Moradores do residencial Orgulho do Madeira, empreendimento construído na Zona Leste de Porto Velho, através dos programas Minha Casa Minha Vida e Morada Nova, para atender principalmente os atingidos pela cheia do rio Madeira, reclamam dos constantes roubos e furtos e da invasão de usuários de drogas nas regiões pouco iluminadas do residencial.
Segundo eles, jovens delinquentes que residem em áreas circunvizinhas estão aproveitando da falta de segurança pública e estrutural do local para furtarem bicicletas, sandálias, aparelhos eletrônicos e até alimentos.
O filho da doméstica Lucilene da Costa e Silva, por exemplo, de 11 anos, teve a sandália arrancada dos pés por um ladrão que, segundo ela, não aparenta ter mais de 17 anos. A mulher contou que o delinquente, mesmo após o roubo, continuou a circular pela região, sem temer qualquer punição. “Ainda tentei convencer ele a devolver a sandália, mas foi em vão”, disse. Segundo ela, os moradores temem represálias dos bandidos, por isso não os enfrenta.
A moradora Sônia Regina diz que sente falta de um box da Polícia Militar na região. “Quando a gente aciona, demora, mas a PM vem, mas nunca prende ninguém”, lamentou.
Segundo ela, uma vizinha teve as compras roubadas da porta de casa durante o dia. “Ela chegou do supermercado com as compras e, enquanto buscava os restantes das coisas no carro, teve tudo furtado na porta do apartamento”, denunciou.
Moradores que preferem manter o anonimato disseram que, apesar de estarem residindo na região há menos de 30 dias, estão sendo coagidos por homens armados. “Eles chegam de moto e atacam quem estiver na rua. Roubam principalmente aparelhos celulares”, disse um morador. Uma mulher que trabalha com venda de planos de TV a cabo teria tido todo seu equipamento e computador roubados pelos assaltantes. “Ninguém foi preso”, declarou.
Crianças e jovens brincam na rua devido a falta de espaços para esporte e lazer, dizem moradores
Outro problema é o uso de drogas nas áreas de convivência dos blocos mais próximos a área de mato, onde há pouca iluminação e nenhuma segurança. “Eles (usuários de drogas) passam a madrugada fumando e cheirando droga. Urinam e defecam em tudo e a gente só pode lamentar, porque se reclamar eles rechaçam com violência”, reclamou a moradora Rita Barros. Ela afirmou que enquanto conversava com a reportagem do G1, a bicicleta do filho de quatro anos, foi furtada.
O professor de Educação Física da Unir, Francisco Constâncio, chamou a atenção para o que ele considera outro grave problema, a falta de uma área poliesportiva para uso dos moradores. “As crianças e jovens são obrigados a brincar na rua, ficando sujeitos a acidentes”, alertou.
Na região também não há circulação de ônibus, o que facilita a ação dos bandidos. “A gente tem que caminhar 40 minutos até o ponto de ônibus mais próximo, quem precisa sair ainda com o escuro ou quem chega à noite do trabalho ou da escola, sempre sofre a ação dos ladrões”, destacou Rita Barros. Segundo ela, o governo assegurou que haverá ônibus circulando na região a partir do dia 10 deste mês. “É esperar para ver”, concluiu.