O estudante Elizeu Augusto de Freitas Júnior, de 19 anos, foi aprovado em primeiro lugar para medicina na Universidade Federal de Jataí (UFJ). O jovem conta que quer cursar neurologia para ajudar e dar um carinho maior a pessoas com espectro autista a se desenvolver. Ele se dedicava por 8h diárias para os estudos até a aprovação.
“Estou realizado. Não importa a dificuldade que a vida imponha, nós autistas podemos superar e ir além. Nossas mães e pais são importantíssimos para esse incentivo e para superar os limites. A gente também pode”, diz Elizeu.
O resultado da aprovação foi no dia 10 de março. O jovem conta que estudava cerca de 8h por dia, separava 2h para cada matéria, revisava e fazia questões. Ao todo, conseguia estudar três matérias por dia. Além das aulas ministradas no ensino médio, Elizeu fez cursinho online de mentoria de redação.
Elizeu recebeu o diagnóstico de autismo grau leve aos 12 anos e sempre estudou em escola pública. “Tenho dificuldade na interação social, fico ansioso e tímido, não é fácil, mas com esforço consigo superar. Foi muito bom receber a notícia da aprovação, me senti realizado, graças ao meu esforço e dedicação”, conta o jovem.
Ele conta que sempre teve mais afinidade com a área de biológicas, como química e biologia. “Fui me aprofundando mais e comecei a gostar de medicina, foi daí que pensei em fazer a prova do Enem para tentar passar. Alcancei 663 na prova e 840 na redação ”, conta o estudante.
O jovem conta que, para manter o foco, sempre pensava em conquistar um futuro melhor. “Se eu não me dedicasse, talvez não teria uma vida tão boa e através dos estudos eu teria futuro garantido. Fiquei assustado, levei uma semana para cair a ficha, não parecia verdade”, diz Elizeu.
Elizeu foi aprovado em 1º lugar em medicina na Universidade Federal de Jataí, Goiás — Foto: Pedro Passos/Arquivo pessoal
Autismo
Elizeu nasceu em Rondônia, na cidade de Candeias do Jamari, ele conta que no início do tratamento, quando recebeu o laudo de autismo, enfrentou dificuldades e não teve uma devida atenção.
“Minha mãe procurou outro médico e aí sim, recebi alta e tive uma atenção maior em relação ao meu autismo. Por conta desse episódio, quero cursar neurologia para ajudar e dar um carinho maior a pessoas com espectro autista a se desenvolver ”, desabafa o jovem.
Elizeu conta que teve muito apoio da família e dos amigos e que todos comemoraram a aprovação dele em medicina. “Eles ficaram muito felizes. Meu maior incentivador foi meu irmão, o Pedro, que estuda para concurso. Ele sempre me dizia que era importante estudar, mesmo quando eu estava sem ânimo”, conta o estudante.
Elizeu conta que não havia vagas na cidade em que mora, por isso, precisou prestar vestibular para outros estados, como Acre e Goiás. O jovem conta que sua vaga saiu através de cotas que engloba estudantes de escola pública e pessoas com deficiência.
“As aulas começam em agosto, eu e meus pais vamos nos mudar para Goiás em junho ou julho. Estou ansioso, tentando lidar com tanta novidade e pensando em como será”, conta Elizeu.