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Jaru, 29 de novembro de 2024

Previsão de cheia acima da média é o tema debatido no encontro anual do Cenispam

A região dos estados do Acre, Mato Grosso e Rondônia, conhecida como porção sul da Amazônia ocidental, climatologicamente, apresenta forte sazonalidade na distribuição da precipitação, com um período chuvoso (novembro-abril) e outro menos chuvoso (maio-outubro), com um período de poucas chuvas (estiagem) entre junho e setembro.

 

O Cenispam, vinculado por força de sua missão na Amazônia, aos eventuais impactos decorrentes dos eventos climáticos sazonais, anualmente reuniu no Centro Regional de Porto Velho organismos e Defesa Civil para discutir os prognósticos da estação chuvosa.

 

A crescente demanda e a complexidade da gestão dos recursos naturais suscitam a articulação entre os diversos setores e atores envolvidos. O evento contou com a contribuição de atores importantes para a discussão de medidas de mitigação, tais como a Agência Nacional de Águas (ANA), o Cemaden, o Cenad, a Sedam, CPRM e Defesa Civil do Estado Acre (CEDEC)  As discussões irão subsidiar as instituições no planejamento das ações de enfretamento das situações inerentes ao período da cheia.

 

Dessa forma, será possível apoiar à Defesa Civil e demais setores de governo no sentido de mitigar os eventuais impactos da cheia, sem a duplicação de esforços.

 

Histórico

 

Realizado desde 2007, o evento era conhecido por divulgar os prognósticos climáticos para imprensa local, sempre com foco no trimestre mais chuvoso para a região: Janeiro, Fevereiro e Março. A partir de 2014, com a cheia centenária do rio Madeira, as instituições se voltaram ao esforço de aprimorar as ferramentas de monitoramento e previsão das cheias. Na ocasião, os impactos foram além das inundações das cidades ribeirinhas. O alagamento dos centros urbanos de Porto Velho, Guajará Mirim, Nova Mamoré e Costa Marques, provocaram a paralisação de estruturas governamentais e industriais com impacto profundo na economia dos Estados do Acre e Rondônia.

 

Além dos danos locais, ainda conviveu-se com o isolamento do Estado do Acre e das localidades do Oeste rondoniense devido à inundação da BR-364, no trecho entre Porto Velho e Abunã. Atualmente, o CENSIPAM, por meio do projeto SIPAMHidro, dispõe de modelos de previsão mais diversificados. A partir da base de dados disponibilizada pela ANA, colocam à disposição da sociedade informações relevantes para o acompanhamento da cheia por meio do link:http://siger.sipam.gov.br:8080/sipamhidro/publico/home.xhtml.

 

Prognóstico

 

Para 2018, os estudos do setor de meteorologia do Cenispam apontam que a TSM (Temperatura da Superfície do Mar) apresentará condição de ligeiro resfriamento das águas superficiais no Pacífico Equatorial (caracterizando o fenômeno La Niña). Enquanto no oceano Atlântico Tropical, o predomínio será de áreas com padrão próximo ao climatológico, ou seja, neutralidade. Sob tais condições oceânicas, a circulação atmosférica deverá responder progressivamente ao fenômeno La Niña, de intensidade fraca, que deverá se estabelecer ao longo deste trimestre, favorecendo a ocorrência de chuvas acima do normal em grande parte da Amazônia Legal. Esse prognóstico se aplica para todo o Sul da Amazônia, alcançando a área de drenagem da bacia do rio Madeira, a qual deverá ter ocorrência de chuvas mais volumosas ao longo da estação chuvosa, com risco de alagamentos.

 

Dessa forma os rios que drenam essa área também apresentarão cotas acima da média histórica. O rio Madeira tem previsão de apresentar máxima variando entre 16 e 17m na estação de Porto Velho. Em Guajará Mirim, o nível do rio Mamoré poderá chegar de 11 a 11,8 m na régua da estação local. Os estudos para o rio Machado também apontam para cotas acima da média histórica, porém com maior precariedade de precisão uma vez que a bacia de menor área responde de forma repentina aos eventos de chuva concentrada. Situação semelhante ocorre no rio Acre. Para esses rios o CENSIPAM disponibiliza o monitoramento diário das chuvas que correm nas bacias.


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