Objetos apreendidos em Machadinho d’Oeste (RO) durante operação da PF — Foto: Polícia Federal
A Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) divulgou no início da noite desta terça-feira (7) a lista completa de bens e itens apreendidos na operação deflagrada em 12 estados e no Distrito Federal contra fraudes de R$ 50 milhões no Auxílio Emergencial. Veja abaixo detalhes por região.
Quatro pessoas acabaram presas. Duas delas foram alvos de mandados de prisão por estarem associadas a crimes cibernéticos e foram encontradas em Goiânia (GO) e Brasília (DF), enquanto um casal foi preso em flagrante em Sorocaba (SP), durante cumprimento de um dos 47 mandados de busca e apreensão, após a polícia encontrar e fechar a central onde documentos eram falsificados.
Segundo a investigação, os crimes eram realizados por meio de um esquema de identificação de CPFs que usava um programa desenvolvido por um hacker, além da criação de sites ou aplicativos falsos para enganar os beneficiários e pagamento de boletos para uso do dinheiro. Os investigadores estimam que 10 mil contas foram fraudadas, mas este número e prejuízo podem ser maiores.
Apreensões pela PF
Distrito Federal
- 2 cartões de crédito, 90 chips, 1 máquina de cartão de crédito, 1 SSD, 2 pen drive, 2 HDs;
Goiás
- 18 celulares, 3 HDs, 08 notebooks, 1 pen drive, 6 máquinas de cartão, 12 cartões de créditos, 30 sacos plásticos com diversos chips e documentos;
Maranhão
- 9 máquinas de cartão de crédito, 84 cartões de crédito, 3 cartões do INSS, 1 RG falso e 2 veículos;
Pernambuco
- 19 chips;
Rio de Janeiro
- Cartões de crédito;
São Paulo
- R$ 19,1 mil; 149 CNHs falsas, 14 RGs falsos, 2 impressoras e chips de celulares;
Rondônia
- 1 veículo e 3 máquinas de cartão.
Tocantins, Piauí, Paraná, Mato Grosso, Paraíba e Rio Grande do Sul
- Foram apreendidos dispositivos eletrônicos.
Como era o esquema?
O chefe da Polícia Federal em Campinas, Edson Geraldo de Souza, e o delegado Diego Campos de Almeida, explicaram pela manhã a forma de atuação da quadrilha. Entenda abaixo o esquema.
Um dos suspeitos presos nesta terça-feira, em Goiânia (GO), era um hacker – que já tinha passagem criminal desde os 16 anos – e foi responsável pela criação de um programa que faz buscas em vários sistemas bancários para identificar quem teria direito de receber o Auxílio Emergencial pela Caixa.
A partir disso, informou a PF, os criminosos criaram contas com documentos falsos para receber o dinheiro antes do beneficiário. Quando a vítima entrava no sistema da Caixa, recebia uma notificação de que o valor já havia sido sacado. Segundo a investigação, as pessoas que reportaram o problema à instituição bancária receberam o ressarcimento posteriormente.
De acordo com o delegado, este era o principal método do grupo, mas não o único. Os investigados também criavam aplicativos ou sites falsos e mandavam SMS para os beneficiários, com link de acesso, para que eles fizessem os cadastros do recebimento do Auxílio Emergencial e, quando recebessem o valor, já iria direto para as contas dos criminosos.
“Tendo descoberto o modos de atuação dos investigados, apuramos que a organização agia em vários estados diferentes. Com um dos investigados, encontramos 140 CNHs falsas. Em outro, mais de 80 cartões, várias máquinas de pagamentos também foram apreendidos”, explicou Almeida.
O suspeito preso em Goiânia era um dos principais articuladores da organização criminosa, segundo a PF. Ele era auxiliado nos crimes cibernéticos pelo suspeito localizado e preso em Brasília.
Cartões e outros objetos apreendidos pela PF em São José do Ribamar (MA) — Foto: Polícia Federal
Pagamento de boletos
Depois que recebia o dinheiro, o grupo utilizava o valor e fazia pagamentos de boletos falsos para movimentar o dinheiro e transferir o montante para outros envolvidos.
“Quando nós colocamos isso em um conjunto de dados, nós começamos a identificar quais são os boletos, quais são as contas e quais são os destinatários. Quem tinha direito ao benefício, viu que ele tinha sido sacado e não contestou, isso não entrou no banco de dados”, frisou Souza.
Os mandados foram expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas e houve autorização para bloqueios de bens e valores encontrados em nome dos alvos. Ao todo, 37 envolvidos na operação são investigados pelos crimes de furto mediante fraude, estelionato e organização criminosa.
Cidades com busca e apreensão
- Brasília (DF): 2
- Goiânia (GO): 13
- Santo Antônio do Descoberto (GO): 1
- São José do Rio Ribamar (MA): 2
- Alta Floresta (MT): 1
- Juína (MT): 1
- João Pessoa (PB): 1
- Paulista (PE): 1
- Recife (PE): 1
- Jaboatão dos Guararapes (PE): 1
- Paudalho (PE): 1
- Teresina (PI): 1
- Colorado (PR): 1
- Rio de Janeiro (RJ): 1
- Nova Iguaçu (RJ): 1
- Machadinho d’Oeste (RO): 2
- Ariquemes (RO): 3
- Porto Velho (RO): 3
- São Leopoldo (RS): 1
- Guarulhos (SP): 1
- Sorocaba (SP): 3
- Ibiuna (SP): 1
- Valinhos (SP): 1
- Araras (SP): 1
Marília (SP): 1 - Palmas (TO): 1
Investigação começou em 91 benefícios
O Auxílio Emergencial foi lançado em abril de 2020 para ajudar os trabalhadores prejudicados pela pandemia da Covid-19.
As fraudes começaram a ser apuradas em agosto de 2020 após a Caixa Econômica Federal encaminhar informações à PF de Brasília sobre 91 benefícios do programa de renda complementar fraudados. Eles somavam R$ 54,6 mil e tinham sido desviados para duas contas bancárias de pessoa física e de pessoa jurídica, residente e sediada em Indaiatuba (SP).
Ao longo da investigação instaurada na Delegacia de Polícia Federal de Campinas “milhares de outras fraudes “foram reveladas, disse a PF.
“O rastreamento inicial das transações indicou que parte dos envolvidos nestas fraudes estava situada nos estados de Goiás e Rondônia, sendo este último, estado lugar de residência de familiares da pessoa física residente em Indaiatuba, SP.”, completou a corporação.
Outra etapa da investigação descobriu que os beneficiários suspeitos receberam valores que pertenciam a 359 contas do Auxílio Emergencial. Os pagamentos eram feitos por pagamento de boletos e transferências bancárias.
Ao todo, 200 policiais federais estão na operação, chamada de “Apateones”, que significa fraudadores, em grego.
Operação da PF em Porto Velho (RO) contra fraudes no Auxílio Emergencial — Foto: Polícia Federal/Divulgação
G1