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Jaru, 29 de março de 2024

Paolla Oliveira: “Só tem coisas boas acontecendo na minha vida”

Paolla Oliveira fala pausadamente. Tranquilíssima, a atriz, de 35 anos, nem parece ter um dia a dia extremamente agitado. De segunda a sábado, ela acorda cedo, sai da casa onde mora na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e vai para os Estúdios Globo, no mesmo bairro, encarnar a forte Jeiza de A Força do Querer sem ter hora para voltar. “Digo que já acordo atrasada (risos). Mas daqui a pouco acalma, vem um momento de me restabelecer dessa personagem, de me recompor, de me preparar para um outro papel, se for o caso”, explica ela, garantindo que não costuma acordar de mau humor. “Acho perda de tempo acordar mal-humorada. Olha o tempo que perderia até me recompor e meu humor voltar às boas comigo!”, diverte-se.

Há quase dois anos com o diretor Rogério Gomes, de 56 anos – por quem é dirigida na novela das 9 –, ela é discreta para falar sobre a relação. Paolla defende que é preciso viver bem o presente e procura não pensar muito sobre o futuro. E o presente para ela tem sido incrível. “Estou vivendo um momento de graça. Só tem coisas boas acontecendo na minha vida. Tenho que agradecer tanto!”, comemora, declarando como tem se sentido. “Sou uma mulher que descobriu os seus limites, quebrou alguns deles e aprendeu a respeitar outros. Estou me sentindo bem, bonita, feliz.”

Dona de dez gatos e três cachorros, a atriz diz que vive cercada de amor. Apesar da rotina atribulada, procura estar sempre com a família, os afilhados – que, segundo ela, são como filhos – e os amigos. “Não consigo visitar meus parentes em São Paulo, então faço eles virem para o Rio. Faço um amigo ou outro vir para perto da minha casa para me encontrar. Não posso desistir e me render ao cansaço. Se me render, não faço nada”, conta. Lindíssima, ela atribui ao psicológico sua excelente forma física. “Mantenho a minha cabeça no lugar. Procuro fazer coisas que me relaxem, que me distraiam. Vão dizer: ‘mas o que isso tem a ver com o físico?’ Acho que se a gente está desmotivada, a gente não consegue fazer nada”, entrega. Confira, a seguir, a entrevista completa com a atriz:

ESPECIAL
“O retorno do público tem sido maravilhoso. Tenho sorte de receber um carinho muito grande com a maioria dos personagens que faço. A Jeiza é muito especial. Poder representar uma mulher cheia de poder, mas que mostra isso pelas atitudes, pelo papel profissional que desempenha, me dá um prazer a mais. O público se identifica com todas as vertentes dela. Eles gostam de tudo, debatem tudo, ficam na dúvida com as questões pessoais e amorosas dela. E são unânimes em dizer que se identificam e que gostariam de ser a Jeiza. É muito bom.”

MULHER REAL
“A Jeiza é real e, mais do que tudo, é uma mulher que a gente também deseja ser, que a gente se identifica ou que busca, que se aproxima de nós. A lição que ela me deixa é que sempre podemos mais. Você acha que não vai conseguir e aprende a fazer uma coisa nova, descobre uma vertente nova do que pode fazer, do que gosta. Lá no início da novela, achei que a Jeiza seria complicada porque ela luta, é policial, tem a vida dela em Niterói… Pensei que seria difícil fazer essa mulher ficar incrível sem cair no estereótipo. E ela me mostrou que era possível fazer tudo. Aprendi a lutar, aprendi três técnicas diferentes de MMA, aprendi tudo que diz respeito à polícia e ainda aprendo todo dia um pouco mais.”

Paolla Oliveira (Foto: André Nicolau)

Paolla aspa1 (Foto:  )

VIVENDO O PRESENTE
“Acredito que, quando estou fazendo alguma coisa, tenho que estar 100% naquilo. Afinal, é a única coisa que tenho. O que já passou não tenho mais e o futuro ainda não chegou. Essa coisa que falamos do presente, de estarmos presentes, de aproveitarmos o agora, eu aplico nos meus trabalhos e na minha vida – que é para eu poder estar entregue ao que estiver fazendo, seja lá o que for.”

