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Jaru, 28 de março de 2024

Vítimas denunciam golpe aplicado por presos na Operação Assepsia em RO

Depois do desencadeamento da ‘Operação Assepsia’ em Ji-Paraná, na terça-feira (14), a delegacia têm recebido várias ligações e mensagens de pessoas dizendo que foram vítimas dos suspeitos presos durante a operação. As vítimas afirmam terem sido lesadas pelo chefe de fiscalização de tributos do Sindicato dos Servidores Municipais (Sidsem). Segundo a polícia, as vítimas são microempreendedores e ambulantes, que pagavam valores acreditando que estavam quitando os impostos.

De acordo com o delegado, Cristiano Matos, o relato das vítimas segue sempre um mesmo padrão. “Segundo o que já descobrimos, as vítimas eram pessoas de baixa renda, pouca escolaridade, pequenos ambulantes”, afirma Cristiano.

Segundo o delegado, o chefe notificava informalmente as pessoas para comparecer pessoalmente à gerencia de arrecadação para recolher o imposto que era devido para a área de atuação dela “Sozinho com a vítima na sala, ele fazia a pessoa acreditar que aquele dinheiro tinha que ser pago em mãos para ele. Depois, dizia que estava com sistema fora de ar e nunca entregava o recibo para ela”, explica.

Um homem, de 36 anos, que preferiu não se identificar, procurou a 2ª Delegacia de Polícia Civil para denunciar um golpe que sofreu em 2012. Segundo a vítima, que trabalha com venda de espetinhos, ele recebeu uma ligação do próprio chefe de fiscalização de tributos do município para ir negociar o valor dos impostos que ele precisaria pagar. “Ele me disse que eu conseguiria um desconto. O valor caía de R$600 para R$400. Paguei em mãos para ele”, conta a vítima.

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Na hora, o chefe teria dito à vítima que não tinha como lhe entregar o comprovante, pois o sistema estava fora de ar. A vítima disse que procurou por ele por várias vezes e chegou a ser ameaçado. “Ele marcou um dia para eu ir buscar, mas eu nunca o encontrava lá. Um dia, quando eu o encontrei, ele me disse que era melhor que eu deixasse isso quieto. Como não gosto de confusão, fiquei na minha”, explica.

De acordo com o relato da vítima, nos anos seguintes ele não recebeu nenhum boleto para pagar os impostos e por isso, achou que realmente estava quitado. Mas, em 2015, voltou a receber e a dívida junto com a prefeitura já ultrapassava os R$4 mil. “Foi juntando os juros desde 2012, que eu achei que já estaria pago. Agora não sei como que vou negociar isso com a prefeitura”, explica.

O delegado pede às vítimas comparecerem à 2ª Delegacia de Polícia e oficialize as denúncias. “Estão entrando em contato por telefone e até mesmo pelas redes sociais, dizendo que foram vítimas. Mas, nós precisamos que elas venham à delegacia para formalizar a denúncia através de um boletim de ocorrência”, explica Matos.

Operação Assepsia
Nove mandados de prisão e três conduções coercitivas foram cumpridos durante a Operação Assepsia. De acordo com a Polícia Civil foram cerca de oito meses investigando o presidente do Sindicado de Servidores Públicos Municipais (Sindsem) e o chefe de fiscalização de tributos municipais. Segundo a polícia, já há constatação de desvio de mais de R$500 mil do sindicato. A maior parte das pessoas presas eram de funcionários do próprio órgão.  A polícia ainda investiga outros crimes cometidos pelos suspeitos.

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