Pensando nisso, a ABMRA (Associação Brasileira de Marketing Rural e
Agronegócios) resolveu lançar o projeto “Marça Agro do Brasil’. A iniciativa pretende valorizar o produtor, por meio de uma série de campanhas publicitárias para que a população entenda – e se aproxime, inclusive fisicamente – do agronegócio.
Entre 2002 e 2022, o PIB agrícola do País saltou de US$ 122 bilhões para USS
500 bilhões – o equivalente a uma Argentina.
A safra recorde de mais de 300 milhões de toneladas esperada para o Brasil neste ano evidencia a proporção que o agronegócio tomou dentro da economia brasileira
Para entender como funcionará a iniciativa, o UOL Mídia e Marketing conversou com Ricardo Nicodemos, presidente da ABMRA.
Confira : O projeto nasceu do resultado da pesquisa que aponta que o agro pode ser mais querido pelos brasileiros. Como definir os próximos passos?
Tudo começou com a pesquisa do Movimento Todos a Uma Só Voz, do qual
ABMRA também faz parte.
Nosso propósito é conectar a cidade ao campo não o campo à cidade. Às vezes, a gente faz essa troca. A gente quer levar cidade para o campo.
Estou dizendo isso porque, na pesquisa, um dos indicadores e que todas as pessoas com tendência a boicotar o agro estão distantes do produtor rural, seja física ou socialmente.
66 Nossa ideia é estimular a empatia da sociedade urbana pelo produtor rural e por todo o trabalho que é realizado no campo.
Precisamos mostrar para a cidade quem é que está por trás do leite e do café que tomamos, por exemplo.”
Dividimos o resultado do estudo em 3 grandes blocos. Em primeiro lugar, as boas notícias: a cada 10 brasileiros, 7 têm uma atitude positiva em relação ao agro. O agro é um dos setores mais admirados pelo brasileiro – atualmente, ele só perde para a saúde.
O segundo bloco é formado pelos Sinais
de alerta. Aqui, temos um ponto muito
Ricardo Nicodemos, presidente da ABMRA
Imagem: Divulgação
importante: daqueles 30% que não têm uma atitude positiva em relação ao agro, mais da metade (51%) são jovens de 19 a 29 anos. Isso representa cerca de 47 milhões de brasileiros que têm uma propensão a boicotar o agro, a difundir informações negativas sobre o setor
O terceiro inclui as janelas de oportunidade estamos em um momento muito propício para fazer um grande projeto de posicionamento do setor Há uma
quantidade muito grande de brasileiros que estão abertos a receber
informação sobre o setor.
A ideia, então, é trabalhar ações e motivar que a sociedade vá para o campo.
Não estou falando só de uma campanha estamos estruturando um projeto integrado, com muitas iniciativas. Uma delas, por exemplo, é incentivar o turismo rural.
´´ Precisamos proporcionar a experiência das pêssoas no campo.
As pessoas precisam ver como os tomates são plantados, como o café é colhido.
O projeto “Marca Agro do Brasil” vai alcançar diferentes públicos. Para isso, criamos 10 conselhos diferentes, formados por 95 pessoas, para nos ajudar a construir essa estratégia. Quando vocês pretendem colocar essa campanha no ar?
A ideia é criar uma biblioteca de ações. Eu vou falar com crianças, vou criar uma linguagem para falar com professores. Para os jovens, por exemplo, a gente vai ter comunicação nas plataformas de video rapido. Para os adultos, a gente vai falar na TV. no rádio.
Teremos uma equipe que trabalhará nesses conteúdos, que fará uma adaptação dessas linguagens para cada um dos públicas, sempre com uma visão a médio e longo prazo.
[Um exemplo: o produtor, muitas vezes, planta algo para colher daqui a 3 anos.
Maçã e uvas são exemplos disso. É chegada a hora de nós estruturarmos um projeto assim também, e fazer o que países como Estados Unidos e Colômbia já fazem há algum tempo.
E quem que vai pagar essa conta?
Nós estamos construindo isso. A ideia é que o custo dessa campanha seja dividido em cotas, que serão pagas pelas indústrias de dentro e de fora do agro, além das associações.
A gente também vai fazer algo diferente, mas que é comum fora do Brasil vamos chamar o produtor para contribuir também. Ele precisa entender que marketing faz parte da rotina dele. Que marketing o ajuda a agregar valor no que ele entrega.
66 O objetivo final dessa longa jornada é tornar o agro uma grande paixão nacional. Fazer com que o brasileiro entenda que o Brasil é vocacionado para o agro e que ele tem que aproveitar isso, assim como aproveita o Carnaval e o futebol.”
Hoje, nós temos 30 mil vagas abertas no agro. Parte dessas posições não são preenchidas por questões de preconceitos, de pessoas técnicas, seja de tecnologia e comunicação, que têm uma imagem deturpada do setor.
Quando o público vai começar a perceber essa campanha ria mídia?
Nossa previsão é que o projeto comece a impactar a população no final do primeiro semestre. De agora, até o final de junho, a gente entra com planejamento, criação e captação de recursos.
O grande desafio é identificar como eu crio essa narrativa para que as ações toquem o coração das pessoas. A gente precisa que as pessoas da cidade olhem para o produtor rural e falem: “você é meu herói”. Isso acontece nos
Estados Unidos, por exemplo.
Tivemos uma grande polarização política do setor na última eleição. Como fica com o novo governo? Isso vai facilitar que o agronegócio seja visto com olhos diferentes?
Entendo que o setor, hoje, é a locomotiva da economia do país. Ele anda a grandes passos, independente do lider que esteja no comando da nacão.
Você pode ter pontos de vistas diferentes entre os líderes, mas a gente já observa que movimento dos ministros, por exemplo, é que você não deve mexer numa locomotiva que hoje puxa a economia.
Hoje, é a grande fornecedora de alimentos, é a grande fornecedora de materia-prima, é a grande conexão do país com o mundo. Continuaremos nessa curva ascendente de crescimento, essa locomotiva precisa sequir nesse trilho – e, ate, aumentar essa velocidade Isso trará dividendos e ajudará em todas as frentes que o país precisa.