DEDICADA
“Eu sempre me dedico e me entrego, tudo com responsabilidade, mas também com diversão. Sempre fui assim, tive uma educação meio militar. Eu era boa na escola, nunca dei trabalho. Por mais que não quisesse fazer algo, dava um jeito de não me estressar. Era melhor passar logo, me fazia bem. Tenho a memória de ter sido sempre dedicada.”

Paolla Oliveira (Foto: André Nicolau)
Paolla aspa6 (Foto:  )

BRASILEIRA COM CONSCIÊNCIA
“O que estamos vivendo hoje no país deixa qualquer brasileiro desgostoso. Desde as questões da nossa Amazônia até a sujeira que vem aparecendo na política. Espero que este seja um momento de transição para uma coisa melhor. Não tem um brasileiro que não fique triste com o que estamos vivendo. E não é que seja espaçado! Todo dia tem coisa nova, uma mais suja do que a outra. E as coisas que a gente achava que eram grandes passam a ser pequenas. Por mais que seja um momento de transição, ainda ficamos tristes.”

AGITO
“Já estou acostumada com essa vida agitada, com essa correria que a minha vida acabou se tornando. Mas acho também que é um pouco cíclico e conto, inclusive, com isso. Digo que já acordo atrasada. Mas daqui a pouco acalma, vem um momento de me restabelecer dessa personagem, de me recompor, de me preparar para um outro papel, se for o caso. Por mais que faça algum trabalho fora, nunca é esse batidão que é uma novela das 9. Estou contando com a hora que a bola vai abaixar e vou conseguir até dar as entrevistas com mais calma (risos).”

SONO
“Não faço ideia de quantas horas durmo por noite. Tento dormir o que me recompõe. Aquelas oito horas que a gente sabe que fazem bem. Mas se disser que todo dia durmo esse tanto vou estar mentindo. Acordo cedo e não tenho mais hora para parar. Meu dia a dia não é muito regrado. Tem dia que durmo mais tarde e acordo um pouco mais tarde. Mas me acostumo com tudo. Me acostumei com essa coisa mais agitada.”

Paolla Oliveira (Foto: André Nicolau)
Paolla aspa4 (Foto:  )

BEM-HUMORADA
“Acordo super bem. Adoro o dia, adoro acordar, colocar música, acender um incenso. Normalmente começo o dia malhando ou fazendo ioga. Faço ioga como força para o dia. Me dá uma energia, acorda meu corpo. Qualquer tipo de esporte me deixa alerta para o dia. Sou muito das manhãs. Acho perda de tempo acordar mal-humorada. Olha o tempo que perderia até me recompor e meu humor voltar às boas comigo! (risos)”

RELAX
“Qualquer coisa me relaxa: ‘um papo com um amigo, um jantar, curtir a minha família quando ela está no Rio’. Adoro ir ao cinema. Às vezes uma cena é cancelada, saio correndo e corro para o cinema. Também tenho gostado muito de ver séries. Consigo assistir ao trabalho de um ator sem só precisar ficar analisando a atuação. Isso me acalma a mente. Tem sido um exercício encontrar tempo ou formas de fazer o que gosto, o que me diverte e me inspira dentro desse dia a dia que vivo. Não consigo visitar meus parentes em São Paulo, então faço eles virem para o Rio. Faço um amigo ou outro vir para perto da minha casa para me encontrar. Não posso desistir e me render ao cansaço. Se me render não faço nada.”

FAMÍLIA
“Tenho três irmãos, dois por parte de pai e mãe, e um só por parte de pai. Tenho uma sobrinha, uma afilhada e dois afilhados meninos, então são três afilhados e uma sobrinha. Minha relação com minha família é maravilhosa. Eles são meu alicerce. Tenho afilhados que lido como filhos. Acompanho o crescimento, a mudança de escola, a semana de provas. E cada um tem uma idade: uma é mais bebezinha, outro tem 7 anos, outro tem 12. Gosto de cultivar, manter, cuidar.”

Paolla Oliveira (Foto: André Nicolau)
Paolla aspa3 (Foto:  )
 
 
 
 
 
 
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CALMA
“As pessoas falam: ‘ah, você parece muito doce!’ Claro que sou, é o que quero ser, é o que busco, é o meu exercício do dia a dia e da vida. Tento ser calma e mais tranquila, não deixar a maluquice do dia a dia me dominar. Adoro quando falam que pareço calma, doce e suave. Mas acho que nada disso me faz perder minha potência. Nos dias de hoje, é uma potência você conseguir ser calma, precisa e enérgica quando precisa. Temos que escolher as nossas brigas. A gente não pode parecer estar pronta para brigar com o mundo, com as pessoas, ser mal-educada. E depois falar: ‘ah, nem percebi que fui!’ A gente não pode não perceber que foi mal-educada, que deixou de ser gentil. É um exercício que temos que fazer para o outro também. Quando você faz para o outro uma delicadeza, uma gentileza ou até mostra uma determinada calma, o outro também se sente à vontade para ser assim.”

