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Jaru, 29 de março de 2024

Propriedade de gado de corte de Rondônia é modelo em sustentabilidade

 

“Já andei por todo estado e não vi coisa igual. Eu sempre ouvi falar desse negócio de sustentabilidade, de preservar o meio ambiente e tal, mas eu achei que isso não existia, estava enganado. Agora eu tenho certeza de que só com tecnologia a gente pode conseguir produzir mais na mesma área, comenta, impressionado, o pequeno produtor rondoniense Jair Nepomuceno”.

Assim como ele, outras tantas pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer a Fazenda Don Aro, em Machadinho d’Oeste, Rondônia, saíram de lá com uma visão real de que sustentabilidade no negócio rural não é uma utopia.

A fazenda foi a primeira propriedade do estado a receber o atestado de adequação pelo Programa de Boas Práticas Agropecuárias – Bovinos de Corte (BPA), coordenado pela Embrapa.

É ainda a segunda do Norte a receber a classificação ouro, por atender a 100% dos itens obrigatórios e 80% dos altamente recomendáveis pelo Programa, e a décima no Brasil nesta categoria.

Este resultado é fruto de um trabalho diuturno, de anos. Nós acreditamos veementemente no trabalho que estamos realizando e temos orgulho de ter a Embrapa como parceira, uma empresa que está sempre ao lado da melhoria do agronegócio, destaca o proprietário da Don Aro, Giocondo Vale.

A propriedade também é pioneira no estado em relação ao Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), bem como ao Plano “Lixo Zero”.

Além da tríplice lavagem de agrotóxicos, a propriedade realiza a coleta seletiva com o devido destino de cada grupo (em sintonia com a Lei 12305/2010) e está investindo na recuperação das Áreas de Preservação Permanentes (APPs).

Somos prova de que é possível ter uma empresa agrícola e atuar de forma sustentável, sendo ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo, diz Giocondo.

Há 20 anos ele trabalha com a questão da sustentabilidade em sua propriedade e chegou a fazer uma pós-graduação em gestão ambiental para administrar melhor seu negócio.

Iniciou cedo a reposição florestal, com o plantio de tecas e castanheiras, realizado há cerca de 18 anos, possui ainda um grande ativo de madeiras.

A propriedade historicamente não sabe o que é fogo. Nada é jogado fora, tudo é reaproveitado, conta Giocondo.

A propriedade tem quase 1.600 hectares (ha), sendo 249 ha de áreas de preservação permanente, 163 ha de reserva legal e 58 ha de reposição florestal.

As práticas incorporadas por Giocondo há anos encontraram no Programa BPA orientações e apoio necessários para que ele pudesse ajustar e melhorar as atividades realizadas em sua propriedade, tornando o sistema de produção sustentável, mais competitivo e rentável.

Integração Lavoura-pecuária

A recuperação das pastagens com a integração da pecuária com a lavoura, tecnologia recomendada pela Embrapa, é outra prática adotada na Don Aro.

Com o sistema de integração lavoura-pecuária na propriedade é possível melhorar as condições físicas e químicas do solo, gerando maior produtividade em uma mesma área e, consequentemente, mais renda ao produtor.

O sistema constitui uma importante opção para produzir uma pastagem de qualidade, que pode ser adotada tanto por pequenos como por grandes produtores.

Com esta prática, Giocondo teve lucratividade com a lavoura de arroz e, agora, poderá colocar mais cabeças de gado por hectare quando voltar com a pastagem renovada.

De acordo com a coordenadora do Programa no estado e zootecnista da Embrapa Rondônia, Elisa Osmari, o ouro recebido pela propriedade mostra que a sustentabilidade é o caminho e que o Programa BPA é uma visão de futuro para os produtores que aderirem às suas práticas.

É importante ressaltar que Rondônia exporta carne para 31 países e logo mais não haverá espaço para quem não tiver um produto de qualidade e adequado ao que se exige mundialmente.

Produtores rurais de Machadinho d’Oeste e região do Vale do Jamari já estão seguindo o exemplo e adotando práticas sustentáveis em suas propriedades.

Sustentabilidade na empresa rural, uma utopia?

Ser sustentável hoje em dia é mais do que um discurso apenas, tornou-se uma questão de necessidade até para que existam recursos para as gerações futuras.

Para isso, é preciso mudar comportamentos e garantir a continuidade dos recursos.

“Conhecimento só para mim é inútil. Ele deve ser compartilhado, multiplicado aos quatro cantos. Acredito que não adianta meu negócio ir bem, o mundo deve ir no mesmo sentido. Nós vivenciamos a sustentabilidade no nosso dia-a-dia e aplicamos em todas as atividades da propriedade.”, argumenta Giocondo.

Boas Práticas Agropecuárias – Bovinos de corte

O BPA-bovinos de corte é um conjunto de normas e procedimentos a serem adotados pelos produtores para tornar os sistemas de produção mais rentáveis e competitivos, assegurando a oferta de alimentos seguros provenientes de sistemas de produção sustentáveis.

 

Trata-se de uma adequação do programa Global gap, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), à realidade brasileira.

No país, é liderado pela Embrapa, com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Existem três níveis de adequação dentro do programa, ouro, prata e bronze. A propriedade que consegue atender 100% dos itens obrigatórios e 80% dos recomendáveis atinge o nível ouro.

O principal objetivo do Programa BPA é melhorar a competitividade do setor produtivo da pecuária de corte e reduzir o custo de produção com a incorporação de tecnologias que tornem viáveis a utilização de boas práticas no sistema de produção.

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Fonte: Embrapa Rondônia

 


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