Da série: “filho de peixinho, peixinho é”, Bruna Araújo, a única herdeira da atriz e cantora Emanulle Araújo, tem muito mais em comum com a mãe do que a beleza física. Estudante do 8º período de Psicologia da UFRJ, a jovem, de 22 anos, canta desde os 5 e já foi vocalista da banda Zarapatéu, a mesma que revelou o talento musical de Chicão, filho de Cássia Eller. Agora, ela se prepara para lançar o seu primeiro trabalho solo no projeto “O ar que tenho em mim”, cujo show está marcado para 20 de janeiro, no Solar Botafogo, Zona Sul do Rio.
Em entrevista ao EXTRA, a gata, que assina como Bu Araújo, conta que deixou o conforto da casa dos pais há dois anos para morar com as amigas, fala do novo projeto e também da relação com a mamãe linda e jovem, de 39: “Ah!, Sempre tem aquela história de: ‘nossa, parecem irmãs!’. Que bom que eu tenho uma mãe tão jovem e bonita!”, diverte-se.
Sua mãe teve alguma influência nessa decisão de se transformar em cantora?
Minha mãe, por ser cantora e, consequentemente, por receber em casa tanta gente que vivia nesse universo da música, deve ter me influenciado de certo modo. Mas as minhas paixões sempre foram muito genuínas e eu sempre tive uma personalidade muito forte em relação ao que eu queria. A música sempre fez meu coração bater mais forte, e por isso resolvi seguir a vida musical.
Como e quando começou a cantar?
Pelo que me lembro, canto desde muito pequena. Não profissionalmente, é claro, mas sempre fui envolvida com música. Sempre vivi em uma casa muito artística e foi natural em mim o desenvolvimento do canto… Desde os 5 anos sou muito fã de karaokê, rs. Lembro que uma das primeiras músicas que cantei foi “Fascinação”, interpretada pela Elis Regina. Minha trajetória com a música começou aos 5 anos, quando comecei a fazer aulas de percepção musical e piano. Desde então, nunca mais deixei de ter contato com esse universo. Como profissão, comecei aos 14 anos, com a banda Zarapatéu. Fiquei seis anos com o grupo e foi nele que comecei a me identificar com cantora, a aprender a lidar com o palco e com o público. Foi difícil, mas uma grande transformação, já que sempre fui muito tímida e interna.
Você deixou de morar com a sua mãe, há dois anos, e foi dividir um apê com as amigas. Por quê decidiu sair de casa tão jovem?
Saí de casa cedo mesmo (risos). Confesso que dizia que ia fazer isso desde os 10 anos. Sempre tive fome da minha independência, de reconhecer meu lugar e sentir minha autonomia. Foi duro dar as caras para esse mundão tão cedo, mas tem sido uma experiência maravilhosa. Comecei a trabalhar aos 18 anos para pagar as minhas aulas de canto e, quando percebi que poderia trabalhar para também sustentar meu lugar, não pensei duas vezes. Ainda recebo ajuda da família, já que não finalizei a faculdade e ainda não consigo tirar o sustento da música (que é o grande sonho), mas espero logo ter essa independência total.
Como é a Emanuelle mãe? Ela te dar muitas dicas? É ciumenta, durona ou controladora?
Minha mãe é como muitas outras. Deu duro para me educar, principalmente por ter me tido tão cedo, e claro que quer me ver bem e evoluindo cada vez mais no que eu amo. Ela me dá dicas sim, já que temos universos de trabalho próximos.
E como é ter uma mãe tão jovem e bonita?
Que bom que eu tenho uma mãe tão jovem e bonita!
Muita gente fala da semelhança entre vocês. Vocês se acham parecidas?
Certamente temos traços semelhantes, mas não me acho tão parecida. Tenho meu jeito de ser fisicamente e emocionalmente.
Já chegaram a confundir vocês como irmãs?
Ah, sempre tem aquela história de “Nossa, parecem irmãs!” Quem que tem mãe jovem nunca passou por isso, né?
Já sofreu algum tipo de pressão ou cobrança por ser comparada à sua mãe?
