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Jaru, 20 de abril de 2024

Pesquisa busca identificar se mutações interferem na evolução clínica de pacientes com vírus delta em RO

Em Rondônia pesquisas para conhecer mais sobre a hepatite Delta causada pelo o vírus Delta (HDV) começaram há cerca de sete anos e tem justificativa. Esse vírus é prevalente na região Amazônica, principalmente nos estados de Rondônia, Acre e Amazonas.

Na primeira etapa os estudos ajudaram a desenvolver um kit de detecção e quantificação deste vírus, inclusive com artigo publicado em 2014 e a carga viral dos pacientes acompanhados no Laboratório de Hepatite Virais do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem).

Em uma segundo momento, o alvo da pesquisa passou a ser os genótipos do vírus delta com artigo publicado em 2015 mostrando a prevalência do genótipo 3 na região, sendo conhecido por causar uma infecção mais severa com rápida progressão da doença. Este artigo também mostra a presença em menor prevalência do genótipo 1. Atualmente o desafio é entender a filogenética do vírus Delta.

HDV é popularmente classificado como vírus satélite do HBV, pois baseia-se nos princípios biológicos de que o HDV é incapaz de infectar na ausência do HBV ou seja, só tem vírus Delta quem tiver hepatite B. Então se população é imunizada contra a hepatite B que tem vacina consequentemente a população não terá Delta.

A via de transmissão mais efetiva do HDV é a via parenteral, através de contato com sangue, em usuários de drogas endovenosas (UDEV), pelo compartilhamento de agulhas e transfusão de sangue. Em regiões de alta endemicidade, ou seja, onde a doença é comum, a transmissão vertical (De pais para filhos) e horizontal (Infecção por contágio), pode ocorrer principalmente na infância, assim como a transmissão intrafamiliar. Já a transmissão por via sexual é menos comum do que na monoinfecção pelo vírus da hepatite B.

‘‘Queremos saber de onde ele vem, qual o comportamento dele, quais as mutações que possui e qual a relação de todas essas características com a evolução clínica do paciente’’, afirma a pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Rondônia, responsável pelo Laboratório de Virologia Molecular e colaboradora do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem), Deusilene Souza Vieira Dall’Acqua.

Algumas mutações já foram detectadas e o trabalho agora se concentra em correlacionar essas mutações com a evolução clínica dos pacientes. Um trabalho desenvolvido pelo Laboratório de Virologia Molecular (Fiocruz/Cepem) em colaboração com o Ambulatório de Hepatites Virais, ambos do Cepem. A pesquisa envolve dois alunos de doutorado, um de mestrado e cinco alunos de iniciação científica.

‘‘Queremos saber de onde ele vem, qual o comportamento dele, quais as mutações que possui e qual a relação de todas essas características com a evolução clínica do paciente’’ – Deusilene Souza Vieira Dall’Acqua, pesquisadora

A dinâmica começa no Ambulatório de Hepatites Virais. São solicitados daqueles pacientes diagnosticados com vírus delta permissão para avaliação da carga viral e também análise filogenética feita no Laboratório de Virologia Molecular. A pesquisa recebe fomento da Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa (Fapero).

Dar essas repostas é de fundamental importância especialmente para os portadores crônicos deste vírus. A pesquisa deve ser finalizada em maio de 2018. ‘‘ Isso vai permitir entender como a resposta virológica do paciente ao tratamento pode está ou não relacionada a mutações existentes no vírus. Se for comprovada a influência dessas mutações vamos partir para uma nova etapa avaliar as linhagens de origem virais e dinâmica do vírus’’, explica.

Dependendo das mutações será possível apontar se o tratamento será o mesmo ou se precisará ser diferenciado. Com todos esses esforços e essas projeções, Rondônia é considerado referência em estudo do vírus Delta na região Norte com repercussão nacional e internacional com vários artigos publicados em revistas científicas internacionais.

Entre eles o artigo com o tema ‘‘Desenvolvimento de um sistema quantitativo de PCR em tempo real com transcrição inversa para detecção rápida e quantificação do vírus da hepatite delta na região amazônica ocidental do Brasil “.

Este artigo foi publicado no Journal of Virological Methods e fez parte da dissertação de mestrado do aluno Luan Felipo Botelho com co-orientação do doutor Juan Miguel Villalobos Salcedo. Outro artigo traz como tema a caracterização do perfil genotípico do vírus da hepatite Delta: isolamento do genotipo 1 de HDV na Amazônia Ocidental do Brasil. Foi publicado na Intervirology.

Este é considerado o estudo mais extenso referente a infecção causada pelo genótipo de HDV-1 em população não indígenas da Amazônia Ocidental e teve como autores Luan Felipo Botelho-Souza; Deusilene Souza Vieira; Alcione de Oliveira dos Santos; André Vinycius Cunha Pereira e o Drº. Juan Miguel Villalobos-Salcedo.

Fonte: Secom

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