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Jaru, 22 de novembro de 2024

Brasil tem deflação em junho e analistas reforçam que cenário já é favorável para corte de juros

O Brasil teve uma deflação de 0,08% em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11). Com esse número, a inflação acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses é de 3,16%.

Além da forte desaceleração observada nos números oficiais — vale lembrar que, há um ano, o IPCA de 12 meses era bem maior, de 11,89% —, as expectativas do próprio mercado financeiro para a inflação brasileira em 2023 vêm caindo há meses.

Segundo o Boletim Focus, relatório do Banco Central do Brasil (BC) que reúne as projeções de economistas para os principais indicadores econômicos do país, o IPCA deve encerrar este ano em uma alta de 4,95%.

Essa foi a oitava queda consecutiva na mediana das projeções apontadas pelo Focus e, caso as expectativas se concretizem, a inflação encerrará 2023 muito próxima da meta do BC, de 3,25% — podendo oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Neste contexto de desaceleração da inflação e convergência à meta, ainda falta alguma coisa para que o BC comece a cortar os juros no Brasil? Segundo especialistas ouvidos pelo g1, o ambiente para a redução da Selic, taxa básica de juros, já é favorável. As principais razões para isso são:

  • 🕗 o Brasil iniciou seu processo de altas nos juros antes de todo o mundo e, por isso, consegue começar a trazer a inflação para próximo da meta enquanto outros países ainda enfrentam maior pressão nos preços;
  • ⛽ boa parte da desaceleração da inflação no último ano se deu por conta da desoneração dos preços de combustíveis, mas a volta da tributação em julho deve ser compensada pela redução do valor do petróleo no exterior;
  • 📋 não há nenhum fator, interno ou externo, no radar que poderia levar os preços a subirem muito até o fim do ano, o que deve manter a inflação perto da meta do BC;
  • 🛑 o arcabouço fiscal traz mais tranquilidade para o mercado e ajuda a ancorar as expectativas para a inflação, já que indicam um maior controle dos gastos da União;
  • 💵 o dólar vive um período de desvalorização no Brasil e no mundo, e isso também ajuda a manter os preços dentro do país controlados.

 

Os juros altos já fizeram seu papel

 

O objetivo de qualquer banco central ao elevar os juros em um país é conter o avanço da inflação. Os Estados Unidos e a Europa vivem esse momento agora e o Brasil começou o seu ciclo de altas na Selic, taxa básica de juros, há cerca de dois anos — com a taxa do país saindo de 2% para 13,75% ao ano, patamar em que se encontra agora.

De acordo com Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital, os registros de uma inflação menor em 2023, abaixo das expectativas iniciais do mercado, são o resultado da estratégia de prolongamento do ciclo de aperto monetário adotado pelo BC, tendo em vista que as medidas adotadas pela instituição demoram um tempo até serem sentidas, de fato, pela população.

“A política monetária como ferramenta para controle de preços atinge a economia real com uma defasagem de 6 a 12 meses. Por isso, os resultados recentes da inflação brasileira remetem às decisões anteriores sobre a taxa de juros”, explica a economista.

Os juros mais altos tornam os processos de tomada de crédito e financiamento mais caros tanto para a população quanto para as empresas. Isso leva a uma redução no consumo dos brasileiros e, com menos demanda, os preços começam a cair — o que explica a desaceleração da inflação.

No entanto, Ariane considera que o papel desse ciclo de aperto dos juros já foi cumprido. “Entendo que já consolidamos um ambiente favorável para início dos cortes de juros”, pontua.

Tiago Feitosa, analista e especialista em mercado financeiro da T2 Educação, compartilha da mesma visão e destaca que “não há mais razão nenhuma para a manutenção da taxa de juros no atual patamar”.

O diretor do Ibmec e PhD em Economia, Reginaldo Nogueira, comenta, também, que o BC brasileiro foi o primeiro a começar um ciclo de alta nos juros em relação a outros países e, agora, deve ser o primeiro a começar a cortar as taxas. O especialista acredita que, em sua próxima reunião em agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) pode reduzir a taxa Selic em 0,50%, a 13,25% ao ano.

Além dessa possível queda — que já é esperada pelo mercado financeiro, em maior ou menor grau —, Nogueira ressalta que o BC ainda tem outras três reuniões em 2023 e que novos cortes são esperados.

Expectativas para a inflação

A principal razão para que os especialistas considerem que deve haver o início do corte de juros no próximo mês é a própria expectativa para a inflação.

Por Bruna Miato, g1


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