AÇÃO E REAÇÃO
“Falta de educação me irrita muito. Agressividade à toa também. As pessoas andam muito agressivas. Imagina! Tem gente se matando no trânsito. Como é que a gente pode não cultivar a nossa paciência, a nossa calma para que o erro do outro não nos tire do eixo? Como é que a gente pode não ver isso nos dias de hoje?”

APRENDIZADO
“A rede social é uma coisa engraçada. Para mim, pelo menos. Teve gente que abraçou rápido, tem gente que não gosta até agora e eu fui aprendendo. Fui tentando descobrir, tentando entender qual era a importância e como é que ela poderia me fazer bem. Como é que eu poderia usá-la, mas com ela me fazendo bem. Sem me ferir, sem me expor… É essa a relação que tenho com as redes sociais. Tenho as redes sociais, posto coisas, me divirto, consigo ter uma interação com fãs e com pessoas que têm curiosidade sobre mim por ‘n’ motivos, mas sem me agredir, sem ferir o que peço tanto para as pessoas, que é me preservar de alguma maneira e não afrontar minha individualidade.”

Paolla Oliveira (Foto: André Nicolau)
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PAIXÃO
“Tem tanta coisa para fazer e tantas maneiras de ajudar. As pessoas falam: ‘mas tem criança, tem gente, tem hospital’. Se eu pudesse, me desdobraria em muitas para atender e para ajudar todos. Mas essa causa dos animais já ajudo faz um tempo. Acho que foi uma das primeiras das que comecei, então a mantenho. Ajudo vários lugares, mas arrumei um lugar no Rio de Janeiro que tenho um pouco mais de entrada, que me representa de alguma maneira, que é a ONG Paraíso dos Focinhos. Então tudo o que posso fazer para contribuir para as campanhas que eles fazem, eu faço. Quando pego algum bichinho na rua, eles me dão um respaldo. Tenho uma parceria legal com esse lugar, mas ajudo vários.”

BICHOS
“Tenho dez gatos e três cachorros. Peguei todos os gatos na rua. Dois cachorros ganhei e outro também peguei na rua. Pegava muitos na rua, mas comecei a fazer diferente, comecei a catequizar as pessoas… Acho que tudo na vida é um pouco o que você faz, o que você reverbera. Estou incentivando muito as pessoas a adotarem. Então, às vezes, pego um bichinho na rua, cuido, castro e tento adoção para não levar para casa. Não dá mais para levar para a minha casa (risos). Hoje em dia tenho feito mais as pessoas adotarem do que eu mesma adotado.”

FISIOTERAPEUTA
“Não imaginava o que ia acontecer com a minha vida quando me formei em fisioterapia. O que aprendi no curso não sai da minha cabeça. A única coisa que sobrou foi meu conhecimento de anatomia e de saúde em geral. A fisioterapia tinha uma coisa interessante, que era a psicologia que se tem com os pacientes debilitados, que estão se restabelecendo. Adquiri essa psicologia e essa sensibilidade com meus pacientes e é o que mais trago para o meu dia a dia.”

LINDA
“Mantenho a minha cabeça no lugar. Procuro fazer coisas que me relaxem, que me distraiam. Vão dizer: ‘mas o que isso tem a ver com o físico?’ Acho que se a gente está desmotivada, não conseguimos fazer nada. Tem que ter uma motivação. Estar bonita para o namorado é uma motivação. Estar bonita para mim mesma, acima de tudo, é uma motivação. Falar só de corpo é um pensamento antigo. O que faço para me manter assim é ter ânimo para ir malhar, para fazer uma dieta, para não me render à primeira tentação que aparece. Como faço isso no meu dia a dia é não ficando parada. Agora, por acaso, estou fazendo luta, ioga e musculação. Mas quando não dá para fazer uma coisa, faço outra. Não fico parada. E me sinto bem fazendo exercício. Faço exercícios porque me dá uma sensação de bem estar, de prazer. E uma coisa puxa a outra: o corpo fica legal, a mente fica legal. Isso estimula mais. Acho que essa coisa contínua é que tem feito já há algum tempo eu ficar legal de corpo e de mente.”

