergulho, que geralmente é acionada para recuperar cadáveres ou objetos submersos, é composta por quatro mergulhadores no mínimo: dois ficam no fundo e dois na superfície.
Márcio explica que o principal equipamento de trabalho é o cilindro de ar respirável, que é o que lhe mantém vivo enquanto está submerso. Além de outros acessórios que facilitam no deslocamento e em situações de perigo.
O mergulhador conta que a profissão exige muito treinamento, mas ele é ainda maior quando se vive na região Norte, principalmente em Rondônia. Isso porque, mergulhar no rio Madeira é desafiador e já foi considerado ‘inapropriado’ para a atividade.
“Ele é um rio considerado inapropriado para mergulho, segundo Jacques Cousteau. Os perigos incluem fauna diversa, zero visibilidade, risco de soterramento, correntezas fortes, grandes embarcações e acidentes com toras. É um verdadeiro desafio”, explica.
G1