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Jaru, 23 de abril de 2024

Pais Se Recusam A Enviar Filhos À Escola Após Grupo Aterrorizar Assentamento

Cerca de 90 crianças do Assentamento Terra Prometida estão sem poder estudar há uma semana por causa de um grupo de homens armados que está aterrorizando as propriedades, em Ariquemes (RO), na região do Vale do Jamari. De acordo com o Conselho Tutelar do município, os pais dos estudantes estão preocupados com a segurança dos filhos, pois o grupo não só ameaça impedir a passagem dos ônibus nas linhas rurais, como já determinou toque de recolher. Segundo a Polícia Militar (PM), a região possui vários conflitors agrários.

Segundo o presidente do Conselho Tutelar de Ariquemes, Alexandre Bonfim, ele recebeu a denúncia sobre o grupo armado no último dia 2 de fevereiro, assinada pelo diretor da Escola Municipal Padre Ângelo Spadari. Na ocasião, a instituição informava que foi realizada uma reunião entre pais e direção escolar e os pais dos alunos estavam com medo de enviar seus filhos à escola porque temiam pelas crianças, visto que um grupo de homens armados estaria aterrorizando os moradores, saqueando casas, roubando pertences e matando animais.

Esse grupo inclusive teria ameaçado os motoristas dos ônibus escolares para não circularem na estrada próxima ao assentamento. Bonfim destaca que no dia seguinte após receber o documento, o Conselho Tutelar foi até a escola e, em contato com a direção da unidade, constatou o fato. No dia da visita dos conselheiros, nenhum aluno que reside no assentamento ou na região próxima compareceu às aulas, que iniciaram na última segunda-feira (1º).

“O conselho atua quando os direitos das crianças estão ameaçados ou violados e nesse caso está ocorrendo as duas coisas, quando a criança é impedida de ir à escola por conta de ameaças de terceiros”, informou.

Escola emitiu documento relatando ameaças no assentamento (Foto: Franciele do Vale/ G1)
Escola emitiu documento relatando ameaças no assentamento (Foto: Franciele do Vale/ G1)

Visita
O conselheiro acrescenta ainda que foi no assentamento onde moram cerca de 180 pessoas, nas quais 85 são crianças em idade escolar. Ele coletou 11 depoimentos de moradores do local. “Quando chegamos, as casas estavam fechadas e as pessoas relataram que o grupo deu ordem de recolher. Coletamos depoimentos em algumas residências porque outras não abriram temendo represálias. Um dos depoimentos que mais marcou foi de uma garotinha de seis anos que viu a casa sendo revirada, o pai sendo espancado e os criminosos ainda mataram o cachorro de estimação dela com um facão. A situação está muito crítica”, apontou.

Em outro depoimento, um morador contou que os filhos nem saem para brincar no quintal com medo, uma vez que os homens andam armados. O relato diz ainda que o grupo faz blitz na região e roubam os pertencem de pessoas que passam no local.  “A população daquela localidade está exposta ao crime de tortura psicológica”, disse.

O Conselheiro conta que foi feito um documento com relatos dos moradores e da direção da Escola Ângelo Spadari e o documento foi encaminhado ao Ministério Público do Estado de Rondônia (MP-RO) e órgãos de segurança para tomarem conhecimento do caso, bem como assegurar a segurança  das pessoas e o acesso das crianças à escola.

Ao G1, o diretor da escola Ângelo Spadari, José Roberto da Silva, informou que nenhuma criança do assentamento ou da região próxima ao local foi à escola nesta semana. Ele confirmou a reunião com os pais e disse que os motoristas haviam sido ameaçados caso os ônibus escolares trafegassem naquela localidade. “É uma situação difícil, por isso entramos em contato com o Conselho para que sejam tomadas providências sobre o caso, pois as crianças não podem ficar sem estudar”, complementa o diretor.

Em contato com a Polícia Militar (PM), o subcomandante Capitão Farias, contou que há 35 fazendas em seis municípios do Vale do Jamari, todas em áreas de conflitos agrários. Segundo ele, a PM realiza patrulhamento nesses locais, mas que deve intensificar a ação. Sobre a situação de impedimento do ônibus de levar as crianças para escola, o subcomandante disse que desconhecia o caso, mas que uma guarnição será enviada para constatar o fato.

A PM pede ainda que a população denuncie o crime para que a polícia possa tomar conhecimento da situação, e que seja feita a investigação para identificar os autores dos supostos delitos praticados naquela região.

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