EQUILIBRADA
“Minha alimentação é normal. Não dá para você ser só uma dieta ou só vida livre. Acho que existe um equilíbrio. E o equilíbrio é você harmonizar o que gosta de fazer com o que você gosta de comer. Se tem um dia que saio, que vou a um restaurante, não me privo da sobremesa, tomo um drinque. E durante a semana, volto a comer melhor. A vida tem que ser um equilíbrio. Sei o que não é legal. Não posso me entupir de fritura, refrigerante e doce e falar: ‘poxa, mas não tenho o corpo legal, não estou com a saúde legal’. A gente sabe. Me privo dessas coisas, das delícias, mas tento manter a minha vida em equilíbrio.”

GRATIDÃO
“Estou vivendo um momento de graça. Só tem coisas boas acontecendo na minha vida. Tenho que agradecer tanto! Estou num bom momento profissional, sendo reconhecida, fazendo uma mulher que as pessoas desejam ser: uma mulher forte, que tem a ver com o que a gente fala hoje em dia. A Jeiza me representa, representa a modernidade, representa esse poder todo que a gente tanto fala. Estou com 35 anos. Sei que muita gente diz: ‘você ainda é jovem’. Sei que sou super jovem, mas já fui mais jovem (risos). Sou uma mulher que descobriu os seus limites, quebrou alguns deles e aprendeu a respeitar outros. Estou me sentindo bem, bonita, feliz.”

REFERÊNCIA
“Sabe no que acredito? Tem muitas coisas que tem mais potência quando são feitas. E o dia a dia que traz isso. Não penso e não crio essa responsabilidade de ter que passar ou representar algo para as mulheres. Tem coisas que bastam você ser. Tento ser correta, fiel aos meus desejos, aos meus propósitos, ao que acredito. Isso é o que dá a minha personalidade e me leva para determinados lugares. Se esse é o lugar de representar algumas mulheres e de ser uma pessoa que as pessoas se espelham, fico feliz e lisonjeada.”

MULHERES
“Me inspiro em diferentes caminhos. Minha mãe (Danielle Oliveira) é uma inspiração para mim. Criou três filhos, e hoje, aos 54 anos, está estudando medicina, fazendo faculdade depois de uma certa idade, depois de ter caminhado na vida por tantos outros caminhos. Minhas avós também me inspiram. Sempre foram batalhadoras. Tenho mulheres tão interessantes que passaram pela minha vida: a Irene Ravache, a Cláudia Raia, agora a Zezé Polessa e a Gisele Fróes. Me inspiro em pessoas, sejam homens ou mulheres que tenham atitudes ou personalidades fortes. E que me identifique em algum segmento.”

Paolla Oliveira (Foto: André Nicolau)
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PAI
“Meu pai (José Everardo Oliveira, de 67 anos) veio do interior do nordeste, de uma família de 7 irmãos. Foi para São Paulo e criou os 3 filhos dentro de um trabalho complicado e insano como policial militar. E ele se estabeleceu. É um cara que tem uma tranquilidade para passar a velhice dele, que conquistou tudo com suor do dia a dia. Ele é admirável e quantas outras pessoas não são assim? Tem gente que vence doença e ainda tem o bom humor de levar a vida. Para mim, pessoas que têm bom humor são admiráveis.”

SONHO
“Não tenho um sonho. Nunca tive isso. É engraçado porque a gente vai dando entrevista e vai aprendendo a se conhecer. E acaba fazendo esse exercício na vida. Meu maior sonho é não perder minha energia de vida. Não admito ser derrubada por coisas que posso mudar. Meu sonho é não perder a minha potência de vida, é que as coisas em volta ainda sejam menores do que posso fazer em meu benefício e em benefício das pessoas que amo. É ajudar alguém a fazer uma viagem, por exemplo. Fico super feliz em presentear. O maior presente é não ter hora para fazer o bem. Adoro quando as possibilidades aparecem na minha frente. E isso é só o presente que me dá. O sonho parece que está longe. E não trabalho com futuro.”

Paolla Oliveira (Foto: André Nicolau)

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