O júri começou por volta das 8h30 da manhã na comarca de Jaru (RO). A primeira pessoa a sentar na cadeira de testemunhas foi uma das irmãs de Ari. Emocionada, ela relembrou o dia do crime.
“Eu cheguei a dizer para a polícia: pode ser que meu irmão esteja dormindo”, contou ao relembrar que Ari foi encontrado caído em uma linha rural, ao lado da própria motocicleta.
Depois do depoimento da irmã de Ari, outras cinco testemunhas prestaram depoimentos, entre elas, familiares da vítima e do próprio réu.
João Carlos da Silva, acusado de matar Ari, começou a depor por volta de 11h30 da manhã. Ele negou a autoria do crime, alegou que considerava Ari um amigo e respondeu as perguntas da defesa e acusação.
O julgamento foi paralisado por volta de 12h40 para um intervalo de uma hora.
No fórum onde ocorre o júri, estão presentes familiares e amigos de Ari e ativistas indígenas que cobram justiça no caso e guardam a memória de Ari e seu trabalho em proteger a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau.
“Ari era um guardião da floresta e, portanto, ele fazia a defesa do seu território e eu acredito muito que ele foi assassinado por defender o seu território”, comentou a indigenista Ivaneide Bandeira, que esteve presente no julgamento.
Ari foi morto durante a noite de 17 de abril de 2020 em um distrito de Jaru (RO) e o corpo foi encontrado na manhã seguinte, com sinais de lesão contundente na região do pescoço, que ocasionou uma hemorragia aguda.
O caso chegou a ser tratado em âmbito federal, quando indícios apontaram a suspeita de que o assassinato tinha envolvimento com crimes ambientais. No entanto, o relatório final da Polícia Federal descartou a possibilidade e apontou que João teria cometido o crime “pelo simples fato de não gostar do Ari”.
g1 RO