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Jaru, 28 de março de 2024

Líderes do PCC que comandaram matança em Alcaçuz são trazidos para capital rondoniense

Os 16 chefes de facções criminosas que foram apontados como responsáveis pelos massacres nos presídios do Rio Grande do Norte e Roraima, durante o mês de janeiro, desembarcaram no aeroporto de Porto Velho na noite desta terça-feira (31). A transferência dos presos para a penitenciária federal de Rondônia foi feita no avião da Polícia Federal (PF), a pedido do Ministério a Justiça.

A transferência teve início na manhã desta terça-feira e o desembarque dos presos em Porto Velho aconteceu já na parte da noite. Após serem retirados da aeronave, os apenados foram colocados em seis viaturas e duas vans da penitenciária federal e depois seguiram para o presídio, que fica a cerca de 40 quilômetros da área urbana.

Dos 16 presos transferidos para Rondônia, seis são da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, onde 26 apenados foram mortos durante uma rebelião no Rio Grande do Norte. Os presos que ficarão em Porto Velho são: José Cláudio Cândido do Prado, 37 anos; Tiago de Souza Soares, 30 anos; Paulo da Silva Santos, 42 anos; João Francisco dos Santos, o Dão, 30 anos; Paulo Márcio Rodrigues de Araújo, 31 anos; e Jean Mota dos Santos.

Presos foram levados para penitenciária federal em Porto Velho (Foto: Matheus Henrique/G1)Presos foram levados para penitenciária federal em Porto Velho (Foto: Matheus Henrique/G1)

Os outros 10 presos que vão ficar no presídio federal de Porto Velho são da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, quando, no dia 6 de janeiro deste ano, 33 apenados foram mortos em Boa Vista. Os nomes dos presos transferidos não foram divulgados pela assessoria do governo de Roraima.

Conforme o governo de Roraima, os dez presos transferidos para RO também teriam ligação com o confronto de facções registrado na Penitenciária Agrícola em outubro do ano passado, quando outros 10 presos foram assassinados e 100 familiares foram feitos reféns.

Presos são levados em vans da penitenciária federal de Porto Velho (Foto: Matheus Henrique/ G1)Presos são levados em vans da penitenciária federal de Porto Velho (Foto: Matheus Henrique/ G1)

Presídio Federal de Rondônia
A penitenciária federal está localizada a cerca de 40 quilômetros da área urbana de Porto Velho. A unidade, que possui cerca de 200 agentes penitenciários, tem mais de 12 mil metros quadrados de área e é a terceira maior do Brasil.

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, é um um dos presos que já ficaram na unidade prisional, em 2012. Em 2015, a justiça manteve o traficante preso em Rondônia. Ele foi condenado a 309 anos de prisão por diversos crimes.

De acordo com o Ministério da Justiça, mais de 100 homens de alta periculosidade cumprem pena na unidade, que tem capacidade para 208 vagas.

Momento da chegada dos presos transferidos para penitenciária federal de Rondônia (Foto: Matheus Henrique/G1)Momento da chegada dos presos transferidos para penitenciária federal  (Foto: Matheus Henrique/G1)

A unidade prisional contém aparelhos de raio-x, de coleta de impressão digital, detectores de metais e câmeras de monitoramento 24 horas por dia. Quem entra no estabelecimento, desde servidores a visitantes e advogados, será revistado. Os presos e seus defensores não terão contato físico.

IML entrou no presídio para buscar corpos (Foto: Inaê Brandão/G1 RR)Rebelião em Roraima (Foto: Inaê Brandão/G1 RR)

Massacre em Roraima
Na madrugada do dia 6 de janeiro, 33 presos foram brutalmente assassinados na unidade que fica na BR-174, zona Rural da capital. Alguns foram decapitados e outros ‘destroçados’.

Os assassinatos ocorreram por volta das 2h30 de sexta-feira. Não houve rebelião e não foi registrado fuga. Em coletiva de imprensa, o secretário de Justiça e Cidadania Uziel Castro afirmou que os presos mortos não eram ligados a nenhuma facção criminosa.

Além do total mortos, outros dois corpos foram encontrados enterrados na Ala da Cozinha da maior unidade prisional do estado na tarde deste sábado (7). O secretário adjunto da Secretaria de Justiça e Cidadania Major Francisco Castro, acredita que os cadáveres possam ter relação com o massacre de sexta-feira.

19/01 - Presos são vistos durante um confronto de facções na penitenciária de Alcaçuz, perto de Natal, no Rio Grande do Norte (Foto: Josemar Gonçalves/Reuters)Rebelião no Rio Grande do Norte
(Foto: Josemar Gonçalves/Reuters)

Mortes no Rio Grande do Norte
Segundo o secretário de Justiça e Cidadania (Sejuc), Wallber Virgolino, a rebelião em Alcaçuz começou na tarde do dia 14 de janeiro, logo após o horário de visita. O secretário disse que os presos do pavilhão 5, que abriga integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), usando armas brancas, quebraram parte de um muro e invadiram o pavilhão 4, onde há presos que integram o Sindicato do Crime, facção criminosa rival do PCC.

A rebelião foi controlada na manhã de domingo (15). Ainda de acordo com Virgolino, todos os 26 mortos são do Sindicato.

Na segunda-feira, os presos amanheceram em cima dos telhados dos pavilhões com paus, pedras e facas nas mãos, além de bandeiras com as siglas de facções criminosas. A Sejuc nega que a rebelião tenha sido retomada, mas diz que a situação é tensa dentro da unidade. Por volta das 11h50 a Polícia Militar entrou na área dos pavilhões e os detentos desceram dos telhados.

Além dos 26 mortos, o governo do estado confirmou que existe a suspeita de que haja mais corpos dentro da unidade e que o Corpo de Bombeiros fará a busca dentro da fossa. Um carro da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) chegou ao local por volta das 11h para esvaziar a fossa.


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