Acho que cada uma tem sua história, sua trajetória, suas paixões e metas…Acredito que nada pode ser comparado. Tudo no mundo é particular, tem sua unicidade e especialidade.
Continua morando sozinha? Já pensa em casar (vi que você tem um namorado, né?)?
Namoro, sim. O nome dele é Danilo e é ator. Não pensamos em casar ainda, estamos muito novos e com muita estrada pela frente.
Você chegou a trabalhar com outra coisa que não fosse cantar?
Além do canto, já trabalhei em uma loja de artigos de cinema e meu último emprego foi em um museu. Atualmente, estou fazendo estágio em outra área que também faz o coração bater, que é a psicologia (ela está no 8º período de Psicologia da UFRJ). Atendo meus pacientes sob a orientação da Psicanálise.
Pretende conciliar Psicologia com a música?
Sempre amei o mistério. E foi a partir desse amor que quis estudar aquilo que mais me intrigava: a mente humana. Cada ser individual tem sua maneira de lidar com o que está ao redor, me fascinei em estudar o ser humano. Claramente posso ver que as letras das minhas músicas dizem muito sobre Psicologia. Na maioria das vezes, escrevo sobre minha relação com o mundo, sobre aquilo que me move e o que me faz encantar ou desencantar. É aí que vejo o encontro entre a música e a psicologia, naquilo que escrevo e emano para o mundo. E sim, pretendo conciliar os dois, isso para mim é meu equilíbrio. A música existe para que eu possa cantar minha razão de estar aqui e a psicologia para escutar aqueles que precisam falar e encontrar seus desejos genuínos.
Além de cantar, você também compõe? Se considera uma mulher romântica?
Sim, grande parte das canções do show são minhas e de parcerias. Sempre gostei de escrever, desde muito nova. Mas quase nunca escrevo canções de amor (digo, o amor romântico entre duas pessoas). Não sei dizer exatamente o motivo, mas as canções, geralmente, falam sobre o meu modo de ver o mundo, minhas angústias e meus alívios. Apesar de não escrever muitas músicas de amor, sou bem romântica sim. Amo estar junto, sonhar com o outro e ter intimidade.
Como foi a experiência de participar da banda Zarapatéu com o Chicão (filho da cantora Cássia Eller)? Vocês continuam amigos?
O Chico fez parte do Zarapatéu comigo, sim, além de outros músicos brilhantes que foram grandes mestres para mim, apesar da pouca idade. Eu e ele estudamos juntos no CEAT, primeira escola que entrei quando vim morar no Rio de Janeiro. Depois que mudei de colégio, perdemos um pouco o contato, mas minha admiração por ele é grande como pessoa e músico. Inclusive, o convidei para fazer participação em um show que farei dia 20 de janeiro, no Solar de Botafogo.
Fale um pouco desse seu novo projeto solo…
O meu novo projeto se chama “O Ar que tenho em mim”. Não conseguirei dizer um gênero musical exato sobre ele, rs. É um estilo bem particular que eu venho construindo desde os 14 anos, quando comecei a fazer minhas primeiras composições. Posso dizer que as músicas carregam muitos elementos da minha trajetória musical até hoje. Certamente, existem traços dos ritmos regionais, das sonoridades de Milton e Clube da Esquina (meu grande ídolo e inspiração), da música africana (que sempre foi emocionante para mim) e umas pitadas de eletrônico para fazer a mistura mais gostosa.
Como é a Bruna no dia a dia? O que você gosta de fazer, como se define?
Sempre fui de fazer muitas coisas e são raros os momentos em que fico parada. Amo estudar o que estudo, amo estar com meus amigos, com meu namorado e também necessito dos meus tempos de solidão. São nesses momentos que pego o meu violão, escrevo, e produzo minhas canções. Atualmente estou ensaiando para um dos primeiros shows do projeto “O Ar que tenho em mim”, que acontecerá dia 20 de janeiro, no Solar Botafogo. Comigo nessa, estão meus grandes amigos e parceiros musicais Daniel Batalha, Gabriel Marinho, Braulio Girão e Pedro Moragas.